Cais Mauá de Todos: "éramos 120 no abraço do último sábado"

O coletivo Cais Mauá de Todos enviou uma correspondência ao JÁ corrigindo os números publicados na cobertura do abraço ao Cais Mauá, ocorrido no último sábado (7), diante do pórtico central.
“Prezados da redação do Jornal Já,
Recebemos com alegria a matéria sobre o evento que promovemos no último sábado dia 7 de maio, porém, pedimos que reavaliem o número divulgado de público.
Pela nossa contagem estavam presentes cerca de 120 pessoas às 17 horas, como pode ser visto no vídeo captado pelo Conexões Globais, do Marcelo Branco. Nesta hora o Abraço se estendeu do pórtico até a parada de ônibus da avenida Mauá.
Já à noite na festa fizemos outro abraço com o pessoal da Marcha da Maconha, e a extensão foi do pórtico até a sinaleira. Estamos também com um vídeo em nossa página do facebook.
Juntando os públicos tivemos então uma dobradinha de uns 120 pela tarde e mais 90 pela noite.
Números são importantes, a presença de pessoas, pela sua representatividade cidadã e política também; tudo importa na sala midiática em que vivemos.
O Jornal Já tem se destacado em aprofundar o tema do Cais Mauá com o Dossiê, vem ocupado um papel importante na imprensa, e sendo um contraponto importante em Porto Alegre e servindo a pauta para o jornal do Arroio Dilúvio.
Parabenizamos e agradecemos a cobertura, mas também solicitamos que avaliem nossas ponderações do número de participantes.
Atenciosamente,
Comunicação Cais Mauá de Todos”

