Agrovenenos voltam a causar morte de abelhas no oeste gaúcho

O colapso de colmeias de abelhas melíferas em regiões próximas de lavouras de soja em Santiago, Mata e Caçapava do Sul, colocou em alerta os apicultores de todo o Estado.

O coordenador da Câmara Setorial de Apicultura no Estado, Aldo Machado dos Santos, anunciou para 27 e 28 de novembro uma reunião geral para tentar implantar o que denomina “jogo de ganha-ganha” entre apicultores e sojicultores.

Se estiverem presentes os representantes dos fabricantes e comerciantes de agrotóxicos, a tendência é de um entendimento.

“É uma minoria de agricultores que faz uso incorreto de inseticidas”, disse Machado dos Santos em entrevista à Rádio São Gabriel na manhã de sexta-feira (16).

Segundo ele, a principal causa da mortandade de abelhas é um ingrediente chamado fipronil, neonicotinóide (feito com base no princípio ativo da nicotina) proibido na União Europeia e de uso autorizado no Brasil.

Segundo diversos estudos, essa substância interfere no sistema nervoso central das abelhas. Em consequência, elas perdem o senso de orientação e não retornam às colmeias. Se retornam, contaminam as famílias, causando a destruição das colmeias.

Os apicultores perdem a produção e, na sequência, precisam investir tempo e dinheiro na restauração dos enxames. “A recuperação dos enxames é rápida”, explicou Machado, “mas o prejuízo para os ecossitemas é incalculável, pois não morrem só abelhas melíferas, mas também as abelhas nativas” — importantes na polinização da vegetação nativa e das lavouras.

Seja qual for o desfecho da reunião da Câmara Setorial de Apicultura, o resultado deverá repercutir no encontro marcado para o dia 1 de dezembro no campus rural da UFRGS em Eldorado do Sul.

Na parte da manhã, haverá palestras técnicas coordenadas pelo professor Aroni Sattler, prestes a completar 30 anos no cargo. À tarde, uma assembléia geral da Federação Apícola do RS, cujos cabeças vêm sentindo no bolso o impacto dos venenos agrícolas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *