Sartori, "o gringo que faz", e os desafios de Tarso Genro

santiago gringo
Tem raízes históricas essa criatura  que Sartori incorpora,  “o gringo que faz”.
O homem simples e honesto que vence pelo valor de seu trabalho.
Não precisamos recordar toda a saga dos imigrantes italianos, jogados em terras remotas e inóspitas, hoje transformadas nas regiões mais prósperas do Rio grande do Sul.
O marketing de Sartori foi sábio nesse ponto.
Em vez de “treinar” o candidato, tratou de tirar o melhor proveito possível da sua autenticidade e de seus talentos.
Sartori foi professor 20 anos, sabe falar e sabe ser convincente, mesmo quando diz generalidades:.
“O mundo mudou, a globalização é uma realidade…”
“Precisamos agregar valor aos nossos produtos e valorizar as nossas exportações”.
A voz, o gesto e, sobretudo, a ênfase de púlpito, criam uma mensagem que bate direto no senso comum.
Seria um adversário temível em qualquer circunstância. Nas circunstâncias em que se travam estas eleições, está se tornando imbatível.
O governador Tarso Genro é talvez – somando experiência político-administrativa e capacidade de formulação teórica – o mais preparado dessa geração de políticos gaúchos que sobreviveu à ditadura.
Fez um governo de conciliação, conseguiu um alinhamento inédito do Estado com o governo federal, atraiu investimentos privados, teve a paciência de articular programas de longo prazo…
Enfim, dentro das limitações financeiras reconhecidas, fez um governo positivo e propositivo, inclusive não sofreu o abalo de nenhum escândalo.
Fora isso, foi beneficiado pelo clima. Três grandes safras consecutivas marcaram seu governo, fazendo crescer a economia e a arrecadação de impostos em índices inéditos.
Seu principal ponto de atrito, em termos de desgaste com a opinião pública, foi com o sindicato dos professores da rede estadual, o Cepers.
O fato de não pagar o piso salarial que assinou como ministro da Educação, é uma incoerência reiteradamente levantada, apesar do reajuste inédito que concedeu.
Mas é preciso considerar que esse atrito dos professores com o governo do Estado é uma constante histórica.
É, provavelmente, um dos fatores que estão na raiz dessa inconstância eleitoral, que o gaúcho revela ao não aprovar nenhum governo.
Em todo caso, as mobilizações dos professores contra Tarso não foi nem perto do que acontecia com a governadora Yeda Crusius, por exemplo.
Outro ponto questionado é a solução dada aos pedágios, com a criação de uma estatal, a EGR.
O governo atendeu a um movimento que envolvia várias forças e, principalmente, conseguiu encerrar contratos notoriamente lesivos ao interesse público (até editoriais da Zero Hora reconheceram isso, 15 anos depois).
Obviamente não se cria uma empresa pública que vai administrar estradas da noite para o dia.
A EGR, embora dê sinais positivos, ainda não tem o que mostrar, e a situação das estradas continua crítica.
É difícil para o governo explicar que se trata de uma transição, que há um déficit acumulado na ampliação da malha rodoviária por força de contratos que vigoraram por 15 anos.
Em sua campanha pela reeleição, além de tudo, Tarso Genro tem que enfrentar um tabu.
Uma tendência que se torna um padrão histórico de comportamento eleitoral: no Rio Grande do Sul ninguém se reelege ou faz sucessor.
Desde que voltaram as eleições diretas em 1982, nenhum governo foi aprovado pelas urnas.
Não há como resolver no horizonte de quatro anos de um governo questões estruturais como o déficit público, projetos de infraestrutura, políticas para saúde, educação…
No entanto, ao rejeitar qualquer continuidade, o eleitor dá sinais que perdeu a sensibilidade para políticas de longo prazo. Os governos passam a priorizar medidas de curto prazo, mais aparentes que reais…
Na ânsia de atender demandas imediatas, não resolvem questões estruturais e assim afundam cada vez mais na crise de credibilidade.
Como se não bastasse tudo isso, Tarso Genro ainda tem que vencer um feroz antipetismo, talvez só comparável ao antipetismo que existe em São Paulo.
É um sentimento que cresce no Estado, embora, muitas vezes, à custa  de argumentos falaciosos.
Tudo isso somado, o que se configura  é um desafio político sem precedentes para o governador Tarso Genro que, há dez dias do pleito, só conta  com seu desempenho nos debates para reverter a situação.

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