Os biólogos que há quase uma década mapeiam os impactos ambientais dos aerogeradores sobre a fauna litorânea já não escondem: o “vuvu” contínuo das pás dos supercataventos de Osório desnorteia os morcegos, que aparecem agora na história como os grandes esquecidos dos estudos preliminares, focados principalmente nas aves migratórias.
A quantidade de morcegos mortos nas vizinhanças dos cataventos é um indicador de que o assunto merece atenção. Afinal, esses bichinhos se alimentam de insetos e atuam como dispersores de sementes.
Quais as consequências do seu parcial desaparecimento na biodiversidade dos locais escolhidos para a implantação de parques eólicos no Rio Grande do Sul? Só o tempo dirá, mas é claro que cataventos não deixarão de ser construídos.
É até natural que os morcegos tenham sido “esquecidos” nas pesquisas anteriores à construção do primeiro parque eólico gaúcho: eles só voam no escuro e praticamente não são vistos de dia, ao contrário das aves migratórias e outros bichos diurnos.
Mas o “apagão” em relação à morcegada não serve como desculpa, pois um dos bichos pesquisados previamente nos estudos de impacto ambiental dos parques eólicos foi o tuco-tuco, mamífero abundante e pouco visível na paisagem do litoral gaúcho, onde vive entocado.
A evidência de que os morcegos são afetados pelo “vuvu” dos cataventos colocou esses mamíferos alados na agenda dos pesquisadores que há três anos monitoram a bem-sucedida operação dos cataventos da Ventos do Sul em Osório. Como de costume desde a construção desse parque eólico, é tudo confidencial.
Os contratos de prestação de serviços entre os biólogos e as empresas energéticas impedem que o assunto seja muito ventilado, mas alguma coisa sempre vaza e o segredo tende a cair à medida que forem implantados outros parques eólicos, atualmente em fase de planejamento, de Tramandaí a Santana do Livramento, passando por Santa Vitória do Palmar.
A continuação dessa história está marcada para novembro, o mês do novo leilão de energia eólica programado pela Eletrobrás. (Geraldo Hasse)
Ao contrario do que escreve o autor dessa materia, os morcegos não foram esquecidos nos estudos preliminares. Como todos os estudos ambientais, as informações sao publicas e estao a disposição no orgao ambiental licenciador. O autor é mal informado ou mal intensionado?
Eu trabalho no monitoramento do impacto ambiental do Parque Eólico de Osório sobre morcegos desde 2005 e posso afirmar que a maioria das informações contidas nesta reportagem não são verdade, como:
– não há nenhuma comprovação científica de que o ruído dos cataventos desorientem morcegos, isso é apenas uma hipótese teórica e até o presente momento não há sequer evidências a seu favor;
– existem espécies de morcegos insetívoras e frugívoras, mas as que colidem com os cateventos pertencem ao grupo das insetívoras e portanto espécies dispersoras de sementes não são afetadas pelo parque;
– os grupo dos morcegos foi contemplado no monitoramento do parque desde a primeira fase (pré-implantação), que inicia um ano antes de começarem as obras e, juntamente com as aves, constitui um dos grupos chave do monitoramento;
– como em qualquer pesquisa, os dados serão publicados somente após o término da coleta de dados e as análises finais.
Obrigada.
Aproveitando a deixa sobre o Ruído dos ‘supercataventos’, acrescento que anteriormente já foi levantado aqui, que o ruído dos cataventos provocava ‘muito incomodo’ à população. Gostaria de saber de onde vem este dado e quantas pessoas foram ouvidas. No levantamento que fizemos exatamente sobre este tema a pedido da FEPAM, encontramos que 70% da população sequer percebe que o parque eólico provoca ruído, e outros 20% percebe mas não vê nenhum motivo de incômodo, classificando-o como praticamente desprezível, aí incluidos os moradores mais próximos do empreendimento. Disso tiro a conclusão que o autor destas matérias tem muito pouco embasamento e muita vontade de provocar polêmica. Falta um pouco mais de seriedade.
Estou pesquisando sobre morcego, onde ate o momento nada encontrei a este respeito, os morcegos nao gostam de alta frequencia, que nao e o caso desta materia, ou melhor, dos cata-vento.
Sou pioneiro em parque eólico no RS. trabalhei um ano na construção do parque de Osório e mão vi um morcego ou outro animal morto pelas é(catavento)