Eleito senador com 2,3 milhões de votos, em 2018, Luis Carlos Heinze trabalha intensa e ostensivamente por sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul, pelo Partido Progressista.
Engenheiro agrônomo, de 71 anos, foi prefeito de São Borja e cinco vezes deputado federal. Destaca como sua principal característica a “capacidade de fazer acontecer” e diz que tem apoio garantido do presidente Bolsonaro.
Sua carteira de candidato a governador tem mais de 100 projetos de impacto. “Eu pego e resolvo, eu trabalho”, resume ele nesta entrevista ao JÁ.
Há décadas o RS se debate com um déficit estrutural nas contas públicas. Como atacar isso?
-O projeto que nós vamos apresentar, o Porto de Arroio do Sal, é a forma que eu quero demonstrar como se faz as coisas acontecerem aqui. É uma obra de mais de duzentos anos, começou com o Dom Pedro II, Deodoro da Fonseca, Presidente Getúlio Vargas… e eu resgato essa obra e apresentamos oficialmente na Fiergs: um segundo porto marítimo para o Rio Grande do Sul. São R$ 5 bilhões em investimentos, não é sonho e eu consegui resgatar…
Como?
-Comecei isso em julho de 2018 e agora eu estou como uma proposta entregue. Eu pego o assunto pra resolver. Dessa forma eu quero mostrar que consigo resolver situações críticas do Rio Grande do Sul e a infraestrutura é uma delas e aqui está um exemplo claro do que a gente pode fazer pelo Estado. Essa é a maneira… eu sei da dívida. O Eduardo Leite, além de ter recebido um repasse federal de R$ 2,5 bilhões ele também não pagou a dívida, pois ele tinha autorização pra não pagar, devido à uma lei que nós aprovamos no Congresso Nacional que os municípios e estados não pagassem as dívidas em função da pandemia e faz três anos que Dele não paga essa conta, está bem, isso ajudou o Estado mas essa conta se incorpora e alguém terá que pagar, essa conta é do Estado.
O governador sinalliza um certo equilíbrio mas e o futuro?
-Equilíbrio porque ele recebeu dinheiro federal, não pagou as dívidas e privatizou, ok. Mas o equilíbrio dele é esse. Se ele tivesse pago alguma prestação a situação não seria essa, como ele não pagou nenhuma prestação é lógico que ele ficou numa situação confortável.
O governo Leite manteve uma política semelhante à do governo Sartori, de cortes e privatizações. O senhor vai r pelo mesmo caminho?
-O Sartori fez o certo eu faria a mesma coisa. O Eduardo veio na mesma linha fazendo o equilíbrio e eu vou seguir na mesma linha com relação ao que está acontecendo hoje. A diferença é fazer investimentos como eu estou mostrando hoje pra vocês, que é real, coisas que eu posso fazer, estou fazendo como senador e como governador vou fazer muito mais.
Os investimentos diminuíram…o RS perdeu capacidade de atrair investimentos?
-Tem que ir buscar e, se eu estou mostrando, é porque eu estou buscando. Nós vamos mostrar uma outra obra, uma dragagem na Lagoa Mirim… esta era de 1961. Como eu resgato essa obra em um ano e quatro meses? Eu pego e resolvo, eu trabalho. Como senador, com a minha assessoria, estou fazendo isso. Então você tem que buscar os investimentos que interessam paro Estado. Nós temos carência de energia. Tem uma empresa estrangeira que quer fazer três parque eólicos em Alegrete, Quaraí e Uruguaiana. São 1.500 megawatts, sete bilhões em investimento, estou trabalhando pra resolver isso. Eu pego e resolvo, na função de senador que eu tenho e com a liberdade que eu tenho de entrar nos Ministérios e tocar esses assuntos. Assim tem que fazer em qualquer projeto. Eu tenho uma lista de mais de cem projetos para o Estado. As coisas chegam na gente e eu pego pra resolver. Eu recebi uma demanda de concessionar o Parque de Aparados da Serra, já é uma realidade. Floresta Nacional de São Francisco de Paula, foi conce
ssionado. E agora Floresta Nacional de Canela. Eu pego o assunto…é pra resolver. Só esses três parques tem investimento de R$ 400 milhões da iniciativa privada no Rio Grande do Sul, isso é turismo e desenvolvimento. Se chega isso pro senador Heinze eu acredito que vai chegar muito mais pro governador e eu vou resolver. A minha diferença é essa, eu pego e faço.
