Jovem de 22 anos, criado num lar republicano, aluno exemplar do ensino médio, aprendiz de eletricista. Não tinha envolvimento político e sequer votou nas últimas eleições.
Esse é o intrigante perfil do homem que matou com um tiro de precisão – disparado a 153 metros de distância do alvo – o ativista Charlie Kirk, do circulo íntimo de Donald Trump.
Kirk falava ao ar livre, sentado num banco alto, quando foi atingido no pescoço. A imagem terrível, com o sangue esguichando e ele caindo para trás, percorre o mundo. Cerca de três mil estudantes o ouviam no pátio da Universidade de Utah.
Tyler Robinson, o atirador, se entregou 24 horas depois na delegacia da cidade de Washington, no mesmo Estado de Utah, a cerca de 400 km do local do crime.
Pelo que a polícia divulgou até agora, ele agiu sozinho. E aí está o ponto mais inquietante: a violência extrema sem um motivo definido.
Segundo os jornais, Tyler foi identificado pelo próprio pai através das fotos que a polícia divulgou, onde aparecia, de boné e óculos escuros. O pai pediu para que Tyler Robinson se rendesse. Ele resistiu, mas depois concordou. O pai, então, entrou em contato com um pastor amigo da família, que informou à polícia.
Tyler contou que chegou à Universidade de Utah Valley quatro horas antes do começo da palestra de Kirk. Vinte minutos depois do início do evento, disparou o tiro certeiro.
Embora o fato de o assassino não ter vinculação política tenha aliviado a tensão inicial, estimulada pelo próprio Trump, os principais jornais americanos não escondem as preocupações com o “ciclo alarmante de violência política” no país.
Trump e muitos de seus aliados atribuíram o atentado à esquerda e incentivaram a vingança elevando a níveis sem precedentes o potencial de violência política nos Estados Unidos.
“Durante anos, a esquerda radical comparou americanos maravilhosos como Charlie a nazistas e aos piores assassinos em massa e criminosos do mundo. Esse tipo de retórica é diretamente responsável pelo terrorismo que vemos em nosso país hoje. E isso precisa acabar agora mesmo,” declarou Trump.
Em extensa matéria assinada por três repórteres, o New York Times mostrou como influenciadores de direita e até funcionário do governo Trump estavam incentivando uma devassa na internet para identificar pessoas que estavam celebrando ou justificando o assassinato.
“A campanha generalizada e rápida de denúncia e humilhação já resultou em inúmeros empregos perdidos, suspensões profissionais e investigações internas, exacerbando as tensões já tensas sobre os tiroteios que existem online”.
Segundo o jornal, o assassinato de Kirk foi imediatamente recebido pela direita com “uma onda de fúria e pesar na tarde de quarta-feira — que rapidamente se transformou em sede de vingança”.
Vários influenciadores das redes sociais, alguns com muitos seguidores, pediram quase em uníssono que se travasse uma “guerra” contra aqueles que consideram seus inimigos
O jornal relata consequências da campanha on line, com demissões de funcionários públicos e de professores por manifestações consideradas ofensivas a Charlie Kirk. O temor latente é que essa intolerância on line se transforme em agressões reais e eleve ainda mais os níveis de violência política, que alguns analistas já veem como prenúncio de uma guerra civil.
Declaração de Trump:
“Durante anos, a esquerda radical comparou americanos maravilhosos como Charlie a nazistas e aos piores assassinos em massa e criminosos do mundo. Esse tipo de retórica é diretamente responsável pelo terrorismo que vemos em nosso país hoje. E isso precisa acabar agora mesmo.”
Na semana passada, num evento dos conservadores, o ativista de extrema direita Jack Posobiec discursou sobre o tema de seu livro, intitulado “Unhumans” (Desumanos), cujo argumento é que as pessoas de esquerda não são, de fato, seres humanos merecedores de respeito e dignidade.