O Acampa Sampa já discute como trazer o movimento para o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. O movimento global dos acampados atrai cada vez mais adeptos mundo afora.
No Brasil, chegou por São Paulo, centro financeiro da América Latina. Instalou-se dia 15 de outubro no Vale do Anhangabaú, sob o Viaduto do Chá, onde há 27 anos teve início o movimento das Diretas Já, que marcou o processo de redemocratização do país.
Agora, a juventude acampada questiona que democracia é esta. O protesto prolongado declara-se apartidário e pela não-violência, “anticapitalista sem necessariamente ser socialista”, e quer alertar para a baixa representatividade das instituições democráticas, as mazelas sociais e ambientais.
Como ocorreu quando a população foi às praças pedir eleições diretas em 1984, não adianta querer se informar sobre o movimento lendo os grandes jornais. Os acampados espalham seus princípios pelas redes sociais da Internet, mas não são virtuais, e têm endereço.
As 1.500 pessoas do Acampa Sampa ainda não chamaram a atenção da grande imprensa. Só da polícia paulista. No máximo, a televisão noticia “protestos contra a redução dos subsídios à saúde e educação” na Inglaterra, e devido à crise financeira na Grécia.
Nem Caco Barcellos, o mais inquieto e atento repórter da TV Globo, conseguiu furar o bloqueio. O seu programa “Profissão Repórter” conseguiu mandar uma equipe para Londres, e depois Grécia, e ele próprio reportou de Nova York o Occupy Wall Street.
Mas nenhuma informação sobre o Acampa Sampa, que continua com uma base sob o Chá, passou três semanas em plena avenida Paulista e desde 5 de dezembro está em frente à Assembléia Legislativa.
O início foi em 15 de maio, na Espanha, e alcançou os Estados Unidos com a ocupação de Wall Street. No dia 15 de outubro várias redes sociais incentivaram marchas e acampadas em pelo menos 900 cidades de 82 países.
São Paulo foi uma delas. Segundo os organizadores, o que os une “é o sentimento de que o povo não tem poder na política”. Militantes de partidos políticos que apareceram no Acampa Sampa com faixas e bandeiras foram vaiados até se retirarem.
Confira fotos no site do movimento
Por Patrícia Marini
Bando de desocupado.