A operação que matou 121 no Rio, há uma semana, foi mais do que uma ação de segurança pública, foi um lance político, de longo alcance.
Com ela a extrema direita retomou o protagonisno na disputa pelo poder, que estará em jogo nas eleições presidenciais do ano que vem.
“Bandido bom é bandido morto” é um slogan que seduz tanto a classe média que vive assustada quanto o morador da periferia, que vive assediado pelo crime.
Está provado que essas operações violentas não são eficazes contra o crime organizado. Atingem os “soldadinhos” que são logo repostos. Há mão de obra abundante para o tráfico nas 1.900 favelas do Rio.
Mas as comunidades acossadas pelo medo não podem esperar por soluções de longo prazo.
O massacre do Rio e suas consequências – cresceu 10% a aprovação do governador Claudio Castro, 77% aprovaram a operação – encorajou prefeituras e governos alinhados à direita a inundarem as redes sociais com suas “ações saneadoras”.
O prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, por exemplo, faz postagens diárias sobre seu programa de “higienização” de Florianópolis, devolvendo moradores de rua para sua origem, triando quem entra na cidade.
O governador Jorginho Melo segue no mesmo tom mostrando os resultados de sua política de tolerância zero com a bandidagem. Nesta semana, PM catarinense “neutralizou” mais cinco traficantes, segundo os jornais.
Na medida em que não tem solução a curto prazo, o tema da segurança, além do seu potencial de votos, representa para a extrema direita, no caso de insucesso eleitoral, a possibilidade de um último recurso: chamar a intervenção americana em nome do combate ao “narcoterrorismo” fora de controle.