Cais Mauá não paga seguranças e Estado assume vigilância no local

Naira Hofmeister
Desde a metade de abril a segurança do Cais Mauá está sob encargo do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, que remanejou postos de vigilância interna para garantir a integridade do pórtico central e dos armazéns tombados, além dos edifícios ocupados pela Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH).
A manutenção e o custeio da vigilância da área seriam obrigações do consórcio vencedor da licitação, que, entretanto, não vem pagando empresas terceirizadas – incluindo as contratadas para fazer a guarda do local – o que já gerou processos na Justiça e o protesto de títulos em cartório.
Leia o especial Dossiê Cais Mauá do Jornal JÁ
Revitalização desafia governos há três décadas
Licitação teve um único concorrente
Mudanças acionárias movimentam milhões
A Cais Mauá do Brasil admite as dificuldades financeiras, mas as atribui à conjuntura econômica nacional desfavorável.
O Governo do Estado retomou a operação de segurança no local na metade de abril porque era preciso proteger uma embarcação da Marinha do Brasil, o veleiro Cisne Branco, que atracou no Cais Mauá entre os dias 19 e 25 de abril para receber visitações públicas.
Porém, ao contrário do que era esperado, após a partida do Cisne Branco, o consórcio não reassumiu a vigilância, obrigando o Estado a estender a permanência da empresa Lince Segurança Patrimonial no local, que seria temporária.
Em nota, a Secretaria dos Transportes, responsável pelo contrato de concessão da área à iniciativa privada, informou que já notificou a Cais Mauá do Brasil “para que reassuma de imediato a vigilância das áreas arrendadas”.
O Estado analisa ainda se a situação configura quebra de cláusulas contratuais e pede que o consórcio “se manifeste acerca de um suposto descumprimento contratual”.
Ainda segundo a Secretaria dos Transportes, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que é interveniente do contrato, “está sendo comunicada sobre os fatos ocorridos”.
Dívida protestada beira os R$ 800 mil
A manutenção da segurança do Cais Mauá é um problema para o consórcio desde outubro de 2015, quando o pagamento da então prestadora de serviços, a Gocil Serviços de Vigilância e Segurança não foi feito.
Antes disso, já havia registro de atrasos no dia do vencimento da fatura, que era seguidamente renegociada a pedido do empreendedor responsável pela revitalização do Cais Mauá.
Depois de sofrer com a inadimplência da Cais Mauá do Brasil por três meses, a Gocil retirou seus efetivos do local em dezembro e protestou os títulos da dívida em cartório.
Quem a substituiu foi a Dielo Serviços de Vigilância Ltda, que permaneceu guardando a área ate abril – quando o Estado precisou interferir para garantir a guarda do veleiro Cisne Brasil. “Saí por falta de pagamento, tenho funcionários e impostos a pagar e não podia permanecer”, lamenta o sócio proprietário da Dielo, Henrique Matheus de Souza.
Ele revela que encaminhou no dia 5 de maio o pedido de protesto dos títulos devidos – cujo valor superam os R$ 200 mil, e se referem à falta de pagamento dos sevirços durante os meses de fevereiro, março e abril de 2016. “Dezembro e janeiro eu recebi, mas com 90 dias de atraso”, observa.
Esses títulos não aparecem na relação que o JÁ retirou na central de protestos, feita no dia 4 de maio. Na ocasião, a divida reclamada já era de R$ 563.924,44. Com esse novo protesto, o valor do calote da Cais Mauá do Brasil registrado em cartório por empresas terceirizadas já está batendo nos R$ 800 mil.
Empresário prejudicado quer falência do consórcio
Alguns credores da Cais Mauá do Brasil acionaram a Justiça Estadual para cobrar os valores devidos – caso da gerenciadora de projetos Geconsul e do fabricante de embalagens Barth.
O proprietário da Dielo, entretanto, quer ir além: “Estou ingressando com um pedido de falência desse consórcio, porque já há um histórico, inclusive com prejuízo a outras empresas, que justifica”, revela Souza.
Os motivos para tentar uma ação tão radical são dois. O empresário vê com ressalvas a tentativa de outros credores (“O consórcio pode enrolar, retardar o pagamento”) e com o pedido de falência, ele acredita que poderá pedir a corresponsabilização do Estado na dívida, o que lhe garantiria o pagamento. “O Estado licitou, fez o contrato, é naturalmente participante do negócio”, defende.
Leia a íntegra da nota do Governo do Estado
Por ocasião da atracação do Navio Veleiro Cisne Branco junto ao Cais Mauá, a SPH e a Marinha do Brasil assumiram as atividades junto ao portão principal. Este procedimento ocorreu durante o período compreendido entre os dias 19 e 25 de abril e foi operacionalizado através do remanejo de um de seus postos de vigilância interna.
Desde 11/05/2015, após arbitramento da ANTAQ, a vigilância das áreas arrendadas está sob responsabilidade e expensas da Cais Mauá S/A.
Em virtude da não retomada dos postos por parte da Cais Mauá após encerrada a atividade com a Marinha, a SPH analisou as medidas cabíveis e está notificando a arrendatária para que reassuma de imediato a vigilância das áreas arrendadas, assim como para que se manifeste acerca de um suposto descumprimento contratual. A ANTAQ também está sendo comunicada sobre os fatos ocorridos.

Abraço ao Cais Mauá reúne 50 pessoas no centro de Porto Alegre

Felipe Uhr
Cerca de 50 ativistas participaram, no fim da tarde deste sábado (7), de um abraço simbólico ao Cais Mauá para reforçar as críticas que vem sendo feitas ao projeto de revitalização da área, que prevê a construção de prédios comerciais, shopping e hotel na beira do Rio Guaíba.
Marcado para as 16h, o abraço ocorreu por volta das 17h, quando os participantes que se encontravam na Sepúlveda, no Centro Histórico de Porto Alegre, atravessaram a avenida Mauá de mãos dadas e foram em direção ao portão principal de entrada do Cais.
Leia o especial do JÁ e entenda a revitalização do Cais Mauá
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Estavam lá líderes de movimentos como o Cais Mauá de Todos e o Ocupa Cais Mauá, integrantes de entidades como Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao ambiente Natural, Mogdema (Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente) e políticos que integram a Frente Parlamentar e Social por um Cais Mauá de Todos, lançada oficialmente na última quinta-feira (5).
Os discursos fizeram a defesa de um projeto voltado para a sociedade e que tenha discussão e participação da comunidade.
“Estamos contestando porque o projeto não tem condições mínimas. Eles mesmos estão se enrolando” ressaltou, referindo-se às dificuldades financeiras que o consórcio responsável pela obra está enfrentando e que levou o grupo a suspender os pagamentos de empresas prestadoras de serviço, que agora cobram os valores na Justiça.
Frente Parlamentar já pediu reunião com a Antaq