Como veio a ideia dessa pré-candidatura?
Eu já era pré-candidato em 2018… Por motivos internos me puxaram o tapete eu acabei não concorrendo e hoje voltei com o mesmo projeto. Conversei no partido e estamos trabalhando nesse assunto.
O cenário político é mais favorável que há quatro anos?
Eu tenho que enfrentar, se é favorável ou não… eu acho que posso ajudar. Tenho um mandato garantido… mas não é por isso. É porque eu posso ajudar, olhando para o meu retrospecto, eu vejo que posso ajudar
E quais são os maiores problemas?
O maior de todos os problemas é esse: fazer e acontecer…Nós já visitamos sete regiões do estado…O que nós estamos ouvindo de queixa na educação! Os piores índices são do Rio Grande do Sul. Então tem um foco importante que eu quero trabalhar: políticas continuadas para educação. Tem Estados que estão melhor que a gente e que fizeram isso, então, nós temos que fazer a mesma coisa.
E a Saúde?
Tenho recebido queixas na Saúde, por esse esquema que está sendo montado pelo governo. Agora mesmo estava na Assembleia e, na saída, o Jairo Jorge (prefeito de Canoas) me falou…Canoas está perdendo milhões, outros municípios também, então vamos rever essa posição que isso diz respeito diretamente aos municipios e aos hospitais que nós temos no Estado… Tem que olhar essa posição. A mesma coisa na Segurança…Tem que dar tranquilidade para a população, com a Brigada, Policia Civil e Susepe… políticas pra nossa população ficar segura. São esses os três pilares.
O PP compõe o atual governo, ajuda o Leite a governar. O que vai ser diferente com o senhor no governo?
O meu jeito de ser, as minha forma de trabalhar… Eu resolvo questões.
São dois pré-candidatos aliados ao presidente Bolsonaro: o senhor e o ministro Onyx Lorenzoni. Como vai ser isso? E as alianças?
Sou candidato, quero o apoio do Bolsonaro e ele já me disse que vai me dar esse apoio. Se o Onyx vier também, não tem problema . Serão dois palanques para o Bolsonaro. Esse é o primeiro ponto acertado. Segundo são as alianças… eu tenho uma vaga para vice e outra para o senado. Já conversamos com o Republicanos, com o PTB, com o PSC. Então já há conversas no sentido de buscar alianças, fortalecer o tempo de televisão, a nossa base aliada, mais prefeitos e deputados para nos fortalecer na campanha. Essas conversas estão acontecendo… Nós temos vaga para o senado, nós temos a Ana Amélia, que eu respeito muito, mas nós precisamos, fechar vice e senador… agregar mais gente. O partido não tem condições de uma chapa pura pra concorrer ao governo do Estado. As conversas estão acontecendo.
Ser o candidato único do Bolsonaro seria melhor…
Ele me ajuda e eu ajudo ele sem sombra de dúvida. Eu tenho mandato no Estado, o partido é muito forte no interior. O pessoal da agricultura, do comércio está nos apoiando. Eu estive em Bento Gonçalves, as pessoas apoiam o trabalho da gente. Eu tenho andado o Estado falando com os empresários de todas as áreas, levando a mensagem do nosso projeto.
E a resposta?
O pessoal tem se mostrado satisfeito, porque é alguém da iniciativa privada, como eu sou…Trabalho uma vida nessa área. Eu nunca fui empregado, sempre fui patrão, dono do meu nariz, das minhas coisas. Então eu acho que posso ajudar pela experiência de quem começou e chegou aonde eu cheguei.
O senhor começa a nossa entrevista falando do Porto do Arroio do Sal. Esse será o seu grande projeto como governador?
