O Ministro Luiz Fux é um divergente. Um estranho no ninho. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) é um alinhado golpista, ou um alinhado antidemocrático. Para usar um termo do próprio durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua quadrilha, “a mão precisa encaixar na luva” para que se caracterize um fato, a mão de Fux coube muito bem na luva de apoio a todos àqueles que atacaram a democracia, às instituições e depredaram patrimônio público tombado.
Apesar de todas as provas exaustivamente documentadas e expostas ao longo do processo, além de um vídeo exibido no dia do julgamento, o ministro negou todas as evidências para admitir responsabilidade penal somente para o general Braga Netto e o ajudante de ordens tenente coronel Mauro Cid. Aqui o ministro Fux admitiu o crime e pediu a condenação de ambos. Mas ele não admitiu a existência do crime para os demais réus, que agora podemos chamar de apenados.
Os ataques de Bolsonaro e sua equipe são anteriores a sua posse como presidente da República. Durante a campanha eleitoral, em 2018, ele já ameaçava fechar o STF e intimidava adversários políticos. Ao assumir a presidência, as ameaças eram quase diárias e passaram a ser também contra outras instituições públicas, além da imprensa. Seu governo foi totalmente militarizado, todos os órgãos passaram a ser dirigidos por militares, incluindo o Ministério da Saúde, nas mãos do general Passuelo.
Ou seja, ele colocou um militar em todos os postos estratégicos. Isso já era o início do golpe. Que só não se concretizou porque ele perdeu as eleições seguintes no voto. Mas não aceitou, insuflou seus seguidores para tentar explodir o aeroporto de Brasília e depredar o centro da capital da República no dia 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação do presidente eleito Lula da Silva.
O apoio às manifestações violentas prosseguiram e culminaram com a depredação de órgãos públicos, incluindo o Palácio do Planalto e o STF, no dia 08 de janeiro de 2023. Tudo documentado, tudo filmado. As Forças Armadas recuaram e o golpe não se concretizou. E o ministro Luiz Fux não reconheceu os fatos e passou 12 horas lendo um arrazoado de falácias para fazer a defesa da turba. Não é à toa que o então aliado de Bolsonaro, Sérgio Moro, cunhou a frase “in Fux we trust” (em Fux nós confiamos).
O ministro deve explicações à sociedade. Um dia, espero, as motivações que o fizeram ser um divergente virão à tona em detalhes. E, talvez, seja a vez dele sentar no banco dos réus.