A foto do ex-presidente Lula com o neto Arthur no colo em seu aniversário de 70 anos, no dia 27 de outubro de 2015, voltou a circular neste fim de semana.
Arthur, agora com sete anos, teve morte repentina por meningite na sexta-feira.
A foto do ex-presidente na manhã deste sábado, 02, chegando escoltado para o enterro do neto é um último elo de uma corrente de revezes que Lula vem sofrendo nestes quatro anos e cinco meses que transcorreram entre os dois fatos.
Quando comemorou seus 70 anos, Lula ainda desfrutava a aura de estadista adquirida nos oito anos de seus mandatos presidenciais (2003-2010).
No velório do neto, era a imagem do homem amargurado, preso num labirinto, a quem o ódio dos inimigos quer negar até o direito de se despedir de familiares que morrem.
Quando comemorou os 70 anos, o ex-presidente já tinha sinais visíveis da crise que rondava a “instituição” Lula, alternando boatos e acusações sem comprovação que não poupavam a sua família.
Mas, enquanto a presidente Dilma Rousseff já era atacada pela oposição com ameaças de pedidos de impeachment, Lula seguia praticamente ileso.
Como instância suprema do PT, ele pairava como uma força de resistência, uma reserva que a qualquer momento poderia oferecer a solução para a crise, a despeito da raivosa polarização que se consolidava.
Nas redes sociais, a hashtag criada para a comemoração alcançou o primeiro lugar nos Trending Topics Brasil e o sexto, nos mundiais.
“Com a tag #Lula70, os brasileiros relembraram as conquistas dos últimos anos e parabenizaram o ex-presidente. A Central Única dos Trabalhadores parabenizou o petista pelas redes sociais”.
Já naqueles dias, porém, a Polícia Federal tratou de colocar o ex-presidente dentro do furacão de denúncias que varreu a política nacional em praticamente todo o ano de 2015.
Naquele mesmo mês de outubro investigações das Operações Lava Jato e Zelotes chegaram ao petista e seus familiares. Não bastasse isso, pesquisas apontaram uma queda em sua popularidade.
A empresa LFT Marketing Esportivo, de Luís Claudio Lula, filho do ex-presidente, foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, em São Paulo, no dia 26 de outubro.
No mesmo dia uma pesquisa do Ibope aponta que o ex-presidente tinha a maior rejeição entre os prováveis candidatos ao Planalto nas próximas eleições. Lula não teria “de jeito nenhum” o voto de 55% dos entrevistados. Em maio do ano anterior, esse percentual era de 33%.
Apesar disso, o ex-presidente continuava à frente dos concorrentes.
Quando os perguntados em quem votariam “com certeza”, 23% dos eleitores apontavam Lula (era 33% em maio de 2014), ante 15% de Aécio Neves (PSDB) e 11% de Marina Silva (Rede).
Só em março de 2016, Lula foi se dar conta do nó que se fechava em torno dele.
O juiz Sérgio Moro, condutor da Lava Jato, determinou sua condução coercitiva para depor. Ele estava implicado em dois processos dentro da Lava Jato, o do triplex do Guarujá e o do Sítio de Atibaia.
Em 3 de fevereiro de 2017, Lula perde a mulher, Marisa Letícia, que sofreu um AVC.
Em julho de 2017, foi condenado pelo juiz da Lava Jato na primeira instância, Sérgio Moro a nove anos de prisão, no caso do triplex em Guarujá (SP).
No dia 24 de janeiro de 2018, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) condenou Lula em segunda instância, aumentando a pena para 12 anos e 1 mês de prisão – pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro – com início em regime fechado.
Na quinta-feira, 5 de abril de 2018, o juiz Sérgio Moro determinou a prisão de Lula. Há um mês quando morreu Vavá, seu irmão mais velho, ele não teve permissão para ir ao enterro.
Saiu da cela da carceragem da Polícia Federal em Curitiba neste sábado, 2 de fevereiro de 2019, escoltado por policiais de metralhadora, para velar o neto.
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