Zimmermann (d):  parlamentares querem se somar na pressão | Ramiro Furquim
Zimmermann (d): parlamentares querem ser “linha de apoio” do movimento | Ramiro Furquim

Embora tenha sido criada oficialmente a poucos dias, a Frente Parlamentar e Social por um Cais Mauá de Todos já está trabalhando pesado para alcançar o objetivo de revogar o contrato entre Estado e iniciativa privada.
Para isso, já solicitou audiências com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que é interveniente no negócio e precisaria aprovar todas as etapas da revitalização. Também será agendada uma reunião com o Secretario dos Transportes, Pedro Westphalen.
O articulador da Frente, o deputado Tarcisio Zimmermann(PT) ressaltou a importância de questionar os órgãos públicos sobre irregularidades do projeto apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado – e já rechaçadas pelo governo estadual. “Vamos ser essa linha de apoio” afirmou o deputado.
Zimmermann também lamentou que quando o seu partido esteve à frente do Piratini (2010-2014, com Tarso Genro), nada tenha sido feito para barrar o negócio: “Houve um cochilo, não compreendo como esse projeto seguiu seu curso durante o governo Tarso”.
Após o abraço, alguns ativistas permaneceram na avenida Sepúlveda, onde a organização montou um sistema de som e produtores de cerveja artesanal trouxeram mercadorias para vender. Perto das 18h, o movimento recrudesceu com a chegada dos participantes da Marcha da Maconha, que se uniu ao movimento pelo Cais Mauá de Todos para terminar a noite de sábado ao ritmo de reggae.
Veja mais fotos do evento

Consórcio Cais Mauá admite dificuldades financeiras: “É a crise”

Naira Hofmeister
A Cais Mauá do Brasil enviou uma nota ao Jornal JÁ em resposta à reportagem que revela uma dívida de mais de meio milhão de reais com empresas terceirizadas que prestam serviços ao consórcio.
No texto – que é a primeira manifestação formal do consórcio ao jornal em mais de um ano – a Cais Mauá do Brasil admite dificuldades financeiras: “A Cais Mauá do Brasil (CMB) atravessa um momento de aperto de liquidez e restrição orçamentária”. A nota, entretanto, atribui a contingência à “situação de extremo aperto de liquidez por que passa o Brasil”.
Segundo a empresa, que recebeu a concessão para explorar o antigo porto de Porto Alegre através de um empreendimento comercial por 25 anos, o gatilho do problema é a demora em obter o licenciamento para a obra. A revitalização do Cais Mauá prevê a construção de três torres de escritórios com até 100 metros de altura cada (quase o dobro do limite permitido no Plano Diretor da Capital), um shopping center e vagas de estacionamento para 5 mil automóveis.
A tramitação na prefeitura está levando mais tempo do que o planejado – após ter o Estudo de Impacto Ambiental aprovado em dezembro do ano passado, a Cais Mauá do Brasil aguarda a licença construtiva, que é emitida pela Secretaria de Urbanismo (Smurb). A pasta, entretanto, exigiu mudanças no projeto básico apresentado pelo consórcio.
“Este tipo de ocorrência é normal em toda obra deste porte e, não fosse a situação de extremo aperto de liquidez por que passa o Brasil, neste momento, alternativas financeiras seriam viáveis, o que não causaria atrasos nos pagamentos aos fornecedores”, esclarece o consórcio.
Ao se credenciar para a licitação – vencida sem que houvesse outros concorrentes -, a Cais Mauá do Brasil apresentou uma série de documentos cuja finalidade era demonstrar a capacidade executiva da obra, orçada, em 2010, em R$ 350 milhões.
Em uma inspeção especial realizada entre 2012 e 2014, o Tribunal de Contas do Estado entendeu que o consórcio descumpria uma cláusula contratual que o obrigava a apresentar uma “garantia financeira” no valor de R$ 400 mil – poderia ser uma carta de financiamento de um banco ou um equivalente, desde que comprovasse que o recurso estava disponível.
O Governo do Estado discorda, e entende que as garantias foram dadas conforme exigência do edital.
De toda forma, a Cais Mauá do Brasil sustenta que o investimento será feito com recursos captados no mercado financeiro através de um fundo, que em janeiro deste ano havia arrecadado R$ 161 milhões, menos da metade do valor mínimo de investimento pactuado entre Estado e empreendedor no segundo aditivo ao contrato, de R$ 400 milhões.
Um grupo de cidadãos de Porto Alegre ingressou com uma ação na Justiça Estadual para esclarecer esse e outros pontos do contrato.
consórcio está otimista

