PSOL investiga morte de assessor de Yeda

As lideranças do PSOL no Rio Grande do Sul convocaram uma entrevista coletiva na quinta-feira para “partilhar informações” sobre a morte de Marcelo Cavalcante, supostamente por suicidio.
Segundo a deputada federal Luciana Genro, a morte misteriosa do ex-representante do Governo Yeda em Brasília obrigou o PSOL a compartilhar com o público as informações que vinha levantando sobre casos de corrupção do governo gaúcho, dos quais o assessor tinha conhecimento. “São informações graves e importantes. Marcelo estava prestes a ser ouvido sobre o caso do Detran e negociando sua delação premiada, pois quando abrisse seu arquivo ao Ministério Público Federal também se tornaria réu”, explicou a parlamentar.
Na coletiva, foram apresentados nove dados baseados em provas testemunhais e gravações em vídeo. Luciana, o presidente estadual do PSOL, Roberto Robaina, e o vereador Pedro Ruas contaram aos jornalistas que ouviram dezenas de fontes sobre os esquemas relatados, inclusive Marcelo e o lobista Lair Ferst, mas os três preferiram não revelar quem deu cada informação para preservar as fontes.
Segundo apuraram os membros do PSOL, os seguintes fatos teriam ocorrido no escritório de Ferst:
Para a campanha pelo governo do Estado, em 2006, foram entregues R$ 500 mil pela Mac Engenharia. Na reunião, estariam presentes Marcelo, Ferst, Chico Alencar, Aod Cunha, Delson Martini e Carlos Crusius.
Fumegeiras de Santa Cruz e Venâncio Aires teriam entregue duas parcelas de R$ 200 mil à campanha, na presença de Ferst e Aod, que enfatizaram o fato de que não dariam recibo por ordem da então candidata Yeda Crusius.
O deputado José Otávio Germano teria doado R$ 400 mil para a campanha a título de “crédito político”, na presença de Marcelo, Ferst e da própria candidata.
Outro vídeo mostraria toda a formatação da compra da casa da governadora eleita, com a entrega de R$ 400 mil em dinheiro. Estavam presentes Ferst e o corretor Alberti.
Já empossada, a governadora não teria aceito a distribuição do lucro do esquema no Detran, pois consideraria R$ 100 mil mensais muito pouco. A reunião – única citada sem registro em vídeo – teria tido a presença de Yeda, Ferst, Vaz Neto e Dorneu Maciel.
A secretária de Yeda, Walna, e Martini teriam feito a distribuição de “mensalinhos”, na presença de Marcelo e Ferst.
Humberto Busnello entrega R$ 100 mil para Aod, na presença de Ferst.
Conversa revela que contas particulares de pessoas ligadas ao governo, inclusive Yeda, seriam pagas por agências de publicidade, principalmente a DCS. Ferst e Marcelo aparecem no vídeo.
Ferst negocia reforma da casa da governadora com a Magna Engenharia.
Investigações
A investigação no MPF está sendo coordenada pelo procurador federal Enrico Rodrigues de Freitas. Também participam os procuradores Adriano Haudi, Alexandre Schneider e Ivan Mrx. A juíza é Simone Barbisan.
A deputada Luciana Genro disse que pedirá ao presidente da Câmara Federal, Michel Temer, que os deputados possam ter acesso aos laudos sobre a morte de Marcelo, para assegurar que o caso seja devidamente investigado. “Independentemente de ter sido assassinato ou suicídio, foi uma morte, e só por isso já merece apuração”.

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