Mulheres do hip hop realizam festival e revitalização de área no Quilombo dos Machados

Foto: Auryn Souza/ Divulgação

Cerca de 900 m² de muros e fachadas serão revitalizados pelas artistas do projeto Ação Artística de Recuperação do RS – Ação Hip Hop

Com o objetivo de levar a arte de rua através do graffiti a cerca de 60 casas, muros ou paredes do território que pertence ao Quilombo dos Machados, a VGP, maior grupo de mulheres grafiteiras do Rio Grande do Sul, promove o Festival VGP, no dia 22 de novembro. O projeto integra a Ação Artística de Recuperação do RS – Ação hip hop que tem como foco grafitar espaços atingidos pela enchente do ano passado. Durante todo o dia, ocorrem apresentações musicais, de poesia e dj na sede do Quilombo. Além disso, terá um espaço para a gurizada brincar. Cerca de 900 m² de muros e fachadas serão revitalizados pelas artistas. A programação é aberta à comunidade das 8h às 19h.

De acordo com Verte, uma das idealizadoras do evento, o tema escolhido para os graffitis é Natureza, crise ambiental e recuperação da terra. “A nossa ideia é que o festival deixe um legado, que leve a cultura urbana, mas que também revitalize o espaço quilombola que foi atingido severamente pelas enchentes de maio de 2024”, afirma. A artista divide a concepção do evento com Sandy Kyoko, ambas são integrantes do coletivo VGP,  grupo de mulheres grafiteiras e pixadoras criado em 2021, em Porto Alegre. As mais de 30 integrantes se reúnem para pintar ruas, comunidades, eventos e organiza encontros de graffiti, projetos culturais e rolês de tinta em geral. Atualmente, se destacam como a maior crew de mulheres do Rio Grande do Sul.

Auryn Souza/ Divulgação

O Festival VGP é uma das ações do projeto Ação Artística de Recuperação do RS – Ação Hip Hop que surgiu como continuidade do Rolezada das Gurias, projeto de Graffiti Comunitário formado em 2023, com o objetivo de descentralizar a arte e oferecer mais espaço às mulheres artistas. Nesta edição, a ação foi contemplada pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), com isso revitalizará três bairros atingidos pelas enchentes em encontros de graffiti, música e cultura periférica.

Desde a maior catástrofe climática do RS, inundações que atingiram 2 milhões de pessoas, bairros inteiros estão deteriorados pela água, com marcas de lama que não deixam a comunidade esquecer o enorme estrago material e emocional causado em maio de 2024. “Em Porto Alegre, a maioria das comunidades atingidas são compostas por moradores que não têm recursos suficientes para recuperar tudo o que foi perdido”, destaca Kyoko.

Além do trabalho de Graffiti em espaços atingidos pelas enchentes, o projeto também prevê seis oficinas de graffiti em parceria com as redes de catadoras e catadores da cidade, levando arte para essa população.

Foto: Auryn Souza/ Divulgação

A equipe artística é formada exclusivamente por mulheres e pessoas LGBTQIAP+, com o objetivo de valorizar e dar visibilidade a essa classe de profissionais. Além das artistas convidadas e contratadas, abre-se espaço para artistas voluntários participarem da transformação das comunidades. Um dos objetivos é fortalecer vínculos com as comunidades contempladas e oferecer diversidade de ações sociais desenvolvidas para além das datas de realização do evento.