Sem verba para o Carnaval, prefeitura e escolas discutem soluções

Felipe Uhr
A pouco mais de dois meses da realização do desfile das escolas de samba em Porto Alegre, o futuro do carnaval da cidade ainda é incerto. Na última sexta-feira(6) o prefeito Nelson Marchezan Júnior anunciou o corte total dos R$ 7 milhões que seriam destinados ao evento alegando que a Prefeitura não tem dinheiro.
Uma reunião na manhã desta segunda-feira, entre a Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (LIESP) e o executivo não alterou o quadro.  A prefeitura através do secretário Luciano Alabarse manteve sua posição pedindo que as escolas busquem financiamento privado. Por outro lado, a LIESP mostrou-se bastante flexível quanto aos recursos públicos aceitando receber menos se fosse o caso. “Queremos pelo menos o dinheiro que é destinado para as escolas” afirmou o presidente da Liga, Juarez Gutierrez. Porém, segundo ele, a preocupação não é apenas para 2017 e sim para os próximos anos. Para isso a Liga uma reunião com o prefeito foi pré-agendada para a próxima terça dia 10, às 16 horas.
Gutierrez alega que o desfile de carnaval não é só uma festa e sim um evento que gera emprego, renda, movimenta a economia da cidade além ser um meio de “inclusão social na comunidade a qual cada escola pertence”. O encontro com o prefeito tem como objetivo de mostrar a relevância do carnaval para a cidade. “Queremos saber se somos ou não somos importantes” afirmou o presidente da Liga.
Dos 7 milhões de reais destinados para os desfiles, pouco mais de 2 milhões vão para as escolas do grupo especial e da divisão de acesso. A liga não abre mão desse valor.
Prefeitura é responsável pelo carnaval segundo lei Municipal e Termo de Conduta
Sancionado desde 1990, o projeto de Lei 6619, do então vereador Dilamar Machado, prevê que além de ser evento oficial do Município e que “ os desfiles de agremiações carnavalescas serão realizados em logradouros  públicos deste Município, com as condições de infraestrutura e e ornamentação colocadas à disposição  pelo Executivo Municipal”(art.3)
Também foi assinado no ano passado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que diz que o Município assume a obrigação de patrocínio para as entidades organizadoras (escolas), além de realizar as obras e serviços de infraestrutura do evento no complexo cultura Porto Seco.
A liga não descarta um ingresso na justiça para captar esses recursos. “Vamos aguardar a palavra do prefeito” afirmou Juarez.
Infraestrutura consome maioria da verba
Dos pouco mais de 7 milhões de reais que vão para o carnaval, grande parte vai apenas para a infraestrutura (arquibancadas, banheiros, iluminação e outros serviços). “Já não poderia ter sido construído uma estrutura permanente?” questiona o Jornalista e compositor carnavalesco Vinicius Brito.
Envolvido no ambiente carnavalesco desde criança, Brito acredita que o carnaval existente no Porto Seco poderia já estar melhor estruturado e com menos custos. “Se gasta muito somente com a colocação e retirada das arquibancadas” alerta ele. Porém, para Vinicius a realização do carnaval traz um grande retorno para a cidade economicamente. “Vamos perguntar para o mercado têxtil, ou para quem fornece todos os materiais usados no desfile o que eles vão achar se não tiver desfile” finalizou.
O encontro com o prefeito ainda não foi confirmado. Além dele, uma nova reunião já está agendada para a próxima segunda, buscando ideias e incentivos para que o carnaval das escolas de samba aconteça.

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