Bancos e big techs por trás do ataque americano ao Pix, a nova moeda brasileira

Sérgio Lagranha

A investigação que o  governo dos Estados Unidos abriu para apurar “práticas desleais” de comércio no  Brasil tem por trás os interesses de bancos  e empresas de alta tecnologia que operam com intermediação financeira.

No relatório do Escritório do Representante do Comércio dos EUA,  que deu origem ao processo, os autores alegam que “o modelo brasileiro de pagamento pode impactar os negócios de empresas estadunidenses”.

O “modelo brasileiro”  é o PIX, o sistema de pagamento instantâneo, criado pelo Banco Central do Brasil como alternativa rápida e prática aos métodos tradicionais como TED, DOC e boletos.

O levantamento realizado pelo Banco Central mostra que o Pix superou o dinheiro como forma de pagamento mais usada no país, sendo preferida por 76,4% dos brasileiros, enquanto o dinheiro em espécie é usado por 68,9%.

No ano passado, foram movimentados R$ 26,455 trilhões em transferências feitas via Pix, segundo dados do Banco Central.

O economista Paul Krugmann, Premio Nobel de Economia, chegou a perguntar, em artigo sobre o Pix: “O Brasil inventou o futuro do dinheiro?”.

Gratuito para pessoas físicas  e com taxa de apenas 0,33% do valor da transação, para empresas/comerciantes, o Pix é mais vantajoso que os cartões de débito (taxa de 1,33%) e  os cartões de crédito (taxa de 3,24%).

Com isso, os bancos perderam receita e modelos de pagamento como Google Pay e Apple Pay também perdem.  A concorrência afeta os ganhos das big techs – como Google, Apple, Amazon e Meta, que estão cada vez mais presentes no mercado financeiro brasileiro, com foco especial em meios de pagamento digitais.

Essas empresas atuam tanto como facilitadoras de pagamentos através de parcerias com bancos e empresas financeiras, quanto como provedoras de serviços financeiros próprios. É a elas que o relatório se refera quando diz que o Pix “pode impactar os negócios de empresas estadunidenses”.