1981. Precisávamos de um fotógrafo no jornal A Platéia, de Santana do Livramento.
Pedi uma indicação ao Danilo Ucha, meu sócio naquela empreitada insana.
Teria que ser um principiante porque o salário era exíguo. Estávamos tentando reabilitar um jornal falido.
Ninguém queria ir para o interior ganhando pouco.
Ucha apresentou uma alternativa: o Arfio Fontoura Mazzei, seu enteado, estava interessado na vaga. Tinha 27 anos, não sabia nada de fotografia, mas estava disposto a aprender.
Ricardo Chaves, o Kadão, cuja generosidade é inexcedível, era fotógrafo da Veja em Porto Alegre e aceitou acolher o candidato a fotógrafo em seu laboratório e passou-lhe os fundamentos do ofício, sem qualquer ônus. Aplicado e meticuloso, em pouco tempo era um craque.
Um dos orgulhos que guardo é ter acreditado no “Alemão”. A fotografia era sua vocação e ele soube honrá-la.
Deixou sua pegada no JÁ, no Jornal da Noite e na Zero Hora, entre outros.
Não sei se seu acervo está organizado, nem se está preservado. Sei que tem valor, principalmente no que tem de sensível ao registrar a vida no campo e a natureza do pampa, hoje ameaçada.
Arfio Mazzei tinha 71 anos e faleceu nesta terça-feira 14 de janeiro de 2025.
(Elmar Bones)