Ruas diz que a gestão de Sebastião Melo é marcada por “negacionismo e bolsonarismo”

Ruas é o líder da oposição na Câmara. Foto: Desirée Ferreira/CMPA

No primeiro semestre do ano de 2021, o governo do prefeito Sebastião Melo (MDB) obteve 100% de aprovação nos seus projetos enviados à Câmara de Porto Alegre. Das 15 matérias apresentadas pelo Executivo, todas foram aprovadas no Legislativo, com uma ampla vantagem nas votações, uma média de 26 votos a favor contra 10 contrários.

Esses resultados mostram que o prefeito Melo tem uma base de governo bastante sólida, que vota junto com o Executivo, diferentemente de seu antecessor, o ex-prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que teve projetos importantes não aprovados pela casa. Um exemplo disso é o projeto da reforma da Previdência dos servidores municipais, que foi rejeitado no governo Marchezan e aprovado no governo Melo, com 24 votos sim e 12 não.

 O líder do governo na casa, vereador Idenir Cecchim (MDB), atribui essa aprovação de 100% dos projetos propostos à “boa política e principalmente ao diálogo, uma característica do prefeito Melo”.

 Outro motivo para o sucesso dos projetos, de acordo com o vereador, é que alguns dos vereadores chamados independentes votaram a favor do governo em quase todos os textos.

Uma exceção foi a reforma da Previdência, na qual os parlamentares do PDT votaram contra o texto por uma determinação do partido.

A situação da oposição já é diferente, dos 9 projetos propostos, apenas dois receberam votos suficientes para aprovação, ambos do vereador líder da bancada petista, Aldacir Oliboni.

“Uma linha política de esmagar, a linha bolsonarista… Atacar a esquerda sempre, destruir a esquerda, para termos determinadas posições dentro da Câmara, nós tivemos que buscar em janeiro no Judiciário, nem espaços na câmara queriam nos dar”, observou Ruas sobre a representação das bancadas minoritárias nas instâncias do Legislativo.
O parlamentar ainda criticou a falta de projetos de combate a pandemia de autoria do governo, e disse que o governo Melo é marcado pelo “negacionismo e bolsonarismo”.

 Em contrapartida, quando se trata da base governista, dos 28 projetos propostos apenas um não foi aprovado. Os vereadores com mais projetos aprovados pela casa foram Moisés Barboza (PSDB) e Felipe Camozzato (Novo), ambos com quatro projetos.

Doutor em Ciência Política e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rodrigo Stumpf avalia que é preciso conjugar uma série de fatores para contextualizar os bons resultados do prefeito Melo nas votações do Legislativo.

“Há uma combinação de fatores, alguns pessoais e outros políticos. Em primeiro lugar, a pessoa do prefeito Melo tem perfil mais conciliador que Marchezan, e uma trajetória anterior na Câmara que facilita as negociações. Marchezan fazia confronto, como se quem fosse contra suas propostas fosse o inimigo. Em segundo lugar, a base de apoio ao Executivo parece menos fragmentada que na gestão de Marchezan, que conseguiu transformar o partido do vice-prefeito em oposição.”

“A situação da pandemia, com sessões remotas, dificulta a pressão dos setores interessados, como servidores ou empresários, sobre os vereadores. Diminui o custo de decisão, pois gera menos polêmica do que votar em um plenário vaiando o voto. Resta saber se esta situação vai se manter ao longo da gestão ou aos poucos a necessidade de acomodar interesses conflitantes pode cobrar seu preço na unidade da base de apoio”, pondera o cientista político.

Outras 24 propostas seguem tramitando, como os PLs envolvendo o transporte coletivo, o cancelamento do aumento do IPTU e a desestatização da Carris.

Entre os novos temas que serão encaminhados, estão projetos envolvendo os próprios municipais, a redução de ISS para o setor de eventos e a extinção da Taxa de Fiscalização da Localização e do Funcionamento (TFLF) para todas as empresas.

Além dos vereadores, também participaram da reunião o vice-prefeito Ricardo Gomes (DEM) e secretários municipais.

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