Os produtores de soja dos Estados Unidos exportaram 12,6 bilhões de dólares para a China no ano passado.
Este ano, a safra de outono em todo o país está em andamento, cerca de 10% já estão colhidos e os compradores chineses não apareceram.
“O país que comprou 52% de todas as exportações americanas de soja no ano passado está completamente ausente”, registrou o New York Times em matéria de capa nesta quinta-feira.
É um dos efeitos da guerra tarifária de Donald Trump, que ameaçou taxar com 145% os produtos chineses que entram no mercado americano.
A China respondeu no mesmo nível, Trump recuou e agora vivem uma trégua de 90 dias, com tarifas entre 10 e 30%, que estão em negociação.
Enquanto isso, os chineses foram procurar soja em outros mercados, até para demonstrar força na mesa de negociações.
Do Brasil, foram 66 milhões de toneladas de janeiro a agosto para a China. “A China nunca comprou tanta soja do Brasil como em 2025”, saudou a Infomoney, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Quanto a Trump, recuou nas tarifas sem evitar os prejuízos já calculáveis e segue dando sinais de uma política externa errática. Nesta semana, ele prometeu ajuda à Argentina, onde seu protegido Javier Milei enfrenta uma grave turbulência econômica.
No mesmo dia, a Argentina suspendeu o imposto sobre as exportações de diversas culturas importantes, incluindo a soja. Pouco depois, empresas chinesas compraram mais de um milhão de toneladas de soja argentina, segundo a Reuters, “aumentando a capacidade do país de resistir à compra da safra dos EUA”.
Os produtores americanos ainda esperam que o governo Trump e a China cheguem a um acordo comercial que elimine as tarifas e sejam retomadas as exportações. Parte do prejuízo já é irreversível.
Até julho, a China comprou metade do que havia comprado em soja dos Estados Unidos no mesmo período do ano passado, dados do Departamento de Agricultura, segundo o NYT.
Mesmo compensando com vendas para novos mercados como Egito, Taiwan e Bangladesh, o total das exportações totais de soja dos Estados Unidos já caíram 23% neste ano.
A soja que se acumula com a lentidão das vendas e a estimativa de uma safra recorde de milho em vários estados, fazem prever falta de espaço para armazenar tanto grão.