Apesar de já responder na Justiça pelo calote a dois prestadores de serviço – e da iminência de que outras duas terceirizadas ingressem com medidas judiciais para reaver valores devidos – a Cais Mauá do Brasil está confiante na reversão da situação: “Evidente que estes atrasos geram atrito entre alguns parceiros, mas tais atritos são pontuais e serão resolvidos brevemente”.
A nota do consórcio encerra com uma mensagem otimista aos porto-alegrenses – que, garante, em sua “grande maioria” o apoia – garantindo que o trabalho está sendo feito de forma “diligente” e “perseverante”.
“É importante que a sociedade saiba que o nosso esforço e empenho para que esta obra aconteça tem sido gigante, e estamos fazendo tudo o que é possível ser feito, respeitando os tempos dos órgãos públicos, pacientemente.”
Leia a íntegra da nota
Senhores jornalistas do JÁ,
O Brasil e a Cais Mauá do Brasil (CMB), em particular, atravessa um momento de aperto de liquidez e restrição orçamentária. O projeto de revitalização, como todo projeto complexo desta ordem, se baseia em um orçamento Físico X Financeiro, onde a liberação de recursos orçamentários ocorre em função do atingimento de determinadas etapas.
No estágio atual, as etapas físicas são as obtenções de licenças e autorizações. Como tais liberações estão atrasadas em relação ao que foi previsto, não vem sendo possível liberar os recursos orçados. Este tipo de ocorrência é normal em toda obra deste porte e, não fosse a situação de extremo aperto de liquidez por que passa o Brasil, neste momento, alternativas financeiras seriam viáveis, o que não causariam os atrasos nos pagamentos aos fornecedores.
Evidente que estes atrasos geram atrito entre alguns parceiros, mas tais atritos são pontuais e serão resolvidos brevemente. A CMB acredita que esta situação será revertida, não apenas para própria CMB, mas também para o País. Apesar dos citados atritos, a CMB continua trabalhando diligentemente para o sucesso da revitalização do Cais Mauá acreditando nas suas soluções.
É importante que a sociedade saiba que o nosso esforço e empenho para que esta obra aconteça tem sido gigante, e estamos fazendo tudo o que é possível ser feito, respeitando os tempos dos órgãos públicos, pacientemente.
Da mesma forma que a grande maioria dos brasileiros que enfrenta suas dificuldades de cabeça erguida e com confiança, nós também acreditamos que tudo será superado com trabalho e perseverança. Agradecemos, acima de tudo, a compreensão de todos e da grande maioria da população que nos apoia, nas suas inúmeras manifestações de apoio que recebemos.
Cais Mauá do Brasil