Esse é um projeto. Isso vai acontecer e ser inaugurado quando eu for governador, ponto. É um deles. Hoje tem várias propostas. Tem as hidrovias… o caso da lagoa Mirim. Estamos trabalhando Jacuí, Ibicuí, voltar esse sistema, diminui o custo de produção e possibilita ampliar a produção do Estado. O setor florestal é muito importante.Nós vamos apresentar para os Ministério da Agricultura e Meio ambiente um projeto sobre florestas, programa de peles e madeiras, além da CMPC…para a exportar para Europa, China e Japão. Aí você entra com Etanol, com hidrogênio, isso está na mão. Para pegar também crédito de carbono, é o momento. Nós apresentamos essa proposta e foi levada para COP26, empresários nos procuraram e fizemos esse pedido imediato junto ao governo. Aqui estou colocando coisas que são possíveis fazer.
O Programa de Recuperação Fiscal, que o governo do Estado negocia com a União para resolver a questão da dívida, prevê privatizações nas áreas de energia, saneamento e financeira. A CEEE foi privatizada, a Corsan também… e o Banrisul o que o senhor vai fazer com ele?
Isso tem que ser avaliado. Nós estamos olhando, eu vou examinar isso com calma. O banco dá lucro, mas tem olhar a posição quanto vale hoje quanto pode valer daqui dez anos. Essa questão de custo benefício e oportunidade é que nós vamos avaliar bem. Eu tenho alguém pra me orientar, não posso dizer vou privatizar tudo. Vou examinar essas situações, afinal eu tenho que equilibrar as contas do Estado. Na dívida do Estado, eu já comecei um trabalho com o Caiado (Ronaldo Caiado, governador de Goiás), com o Dória, de São Paulo, com o Ratinho do Paraná. Hoje São Paulo é o maior devedor, Minas é o segundo, depois vem Rio e depois Rio Grande do Sul. Goiás, Paraná também são devedores. Eu quero reunir governadores fortes para poder conversar com o próprio presidente a forma que a gente pode resolver esse impasse. Eu quero enfrentar esse problema, porque não pode hoje da forma que está o Estado não se viabiliza. Mesmo com as privatizações que podem ocorrer não pagam as contas que tem com a União que hoje está em R$70 bilhões.
De que forma fazer isso?
É fazer uma negociação diferente da que foi feita em anos anteriores.
O Plano de recuperação nos termos em que está…
É insuficiente, não paga. Isso asfixia o Estado, não deixa ele fazer nada. O governador conseguiu fazer porque recebeu R$ 2,5 bilhões do Governo Federal e não pagou nenhuma prestação e recebeu ativo. Tá bom, está comôdo, mas eu sei que em 2026 não vai ser assim.
Mas pra essa negociação sair do seu jeito, o Bolsonaro tem que estar no governo…
E quero estar com ele…
O senhor já avaliou se for outro presidente, até mesmo de esquerda. O que muda?
Eu prefiro que seja o Bolsonaro, pra mim fica mais fácil, mas se não for eu vou tratar com quem for. Essa dívida dos Estados.. eu tenho que ajudar outros governadores juntos. Não sei quem vai estar em São Paulo, Minas, Paraná… são estados que tem problemas, eu tenho que me alinhar com eles. Quem deve, tem que se alinhar e fazer uma conversa com o governo.
Tem algum movimento seu junto ao Bolsonaro agora?
Não. Eu iniciei uma conversa com o Caiado, Dória e Ratinho e esse assunto não evoluiu. Agora, nessa condição (de governador) eu vou tratar desse assunto. Tem uma assessoria de vários procuradores estaduais que conhecem esse assunto e que vão me orientar sobre esse assunto. Eu já me reuni com esse pessoal.
Indo para o cenário nacional nas eleições. Como o senhor avalia a reeleição do Bolsonaro, as eleições serão diferentes de 2018?
Hoje não está igual a quatro anos atrás. Era uma esperança de mudar, de colocar alguém contra o PT e ponto. O Alckmin não foi páreo pra ele. Hoje tem a posição do PSDB, que terá candidato, MDB que terá candidato, Cidadania que terá candidato, PT, PDT… o próprio Moro. São várias posições, diferente de quatro anos atrás. Falam em polarização, Lula e Bolsonaro, não sei se vai ficar bem assim.
Não vai ser polarizado?
O Lula é forte e é candidato, o Bolsonaro é forte e é candidato. Pode até ser… pode tambám aparecerem nomes novos, vamos ver como a população vai reagir.