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O juiz Eugênio Couto Terra, da 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, encerrou a fase de inspeção nas coleções da Fundação Zoobotânica (FZB) do Rio Grande do Sul e abriu prazo de 20 dias úteis para as partes envolvidas – o Governo do Estado e o Ministério Público Estadual – manifestarem-se e juntar aos autos do processo fotos dos locais inspecionados.
“Após, em princípio, haverá decisão”, garantiu nesta segunda-feira. O magistrado está julgando uma Ação Civil Pública, do MP-RS, em defesa da FZB. Terra já realizou duas inspeções. Na primeira, no dia 25 de agosto, visitou o Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA), o serpentário, que está fechado, e uma área restrita do Jardim Botânico que faz limite com a vila Juliano Moreira, cuja entrada é pela avenida Cristiano Fischer. Ali, pode constatar a falta de segurança da área porque partes do muro que separa o JB das casas caiu e não foi reconstruído.
A segunda visita ocorreu no dia 21 de setembro. Desta vez, começou a visita pelo Bromeliário e o Cactáreo do JB, e depois foi ao herbário e à coleção de insetos do Museu de Ciências Naturais.
As inspeções judiciais foram acompanhadas pelas promotoras de Justiça Annelise Steigleder e Ana Maria Marquesan, da Defesa do Meio Ambiente, pelos funcionários curadores das coleções, pelo presidente da FZB e diretores do JB e MCN.
Ação Civil Pública corre desde fevereiro
A liminar solicitada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre impede que o governo do Estado demita o quadro técnico-científico e se desfaça de qualquer bem, móvel, imóvel e de animais que constituem o patrimônio material e imaterial do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, duas das três instituições vinculadas à FZB. O Parque Zoológico não está contemplado nesta ação.
O pedido de liminar proíbe ainda a rescisão de acordos ou contratos que impliquem as atividades de educação ambiental, preservação dos acervos ou pesquisa científica, e impede o desmembramento ou fracionamento da matrícula do imóvel do Jardim Botânico. No caso de descumprimento, multa de R$ 50 mil.
A ação requer que o Estado apresente em juízo um plano para a extinção da FZB que garanta a continuidade e a mesma qualificação de todos os serviços e atividades do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, e providenciar imediatamente o conserto do muro que faz a divisa com a Vila Juliano Moreira com o Jardim Botânico. Por fim, determina ao IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul) a inscrição do Jardim Botânico no Livro Tombo, por já ter sido declarado patrimônio cultural do Estado, em 2003.
Juiz deve decidir em outubro sobre Fundação Zoobotânica

Juiz Eugênio, acompanhado da promotora Ana Marquesan, durante inspeção na coleção de insetos / Mariano Pairet