Uma trama no sistema penitenciário gaúcho

Somente o poder de decisão do titular da pasta da Segurança poderá dar equilíbrio à administração da Susepe.

Ao assumir a SSP-RS (Secretaria da Segurança Pública) na manhã de 27 de julho último, um domingo tempestuoso em Porto Alegre, Edson de Oliveira Goularte recebeu equipes montadas por seu antecessor, José Francisco Mallmann, e, aparentemente, imexíveis (neologismo consagrado pelo Aurelião) na Brigada Militar, Polícia Civil e IGP (Instituto Geral de Perícias). Apenas na Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários), cujo titular estava demissionário, Goularte deveria impor um nome de sua escolha pessoal. Isso, até agora, não aconteceu. Um complexo que envolve três mil funcionários responsáveis pelo controle de cerca de 27 mil apenados, está com um superintendente interino, fato preocupante para a sociedade mas que parece não ser prioridade nem para o Piratini, nem para a pasta da Segurança. Nos bastidores, no entanto, a discussão sobre quem deverá conduzir a política penitenciária determinada pela governadora Yeda Crusius está efervescente. Sigam-me.
A trama
Nas últimas horas, o nome com maior respaldo político para assumir a Susepe é o do atual ouvidor-geral da Segurança Pública do RS, Adão Paiani. Ele é tucano como a governadora, tem o apoio das lideranças dos servidores da instituição e, até mesmo, de significativos segmentos da Polícia Civil e da Brigada Militar. Mas Paiani não é o nome da preferência de Goularte e, se ele for o escolhido, seria a primeira derrota importante do titular da Segurança. Há dois outros obstáculos: 1º – Paiani está plenamente satisfeito com a sua atividade na Ouvidoria; 2° – O apoio que recebe de significativos segmentos das organizações policiais é para que ele, assumindo a Susepe, deixe de ter chance de chegar a secretário da Segurança Pública durante o governo de Yeda, pois, por ora, é notório o enfraquecimento de Goularte. Esta trama só poderá ser desfeita se Goularte tiver, de fato, poder de decisão.
Bonés
A tentativa de roubo de um caixa eletrônico em usina hidrelétrica de Cotiporã surpreendeu a policia da Serra gaúcha. Aliás, a polícia gaúcha, diariamente, é sacudida por surpresas. Todos os bandidos usavam luvas, toucas e bonés. Eles portavam fuzis e metralhadoras e renderam vigilante da usina 14 de Julho. O grupo não conseguiu levar o caixa eletrônico porque o cabo de aço amarrado ao equipamento e a um caminhão se rompeu. Um erro técnico dos homens de bonés.
Máquinas
Ontem, em Novo Hamburgo, nas ruas Minuano e Oiapoque, bairro Liberdade, PMs realizaram operações de combate a jogos de azar, quando foram abordados dois estabelecimentos comerciais. No total foram apreendidas seis máquinas caça-níqueis. Todo o material foi recolhido ao 3° BPM.
Gado
Uma quadrilha de abigeatários foi desarticulada, na madrugada de ontem, no Vale do Taquari. Dois homens foram flagrados, em Boa Vista do Sul, levando dez cabeças de gado furtadas no município de Estrela. Na noite anterior, a policia apreendeu 31 animais furtados em uma propriedade de Harmonia. A delegada de Bom Retiro do Sul, Flávia Frai, coordenou a in-vestigação e disse que os quadrilheiros agiam também no Vale dos Sinos e na região da Serra.
Tráfico
Seis pessoas envolvidas com tráfico de drogas foram presas, ontem, em Montenegro. Foi numa operação conjunta entre a policia civil e a Brigada Militar. O grupo era investigado há 20 dias. Houve a apreensão de mais de 100 pedras de crack, além de objetos eletrônicos e jóias.
Crime e castigo
Um PM à paisana matou a tiros assaltante e feriu outro, na noite de quinta-feira, ao ser vítima de uma tentativa de assalto na RS-118, em Cachoeirinha. O PM estava de moto com a esposa e foi abordado por dois homens que estavam em outra motocicleta. O bandido ferido fugiu.
Execuções
Paulo Volni Pereira da Cunha, de 52 anos, foi morto dentro de casa, em Esteio. Segundo a policia, um homem chegou e chamou a vitima. Quando Volni abriu a janela foi baleado. O atirador fugiu. Desde a noite de quinta-feira, quatro pessoas foram assassinadas na Região Metropolitana.
Bancos
Na manhã de ontem, dois homens assaltaram a agência do Banco do Itaú localizada no Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre, na área central da Capital. A agência do Itaú da Praça da Alfândega, no coração de Porto Alegre, também foi assaltada. Em Pelotas, quatro quadrilheiros atacaram a agência do Bradesco no centro da cidade. Eles entraram pela garagem, renderam os vigias e funcionários, que foram trancados no cofre. O grupo fugiu em um carro roubado. Apesar do aumento da violência, o Grupo de Trabalho de Segurança Bancária, coordenado pela Secretaria da Segurança Pública, integrado pela Brigada Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, bancos, bancários e vigilantes, não se reúne desde o dia 6 de março.

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