HPS em campanha no Dia Mundial Sem Tabaco

Naira Hofmeister

O discurso dos malefícios à saúde que o cigarro causa já foi abandonado pela psicóloga Anete Ingride Kopp, da Comissão de Segurança e Saúde Ocupacional do Hospital de Pronto Socorro. “As pessoas não gostam de perder nada, então, optamos por destacar tudo o que o individuo vai ganhar ao deixar o cigarro”. Anete explica que a argumentação do câncer e outras doenças provenientes do fumo, além de cansarem os ouvidos do sujeito, já deixaram de surtir efeito, pois atualmente há consenso quanto ao assunto. “Todo mundo já está cansado de saber que o cigarro faz mal”.

A psicóloga realiza trabalho preventivo e de apoio aos tabajistas desde o ano 2000, quando o HPS entrou na campanha contra o fumo no rastro da legislação que proibiu o cigarro em ambientes fechados e espaços públicos. De lá para cá viu o sucesso das campanhas refletirem na qualidade de vida dos funcionários do hospital. Da cada 100 pessoas que integram um dos grupos, 25 deixam o vicio e uma boa parte consegue diminuir as quantidades de consumo: “É importante que, mesmo aqueles que não abandonam o cigarro, pensem sobre isso”.

Anete explica que os benefícios para a saúde e bem estar já são sentidos pouco tempo após o último cigarro. Cerca de 20 minutos depois, a pressão sanguínea e  pulsação voltam ao normal. Passadas duas horas, toda a nicotina já foi eliminada pelo corpo e apenas dois dias depois, o olfato e paladar da pessoa já estão mais sensíveis. Quem fica 5 aos sem fumar já tem os riscos de sofrer infarto reduzido e comparável ao de um não fumante. Também não importa quanto tempo a pessoa passou fumando, os efeitos são os mesmos e acontecem da mesma forma em uma senhora de 75 anos que fuma desde os 15 ou num adolescente.

Outra estratégia de abandono do cigarro é pensar no que fazer com o dinheiro economizado, por exemplo. Um fumante que consome dois maços por dia, vai gastar, ao final de uma mês, cerca de R$ 150,00, o que daria para comprar um tênis importado. E meio ano é possível fazer uma viajem à Porto Seguro, na Bahia, no valor de R$ 1.500,00.  A grande maioria é incentivada a interromper o consumo por vontade própria, mas os viciados mais irredutíveis podem receber medicação para auxiliar. Entretanto, Anete adverte que a goma ou o adesivo não são milagrosos e que “antes de mais nada é necessário determinação” para vencer o vício.

Isso porque a reposição de nicotina atinge apenas um dos elementos que compõem o vício: a dependência química. Só essa pode ser vencida com medicamentos, e as outras duas podem se tornar mais complicadas do que a primeira. A dependência psicológica é o que faz o cidadão acreditar que o cigarro alivia seus problemas, e por isso, não se anima a tratar o vício. “É uma maneira de mascarar nossas próprias contradições e fugir das soluções mais difíceis”, pondera. Os hábitos associados também são obstáculos a serem vencidos por quem deseja parar de fumar: evitar o cafezinho, a cerveja e outros comportamentos que incitem o consumo da droga e uma alternativa para as semanas inciais do tratamento.

“Os primeiros vinte dias são os mais complicados, depois disso, o desejo diminui em intensidade e acontece em intervalos cada vez maiores”, inventiva a psicóloga. Para driblara  ansiedade, a terapeuta recomenda exercícios físicos, que liberam endorfina, substância que provoca sensação semelhante ao prazer de fumar um cigarro. Também é importante beber muita água e comer alimentos não calóricos, como frutas e verduras, e também manter o controle da respiração, fazendo exercícios de inspiração e expiração profunda e prolongada.

Para quem se interessa pelo assunto, Anete explica que há um serviço da prefeitura municipal que orienta os tabagistas através do telefone 156 e encaminha para o grupo de apoio mais próximo. O Ministério da Saúde tambem disponibiliza o Disque Pare de Fumar 0800 703 7033. No Brasil, oito pessoas morrem por hora por causa do tabaco, o que equivale a queda de 4 boings 737-700 sem sobreviventes a cada 3 dias ou 40 aviões ao final de um mês.

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