Estética do cimento e do contêiner desfigura monumentos e a paisagem urbana em Porto Alegre

Ocupação do parque, sem respeito à paisagem

 

Seis toneladas e meia de cimento foram utilizadas para a confecção das 128 esferas (52 quilos cada uma) colocadas no passeio de um dos locais mais simbólicos de Porto Alegre – o Largo Glênio Peres, defronte ao Mercado Público de Porto Alegre.

O objetivo das esferas (de “desenho futurista”, segundo a prefeitura) é delimitar o espaço para estacionamento  de carros no local. (Algumas delas foram arrancadas nos últimos dias por motoristas afoitos).

Seis toneladas e meia de concreto para colocar 128 esferas no passeio.

Além das esferas,  duas fileiras de bancos e duas pistas de passeio, tudo de concreto, foram implantados em obras de “revitalização do espaço”.  E a prefeitura anuncia que vai instalar novos “balizadores” em outras áreas da cidade, como a orla de Ipanema, por exemplo.

Além dessa “estética do cimento”, a administração municipal de Porto Alegre tem dado exemplo de insensibilidade em relação à paisagem urbana e ao patrimônio histórico com a proliferação de contêiners junto a monumentos e bens tombados.

O conteiner, fora da distância regulamentar, tira parcialmente a visão do monumento ao Expedicionário, obra de Antonio Caringi.

É o caso do conteiner que serve de posto para a Guarda Municipal no parque da Redenção, que interfere no espaço visual do monumento ao Expedicionário, uma das obras marcantes  do parque.

Assim como o conjunto de conteiners que foram instalados no terreno recuperado depois de 30 anos de ocupação irregular por um posto de combustíveis, na frente do mercado Bom Fim.

Num espaço onde há duas igrejas tombadas – Espirito Santo e Santa Teresinha – os enormes caixotes de metal, coloridos, desfiguram totalmente a paisagem do entorno, em um dos pontos mais movimentados do parque.

E vem mais poluição visual por ai.  A prefeitura já anunciou a ampliação do número de painéis eletrônicos para veiculação de propaganda  junto aos pontos de ônibus da capital.  A concessionária Eletromidia em parceria com a Claro, argumenta que os painéis representam “companhia a usuários nos pontos de ônibus durante a noite e a madrugada”.  A entrega prevê a instalação das telas digitais em 50 abrigos na Capital, em locais definidos com base em “critérios técnicos”, estabelecidos em conjunto com a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMMU) e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).

“Os equipamentos irão trazer mais segurança, principalmente às mulheres”, declarou o prefeito Sebastião Melo ao autorizar os novos painéis.

O projeto faz parte de uma Parceria Público-Privada (PPP) entre a Prefeitura de Porto Alegre e a Eletromídia, concessionária, “sem custos diretos para o município”. Em troca da implantação e manutenção dos equipamentos, a empresa tem o direito de explorar espaços publicitários nos painéis, conhecidos como Mobiliário Urbano para Informação (MUPIs).