Entre as autuações, está um homem, preso em flagrante, pela venda irregular de combustíveis a grupos criminosos.
Um caminhão-tanque foi apreendido e a polícia apurou que o suspeito vendia cada galão de gasolina a R$ 70 aos criminosos.
O número de mortos subiu para três, com a morte de dois suspeitos ainda não identificados na madrugada deste domingo (6).
Segundo a polícia os dois foram surpreendidos quando tentavam incendiar um posto de atendimento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Um terceiro suspeito havia sido morto na quinta-feira, quando tentava destruir um radar de trânsito. Reagiu e foi morto pela polícia.
Entre o material apreendido até agora estão coletes à prova de bala, um revólver calibre 38, cartuchos de munição, coquetéis molotovs, galões de combustíveis, além de um veículo.
Os ataques atingem a capital e outras 23 cidades do Estado.
Os 300 homens das Força Nacional de Segurança enviados ao Ceará desde sábado fazem o policiamento ostensivo nas ruas de Fortaleza, em apoio aos agentes de segurança do estado.
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo informou nesta segunda feira que a circulação dos ônibus voltou ao normal na capital, Fortaleza, No domingo, apenas 136 ônibus de 81 linhas estavam circulando.
Em um dia normal, a frota de ônibus é de 1.810 veículos urbanos e 350 metropolitanos.
Em resposta aos crimes, o Governo do Ceará começou a transferir os chefes de facção criminosa do Ceará. Um já foi transferido para um presídio federal fora do Estado.
Outros 19 detentos também devem ser transferidos nos próximos dias. A intenção é remeter para outras cadeias fora do Estado 60 criminosos.
A Secretaria da Segurança e Defesa Social do Ceará ainda não se pronunciou oficialmente sobre o motivo dos ataques no estado. Tudo indica, no entanto, que eles estão relacionados às medidas anunciadas, para retirar e impedir a entrada de celulares nos presídios.
A sequência de ataques iniciou após a divulgação pelo novo secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, das meditas para impedir o acesso a celulares dentro da prisão.
No dias seguintes, os agentes penitenciários aprenderam 407 celulares em presídios onde estão os chefes das facções criminosas. A reação começou com um motim e depois se estendeu às ruas.
O presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa, afirmou que os atentados são uma represália a essas medidas do novo secretário de Administração Penitenciária.
Os chefes das dias maiores facções teriam feiro um “pacto de união”, com o objetivo de “concentrar as forças contra o Estado”.
Em pixações em prédios públicos de Fortaleza, criminosos escreveram que “não vão parar até o secretário sair”. “Fora Mauro Albuquerque”, diz a mensagem.
Últimos ataques
Em Fortaleza, por volta de 1h, uma oficina mecânica que atende a Enel foi incendiada.
Dois veículos foram destruídos pelas chamas. Já no bairro Couto Fernandes, também na capital, uma loja de móveis foi queimada por criminosos.
Em Reriutaba, no interior do estado, bandidos queimaram uma ambulância do município.
Problema nacional
De acordo com o secretário Mauro Albuquerque, o controle da entrada de celulares é uma das prioridades da sua gestão à frente da Administração Penitenciária. O cargo foi criado no dia primeiro de janeiro, no segundo mandato do governador do Ceará, Camilo Santana (PT).
“É uma das medidas, mas não a única. Investir nos equipamentos que impeçam a entrada de objetos é um trabalho mais importante e que vamos aprimorar aqui”, afirmou Mauro.
Segundo ele, para ter realmente eficácia, esses medidas term que ser estendidas a todo o pais, pois “o crime hoje está organizado nacionalmente, para além das divisas. Então não adianta uma unidade possuir o bloqueio [de sinal de celular] e as demais, não”.
Esse, na verdade, é um assunto tabu no meio penitenciário. O bloqueio de celulares é unanimemente considerado indispensável para cortar o comando das facções de dentro dos presídios. Mas as autoridades tem hesitado, ante a ameaça ostensiva dos criminosos de retaliarem com ondas de atentados, como está ocorrendo no Ceará.