Bolsonaro deixa hospital para reassumir um governo em chamas

O presidente Jair Bolsonaro “volta ao trabalho” nesta quinta-feira, segundo informou seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Sua foto, sorridente, deixando o hospital Albert Einstein, em São Paulo, foi distribuída no início da tarde de quarta.
Aos 63 anos, Bolsonaro esteve 17 dias hospitalizado, depois de uma terceira cirurgia, para reparar os danos da facada que levou em Juiz de Fora durante a campanha presidencial.
A bolsa de colostomia, que o acompanhou na reta final da campanha, na vitória, na posse  e nos primeiros vinte dias de governo, foi dispensada e suas funções intestinais restabelecidas numa cirurgia de sete horas.
Ele reassumiu o cargo 48 horas depois, mas foi só formalidade, para não deixar o vice, general Hamilton Mourão aquecer a cadeira presidencial. Mesmo agora, fora do hospital, ele tem condições restritas.

Mourão recebe Bolsonaro em Brasilia: muy amigos
Segundo o filho, Bolsonaro vai manter um ritmo reduzido de trabalho e ter contato com poucas pessoas, “por conta da atual fragilidade do sistema imunológico”.
As manchetes da noite de quarta-feira dão idéia do ambiente que o presidente vai encontrar na sua volta ao Palácio do Planalto:
“Bolsonaro endossa postagens do filho Carlos: ministro Bebianno mentiu”.
O caso é exemplar: Gustavo Bebianno, Secretário Geral da Presidência, sob denúncias de fraude eleitoral, disse à imprensa que falou por telefone com o presidente.
Carlos, o filho que esteve com Bolsonaro durante todo o dia desmentiu e o pai confirmou o filho. O ministro entrou em fritura, mas declarou que não se demite.
Outra bomba: “Onyx Lorenzoni diz que Bebianno é serio, responsável e correto”.
É provável que Lorenzoni, ministro chefe da Casa Civil, tenha feito essa declaração antes do presidente ter se manifestado pelo twitter endossando a afirmação do filho Carlos (que Bebiano mentiu).
Lorenzoni saiu em defesa de Bebianno, do PSL, pela influência que ele tem na Câmara, onde o governo vai precisar de votos para aprovar a reforma da Previdência. Trombou sem querer com o presidente.
Mas como é que fica um chefe da Casa Civil defendendo um ministro que o presidente confirma que é mentiroso?
“Alguém tinha dúvida de que Jair Bolsonaro teria muita dor de cabeça com os seus filhos? Era evidente que aqueles egos enormes causariam problema. O que não se imaginava é que seria tão cedo”, escreveu Ascânio Seleme, no Globo.
Ele lembra que ainda não é tudo. Há o “Caso Queiroz”, que envolve o senador Flávio Bolsonaro e é uma bomba que ainda não foi desativada. E a reforma da Previdência, sobre a qual não há consenso e está prometida para antes do carnaval.
Com a saúde frágil, um ministério batendo cabeças, um vice no qual não confia, filhos mordidos pela mosca azul, e uma pressão enorme por mudanças, Jair Messias Bolsonaro volta a Brasilia numa situação nada invejável.
 

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