Consórcio deve meio milhão de reais a prestadores de serviço

Naira Hofmeister
O consórcio Cais Mauá do Brasil está enfrentando a cobrança de mais de meio milhão de reais referentes a pagamentos não efetuados a prestadores de serviço.
Empresas contratadas para fazer o gerenciamento de projetos, vigilância e até fornecedores de material publicitário precisaram recorrer aos meios legais para tentar reaver valores por trabalhos e encomendas que foram entregues.
Nos três tabelionatos de protestos de Porto Alegre há sete registros de dívidas em aberto do consórcio que venceu a licitação para revitalizar a área. Os débitos somam precisamente R$ 563.924,44 – são pagamentos que estavam programados para serem feitos a partir de outubro do ano passado e não se concretizaram.
Leia o especial Dossiê Cais Mauá:
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O valor mais alto é devido à Geconsul Gerenciadora Engenharia e Consultoria, de Caxias do Sul, que desde 2014 era responsável pela contratação dos engenheiros e arquitetos que desenvolviam o projeto de revitalização da área.
À Geconsul, a Cais Mauá do Brasil deve R$ 291.444,00, referentes ao pagamento dos serviços entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016.
Após os seis meses de atraso, a empresa rompeu o contrato com o consórcio e agora discute na Justiça Estadual o pagamento do débito.
Outra fornecedora que cobra seus direitos judicialmente é a Barth Embalagens, empresa de Porto Alegre que confeccionou sacolas plásticas personalizadas para o consórcio distribuir durante a Feira do Livro de Porto Alegre, em outubro de 2015.
Na ocasião, o consórcio abriu as portas do armazém B1 para divulgar seu projeto de revitalização, e recebeu inúmeros visitantes em uma ação de marketing. As sacolinhas – em tons alaranjados com a impressão branca – foram entregues em outubro a um custo de R$ 3.600, que deveriam ser pagos no fim de novembro.
“Tentamos cobrar amigavelmente, fomos pessoalmente ao cais para falar com os diretores, os acionistas. Mas a pessoa encarregada nunca nos recebeu”, lamenta o sócio da Barth Embalagens, Fernando Alberto Esteller.
A expectativa é que a empresa possa costurar um acordo na Justiça para receber o valor prontamente. “Para eles não é nada, mas para a gente significa bastante no orçamento da empresa”, esclareceu.
A Geconsul já tentou acordo, em uma audiência realizada essa semana, mas não teve sucesso. A Cais Mauá do Brasil teria oferecido saldar a dívida em dez vezes, o que foi rechaçado pela gerenciadora de projetos.
vigilância também não recebeu

Cartórios em Porto Alegre já tem sete títulos sob protesto contra a empresa
Cartórios em Porto Alegre já tem sete títulos sob protesto contra a empresa

Nesta quinta-feira (5), apenas dois seguranças vigiavam a área onde há circulação de pessoas no Cais Mauá – entre o pórtico central e o terminal do catamarã. Eles são contratados da Lince Segurança Patrimonial, que vem executando o serviço de vigilância desde que a Gocil rompeu o contrato por falta de pagamento.
A Gocil, empresa de São Paulo, atendia a Cais Mauá do Brasil desde 2014 ao custo mensal de R$ 89.583,48, mas retirou seu efetivo da área no final do ano passado após o atraso no pagamento de três parcelas, a partir de outubro.
Apesar dos três títulos protestados em cartório, a Gocil ainda não entrou na Justiça para reaver os valores devidos.
Valores estavam sendo renegociados
Mesmo antes de suspender os pagamentos dos prestadores de serviço, a Cais Mauá do Brasil vinha tentando renegociar datas e até valores com fornecedores. Em alguns casos, pedia mais uns dias antes de saldar os débitos mensais – a justificativa era que os acionistas não haviam integralizado o dinheiro combinado.
Em outros, como ocorreu com a Geconsul, houve redução no valor da mensalidade do serviço. Essa informação consta no despacho da juíza Nara Elena Soares Batista, responsável pelo litígio entre o consórcio e a firma de engenharia.
Segundo Nara, o preço acordado no contrato, em maio de 2014, era de R$ 77.610,00, mensais, com reajuste pelo IGPM a cada doze meses. No final daquele ano, entretanto, houve a primeira redução, para R$ 57.000,00.
A mais recente atualização do contrato – reduzindo valores – ocorreu em janeiro de 2016, portanto dois meses antes de a Geconsul protestar o título em cartório e já estando a Cais Mauá do Brasil inadimplente. Na ocasião, ficou acertado o pagamento de R$ 50.000,00 mensais, que tampouco foram pagos.
O Jornal JÁ tentou contato com o consórcio ao longo da tarde, mas não recebeu uma posição oficial até o fechamento dessa reportagem.

