Eleição de Bolsonaro: nada de novo no Brasil da plantation

Muitos ficaram surpresos com a vitória de Jair Bolsonaro para o cargo de Presidente da República, mas a história da política brasileira mostra que, independente de nomes, estamos sempre entre um representante do nacionalismo moderno, que valoriza a cultura, a diversidade e o seu povo e um projeto que tem como base e a plantation. 

Esse velho sistema de exploração colonial utilizado entre os séculos XV e XIX, principalmente nas colônias europeias da América, tem quatro características muito atuais por aqui: grandes latifúndios, monocultura, trabalho escravo e exportação para a metrópole.

Um exemplo é o período do marechal do Exército Eurico Gaspar Dutra, presidente do Brasil entre 1946 e 1951. Suas ações: cassação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o rompimento de relações diplomáticas com a URSS; a constituição de uma aliança com setores políticos conservadores; a repressão sobre o movimento sindical. Na política externa, reforçou a aliança com os Estados Unidos.

Dutra foi Ministro da Guerra do governo anterior, de Getúlio Vargas, nacionalista. Mesmo saindo de uma ditadura do Estado Novo, o povo queria a continuidade de Vargas no poder. O movimento “queremista” designou-se assim por conta do surgimento das inscrições “Queremos Vargas” nos muros das principais cidades do país.

A candidatura de Eurico Gaspar Dutra foi lançada pela coligação entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ambos criados com a pretensão de continuidade das políticas varguistas. No entanto, Dutra afastou-se do varguismo e aliou-se à UDN por meio do Acordo Interpartidário.

Economicamente, Dutra aderiu aos princípios liberais, reduzindo os investimentos públicos e promovendo o arrocho salarial. O incentivo às importações dilapidou as reservas de moedas estrangeiras e desequilibrou as contas públicas com o crescimento da inflação.

O governo Dutra foi a clara afirmação dos laços de dependência com o imperialismo e período em que a economia de exportação buscaria retomar a sua predominância sobre a de mercado interno.

“Politicamente as limitações democráticas seriam ostensivas: aliaram-se os partidos ditos conservadores, para manipular o aparelho de Estado, com ampla liberdade de movimentos, as soluções policiais tornaram-se a norma. As relações com a União Soviética, que haviam sido estabelecidas, e de que o setor empresarial poderia esperar grandes proveitos, pela abertura de novos mercados, foram interrompidas de forma grotesca, ” diz Werneck Sodré.

As áreas prediletas para concessões foram energia e minérios, inclusive com empréstimo externo a que o governo brasileiro daria o seu endosso, como o da Bond and Share, enquanto se faziam concessões de exploração mineradora de que foi típica a do manganês do Amapá.”

Portanto, nada de novo. Provavelmente o rodízio continuará nas próximas eleições. O resultado é que o Brasil não avança, sendo eternamente o país do futuro que não chega nunca.

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