Na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre, nos 250 anos de Porto Alegre, o escritor e jornalista Rafael Guimaraens lança dois livros: O Incendiário (Libretos Editora, 292 páginas, R$46, ISBN: 78-65-86264-52-4) a 2ª edição de Tragédia da Rua da Praia em quadrinhos (Libretos Editora, 60 páginas, R$45, na feira R$36, ISBN: 78-65-86264-43-2, formato 20 x 27 cm). Ambos com ilustrações de Edgar Vasques.

Em O Incendiário, Rafael Guimaraens recupera a história dos incêndios que destruíram o Tribunal de Justiça, prédio gêmeo do Theatro São Pedro, em novembro de 1949, e a Repartição Central de Polícia, em janeiro de 1950. Entre os milhares de processos e inquéritos incinerados encontravam-se escândalos financeiros e um rumoroso caso no qual 53 policiais eram acusados de promover uma rapinagem nas residências de súditos alemães durante a 2ª Guerra. Acossada pelas desconfianças da sociedade, a Polícia apresentou o suposto incendiário, um falsário espanhol chamado Manoel Gonzales Aragón – vulgo Major Aragón, pois se vestia de oficial do Exército para aplicar alguns golpes. No entanto, quando ocorreram os incêndios o rocambolesco personagem encontrava-se preso em São Leopoldo.
Resultado de uma ampla pesquisa, o livro conta a inusitada trajetória de Aragón, sua carreira criminosa em várias cidades do país, e se detém nas escandalosas investigações sobre escândalos financeiros e corrupção policial que ocupavam as manchetes dos jornais à época dos incêndios. Policiais, ladrões, jornalistas e autoridades giram em um redemoinho, no qual o pitoresco e o trágico convivem em uma narrativa repleta de surpresas até o desfecho imprevisível.

O livro é ilustrado com fotos dos locais e personagens retratados e tem um de seus trechos principais narrado em forma de HQ, com o traço de Edgar Vasques.

Rua da Praia em HQ
Já Tragédia da Rua da Praia em quadrinhos relata uma história real ocorrida em setembro de 1911. Quatro misteriosos estrangeiros assaltam uma casa de câmbio na Rua da Praia e se envolvem em uma fuga enlouquecida pelo Centro de Porto Alegre, a pé, de carruagem, de bonde e até a bordo de uma carrocinha de leiteiro.
O episódio abala profundamente o cotidiano da cidade, suscitando pânico na população, disputas políticas e guerra de versões entre os jornais. Enquanto os ladrões são perseguidos, dois empresários produzem um filme que irá estrear dez dias após o assalto em quatro sessões diárias no Cine-Theatro Coliseu.

Lançado em 2005, o livro Tragédia da Rua da Praia venceu o prêmio “O Sul, Nacional e os livros”, escolhido pela Câmara Rio-grandense do Livro como melhor narrativa longa. Em 2011, cem anos depois, a história recebeu uma versão em quadrinhos, com desenhos do premiado ilustrador Edgar Vasques, que imprimem o ritmo frenético dos acontecimentos e retratam a belle époque porto-alegrense do início do século 20. E ganha, agora, uma segunda edição com nova capa.
Rafael Guimaraens
Nascido em Porto Alegre (25/05/1956), Carlos Rafael Guimaraens Filho é jornalista profissional desde 1976. Atuou como repórter, editor e secretário de redação da Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (Coojornal). Foi editor de Política do jornal Diário do Sul.
É autor dos livros “O Livrão e o Jornalzinho” (1997, reedição em 2011), “Pôrto Alegre Agôsto 61” (2001), “Trem de Volta, Teatro de Equipe” (com Mario de Almeida, 2003), “Tragédia da Rua da Praia” (2005, Prêmio “O Sul Nacional e os Livros”, categoria melhor narrativa longa), “Abaixo a Repressão – Movimento Estudantil e as Liberdades Democráticas” (com Ivanir Bortot, 2008), “Teatro de Arena – Palco de Resistência” (2009, Prêmio Açorianos categoria Especial e Livro do Ano), “A Enchente de 41” (2010, Prêmio da Associação Gaúcha de Escritores, como melhor livro não-ficção), “Rua da Praia – Um Passeio no Tempo” (2010), “Unidos pela Liberdade!” (2011), “Mercado Público – Palácio do Povo” (2012), “A Dama da Lagoa” (2013), “Aguas do Guaíba” (2015), “O Sargento o Marechal e o Faquir” (2016, Prêmio da Associação Gaúcha de Escritores, categoria Especial), 20 Relatos Insólitos de Porto Alegre” (2017, Prêmio Minuano de Literatura), “Fim da Linha – Crime do Bonde” (2018), “O Espião que Aprendeu a Ler (2019) e “1935” pela Editora Libretos.
Em 1986, editou o livro “Legalidade – 25 anos”. Coordenou a edição do livro “Coojornal – um Jornal de Jornalistas sob o Regime Militar” (2011, Prêmio Açorianos, categoria Especial) e “Os Filhos Deste Solo – Olhares Sobre o povo Brasileiro” (2013). Produziu o roteiro do espetáculo “Legalidade – o Musical” (2011), exibido diante do Palácio Piratini, em comemoração aos 50 anos da Campanha da Legalidade.
Edgar Vasques
Edgar Luiz Simch Vasques da Silva (Porto Alegre, 5 de outubro de 1949) é um ilustrador, artista gráfico, cartunista e exímio aquarelista.
Formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS em 1979, não exerceu a profissão, mas teve a oportunidade de expressar sua habilidade para o desenho. Publicou pela primeira vez na revista Grillus, editada pelo Diretório Acadêmico da universidade, para a qual criou o personagem Rango, um dos mais célebres anti-heróis das tiras brasileiras, que se tornou um símbolo de resistência à ditadura militar.
Participou do boom do humor dos anos 70 e trabalhou nos jornais Folha da Manhã (RS), Diário do Sul (RS), Pasquim (RJ), revista Versus, Playboy (onde desenhava as aventuras da “Analista de Bagé”, personagem de Luis Fernando Veríssimo) e Coojornal. Publicou no exterior pela revista Charlie (França). É autor de vários livros de caricatura, humor e histórias em quadrinhos, tendo publicado em 1999 a elogiadíssima HQ “Sottovoce”. Pela editora Libretos, também participou das publicações “Rua da Praia – um passeio no Tempo” (2010), “Mercado Público – Palácio do povo” (2012), “Águas do Guaíba” (2015), “O país da suruba” (2017).