Parlamentares e ativistas se unem para pressionar por novo projeto

Matheus Chaparini
Deputados, vereadores e integrantes de movimentos sociais realizaram na tarde desta quinta-feira o lançamento da Frente Parlamentar e Social por um Cais Mauá de Todos. A cerimônia aconteceu na Assembleia Legislativa. A criação do grupo foi articulada pelo deputado Tarcísio Zimmermann (PT) a partir do que chamou de “um positivo desafio das entidades à Assembleia.”

Deputado Tarcísio Zimmermann é o coordenador da frente / Marcelo Bertani / Agência ALRS
Deputado Tarcísio Zimmermann é o coordenador da frente / Marcelo Bertani / Agência ALRS

Zimermmann afirmou que a cidade de Porto Alegre “não poderia ter sido assaltada desta forma por um projeto que obedeceu acima de tudo aos interesses da especulação imobiliária.” O deputado recusou a pecha de “arautos do atraso”, atribuída aos militantes da causa por setores que defendem o atual projeto de revitalização.
“Queremos um projeto que integre o Cais Mauá com a história de Porto Alegre. Queremos um projeto que inclusive ouse enfrentar o problema do trem, do muro e da avenida Mauá, que separam a cidade do rio” e concluiu: “Queremos ser o símbolo do futuro, de quem ousa enfrentar obstáculos e quer colocar de fato o rio de frente pra cidade e a cidade de frente pro rio.”
Modelo de revitalização é anacrônico e antidemocrático
Caio Lustosa criticou
Caio Lustosa defendeu o caráter público do Cais

Falando em nome da Agapan, o advogado Caio Lustosa defendeu a importância do envolvimento dos deputados e vereadores “para dar respaldo a uma luta que tem características comunitárias e populares.”
Caio Lustosa afirmou que as margens do Guaíba são de domínio público e não podem sofrer o que chamou de “um processo de privatização arrogante a absurdo.” O representante da Agapan defendeu a retomada do caráter público do uso espaço e defendeu que um projeto de reformulação do espaço deve atender aos interesses “de uma cidade múltipla como Porto Alegre e não de uma minoria voraz e especuladora.”
O professor Luciano Fedozzi fez a leitura do manifesto do Comitê UFRGS pelo Cais Mauá, que critica o modelo adotado para a reforma da área: “O empreendimento expressa uma concepção anacrônica em termos urbanísticos, sociais, ambientais e políticos.Fundamenta-se em um paradigma urbanístico já superado há pelo menos duas décadas.”
O manifesto é assinado por 108 professores das mais variadas áreas da Universidade.
Pouca participação dos vereadores
A vereadora Jussara Cony (PCdoB) lamentou a baixa participação dos seus colegas de Câmara e garantiu que fará um esforço para atrair mais vereadores para a frente. São apenas quatro no grupo. Na Câmara Municipal, além de Jussara, assinaram o manifesto de criação da Frente Parlamentar e Social Fernanda Melchionna (Psol), Sofia Cavedon (PT) e Marcelo Sgarbossa (PT).
Jussara Cony também criticou a falta de participação popular no processo de revitalização da área. “O que está acontecendo com o Cais não tem absolutamente nenhuma participação de quem constrói essa cidade, que são seus trabalhadores”, afirmou.
Integrantes
Parlamentares:
Deputado estadual Tarcísio Zimmermann (PT) – coordenador
Deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB)
Deputado estadual Adão Villaverde (PT)
Deputado estadual Jeferson Fernandes (PT)
Deputado estadual Zé Nunes (PT)
Deputado estadual Pedro Ruas (PSOL)
Vereadora Sofia Cavedon (PT)
Vereadora Fernanda Melchiona (PSOL)
Vereadora Jussara Cony (PCdoB)
Vereador Marcelo Sgarbossa (PT)
Entidades:
Agapan
IAB RS (Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento RS)
Associacao dos Geografos Brasileiros Seção Porto Alegre
MoGDeMA – Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente
Comitê UFRGS em defesa do Cais Mauá
Cais Mauá de Todos
Mobicidade (Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta)
Minha Porto Alegre
Chega de Demolir Porto Alegre
Movimento Francisclariano da Diocese Meridional de Porto Alegre
DEFENDER – Defesa Civil do Ptrimônio Histórico
Associação Comunitária do Centro Histórico
AREVIPA – Associação dos Recicladores da Vila dos Papeleiros
Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vila Conceição e Vila Assunção

