Com licença da administração pública, que lhes cedeu a primeira quadra da Avenida Sepúlveda, junto à Avenida Mauá, na frente do cais do Porto, o Coletivo Prosperarte passou a tarde do último sábado (3º) filmando o videoclip “De Bananas, Lacaios e Tubarões”, a ser lançado nas redes sociais na primeira quinzena de abril. A filmagem objetivava dar conteúdo ao samba-enredo do Bloco Cais Cais Cais.
Escrito pelo historiador Francisco Marshall e o sociólogo João Volino Correa, o clip de cinco minutos é uma sátira ao que ocorre há dez anos com o projeto de revitalização do Cais Mauá, cedido pelo governo do Estado a um consórcio privado que não consegue realizar suas promessas. O título da peça refere-se às personagens envolvidas na história: empresários representados por tubarões, lacaios que os ajudam na administração pública e “bananas” que acreditam que tudo vai dar certo e dão de ombros diante do fracasso dos empreendimentos.
“Enquanto o consórcio está aí parado sem cumprir o contrato, os armazéns do cais estão se deteriorando, sem manutenção”, reclamava Francisco Marshall, enquanto instruía os atores sobre o que fazer a cada tomada da gravação. Em diversas cenas aparece um grupo de “caranguejos”, representando os funcionários que “travam a máquina pública” – palavras do prefeito Nelson Marchesan Jr. em pronunciamento feito no cais Mauá em março de 2018, num evento de retomada do projeto de revitalização e que, no fundo, serviu como pontapé inicial da campanha à reeleição de José Ivo Sartori.

Naquele evento, com cerca de 200 pessoas presentes, a candidatura de Sartori parecia ir de vento em popa, mas acabou mal. Já o projeto do Cais Mauá, animado por uma nova administração, parecia prestes a decolar, apesar de carregar um prejuízo de R$ 50 milhões em seu balanço contábil. Agora, pelo que murmuram alguns caranguejos, o consórcio vem atrasando o pagamento de compromissos mensais.