Adriana Lameirão – Doutoranda em Ciência Política no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFRGS.
Há um consenso geral sobre o ato do dia 11 de novembro: foi lindo e emocionante! Portanto, não serei mais uma a falar mais do mesmo.
Quero abordar outro aspecto que me emocionou muito e que me deu esperança de que é possível construir uma unidade na esquerda: a unidade dos anarquistas nesse ato.
Os anarquistas participaram desse ato agrupados em um grande bloco anarquista.
Mas, foi mais do que um simples agrupamento de todos os coletivos anarquistas. Foi uma unidade! Unidade, essa, fruto de uma construção que vem sendo realizada há alguns meses.
Essa construção teve como ponto de partida o entendimento comum a todos os coletivos de que era necessária essa unidade dos de baixo frente aos ataques do andar de cima (elite política e econômica). Unidade imprescindível para criar o ????? ???????, única força capaz de enfrentar esses ataques.
A partir daí, ações e atividades construídas coletivamente começaram a ser realizadas. Mas não ficou só nisso: foram realizadas avaliações sobre os pontos positivos e negativos das atividades. Além disso, os problemas que surgiram foram expostos e resolvidos. Não foi uma tarefa fácil tampouco agradável, pois consumiu tempo e energia de várias pessoas. Mas, tratava-se de um desgaste necessário em prol da unidade.
E essa unidade construída manifestou-se no bloco anarquista participante desse ato. Nesse bloco não havia o nosso coletivo e o coletivo deles; os(as) nossos(as) companheiros(as) e os(as) deles. Éramos todos um só: os anarquistas. E todos, da saída até a dispersão, cuidavam uns dos outros, independentemente de ser membro ou não do seu coletivo.
Além disso, não era um grupo fechado em si mesmo. Nele também cabiam pessoas de outros grupos e movimentos com os quais companheiros(as) anarquistas desenvolvem algum trabalho de base ou profissional, como o movimento da população de rua, por exemplo.
Todos éramos um! E esse sentimento expressou-se fortemente quando a rampa do trensurb foi tomada por pessoas de diversos movimentos, tremulando suas bandeiras. Tão logo isso aconteceu, o bloco anarquista puxou o cântico “?????, ?????, ????? ???????”, a plenos pulmões.
É isso! Somente a unidade dos de baixo pode criar o poder popular e derrubar o golpe, que é, antes de tudo, contra o povo.
A lição dada é essa: enquanto parte da esquerda olha com preconceito para os anarquistas, inclusive usando adjetivações como black blocs ou vândalos para se referir a este grupo de esquerda, é, justamente, esse grupo que deu o primeiro passo para a unidade da esquerda e apontou caminhos de como ela pode ser alcançada.
(Fotos de Thais Ratier/JÁ)