Frente parlamentar quer ampliar debate sobre Cais Mauá

Para ampliar o debate sobre as intervenções previstas na orla do Guaíba, em Porto Alegre, será lançada nesta quinta, 5, a Frente Parlamentar e Social por um Cais Mauá de Todos.
´Será às 13h, no Salão Júlio de Castilhos, na Assembleia Legislativa.
A coordenação do grupo ficará a cargo do deputado Tarcísio Zimmermann que, junto com demais parlamentares e movimentos sociais, pretende garantir que o polêmico projeto Cais Mauá seja revisto.
A discussão sobre o projeto tem mobilizado uma série de entidades ambientalistas e urbanísticas, entre outros movimentos.
Conforme Tarcísio, a criação da Frente é decorrência da grande audiência pública realizada no Teatro Dante Barone, no dia 16 de março.
“Agora estamos dando continuidade ao trabalho por um cais mais democrático, aberto, e que não seja entregue a especulações”, destacou.
Entidades:
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/RS)
Associação dos Geógrafos Brasileiros
Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (MOGDEMA)
Comitê UFRGS em Defesa do Cais Mauá
frente cais mauáCais Mauá de Todos
Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MOBICIDADE)
Movimento Minha Porto Alegre
Movimento Chega de Demolir Porto Alegre
Movimento Francisclariano da Diocese Meridional de Porto Alegre
DEFENDER
Associação Comunitária do Centro Histórico
Associação dos Recicladores da Vila dos Papeleiros (AREVIPA)

Cais Mauá é sintese das contradições que ameaçam o futuro da cidade

Em debate na Fundação de Economia e Estatística (FEE) dois geógrafos e um economista concluíram que o impasse em torno do Cais Mauá sintetiza todas as contradições que ameaçam o desenvolvimento urbano de Porto Alegre.
O economista Augusto Pinho de Bem (da FEE) fez uma análise pessimista sobre o predomínio dos interesses financeiros sobre as demandas sociais da população.
Os geógrafos Mario Leal Lahorgue  e Paulo Roberto Soares (ambos da UFRGS) concluíram que os brasileiros e os gaúchos estão sem horizontes diante da “crise do modelo de desenvolvimento” colocado em prática pelo PT a partir de 2003.

Mesa foi composta pelo economista Augusto Pinho de Bem (FEE) e pelos geógrafos da UFRGS Mário Leal Lahorgue e Paulo Roberto Soares / Comunicação FEE
Mesa foi composta pelo economista Augusto Pinho de Bem (FEE) e pelos geógrafos da UFRGS Mário Leal Lahorgue e Paulo Roberto Soares / Comunicação FEE

No plano federal, os técnicos apontaram a falta de conexão entre os projetos macroeconômicos dos governos petistas e as carências das cidades.
Um exemplo: beneficiada por uma gigantesca massa de crédito imobiliário colocada à disposição do programa Minha Casa Minha Vida, a indústria da construção civil entregou à população carente de moradia um pacote de duvidosa qualidade que já existia antes.
Da mesma forma, a indústria automobilística, apoiada pelo sistema de crédito, despejou milhões de veículos individuais nas ruas, contribuindo para piorar a eficiência do transporte coletivo.
“A inclusão social levou muita gente a comprar carro, mas a mobilidade social não melhorou”, afirmou Lahorgue, ele próprio, professor universitário, motorizado há três anos.
Nos últimos anos, o governo de Porto Alegre abriu-se amplamente para a iniciativa privada que, a partir de 2008, ficou sem cacife para executar seus projetos.
Nesse aspecto, o projeto mais emblemático é justamente o do Cais Mauá, um ativo público ocioso que serviu como pano de fundo para um ousado projeto de intervenção na paisagem urbana mediante grandes investimentos em edifícios.
O projeto não saiu do papel. Além da falta de investidores, surgiram protestos de segmentos da população, que lutam pela preservação da fisionomia do centro da cidade.
Todas as manifestações surgidas durante o debate na tarde de quarta-feira (27) revelaram-se pessimistas.
Em Porto Alegre a construção civil vem erguendo grandes prédios residenciais e de escritórios, mas a prefeitura não conseguiu concluir obras para a Copa 2014 e deixou para trás projetos fundamentais para a mobilidade urbana, como os terminais de ônibus conhecidos por BRTs e o Metrô.
Esse e outros temas fazem parte dos estudos do Observatório das Metrópoles, um programa do  Ministério das Cidade que corre o risco de ser parcialmente cortado por falta de verbas.

Chuva adia abraço ao Cais Mauá para o dia 7 de maio

O final de semana chuvoso obrigou os realizadores do abraço ao Cais Mauá a transferirem a atividade, que ocorreria neste sábado, para o dia 7 de maio.
O evento vem sendo preparado há tempo, porém a agenda política antes (a atividade havia sido programada para o dia 17 de abril, data em que foi votado o impeachment de Dilma na Câmara Federal) e agora a previsão do tempo, tem dificultado o encontro.
O coletivo Cais Mauá de Todos quer repetir uma ação de ambientalistas que, na década de 80 fizeram abraçaram o Guaíba para chamar atenção de autoridades à necessidade de preservação do rio.
Leia o especial do JÁ:
DOSSIÊ CAIS MAUÁ – Revitalização desafia governos há três décadas
DOSSIÊ CAIS MAUÁ – Licitação teve um único concorrente
DOSSIÊ CAIS MAUÁ – Mudanças acionárias movimentam milhões
Neste caso, a preocupação não é tanto com o meio ambiente, mas com a proteção da identidade e do patrimônio histórico de Porto Alegre. O grupo é crítico à revitalização do Cais Mauá proposta pelo consórcio vencedor da licitação que tem como principais pontos polêmicos a construção de três torres de escritórios comerciais com até 100 metros de altura (quase o dobro do que permite o Plano Diretor de Porto Alegre), um shopping center ao lado da Usina do Gasômetro e estacionamentos com vagas para ceca de 5 mil automóveis.
Além de atividades culturais como o abraço ao Cais, o grupo encabeça diversas ações judiciais que pedem a rescisão do contrato entre poder público e iniciativa privada – a maior parte usa como argumentos um relatório do Tribunal de Contas do Estado que aponta irregularidades no negócio – e organiza ainda frentes políticas para tentar reverter a situação.

Abraço coletivo ao Cais Mauá clama por projeto alternativo

Neste sábado (23/04), às 17 horas, vai ocorrer um abraço coletivo ao Cais Mauá de Porto Alegre, para chamar a atenção do poder público para a singularidade do espaço, cuja revitalização é questionada por um grupo de cidadãos.
Leia o Dossiê Cais Mauá
A ação, inspirada em um abraço dos ambientalistas ao Rio Guaíba em 1988, é proposta do movimento Cais Mauá de Todos que está convocando a população pelas redes sociais para a defesa um novo projeto arquitetônico e urbanístico para o local.
A revitalização prevista para a área inclui o restauro dos armazéns tomados, porém prevê a derrubada do conjunto A7, que não está sob proteção e a construção de três torres comerciais, shopping center e estacionamento com 5 mil vagas.
A concentração será na Avenida Sepúlveda e terá intervenções artísticas e musicais. “Não vamos permitir que o maior símbolo de Porto Alegre seja privatizado e desfigurado, com a construção de espigões, shopping e mega estacionamentos”, defendem os integrantes do movimento.
Eles lembram ainda que nos anos 50, o Parcão quase virou loteamento de prédios; nos 70, tentaram demolir o Mercado Público e, nos 80, a Usina do Gasômetro. “Todos foram salvos graças a mobilizações da sociedade civil, movimentos espontâneos e legítimos. Demolir, destruir ou desfigurar o patrimônio público e a paisagem de Porto Alegre parece ser o esporte preferido de certos agentes públicos e privados. Agora a bola da vez é o Cais Mauá”, observam.
Se chover o evento será transferido para o dia seguinte: 24/05 no mesmo horário.
SERVIÇO
O que: Abraçaço ao Cais Mauá
Quando: Sábado (23/04)
Horário: 17 horas
Onde: Avenida Sepúlveda (em frente ao portão central de acesso ao Cais)