A dificuldade de viabilizar com recursos locais o restauro do Viaduto Otávio Rocha, no Centro Histórico de Porto Alegre, pode levar a prefeitura a sugerir o tombamento nacional do monumento. A obra de engenharia já é protegida pelo município desde 1988.
A ideia foi apresentada pela arquiteta da Secretaria Municipal da Cultura, Briane Bicca, em uma reunião no gabinete do vice-prefeito, Sebastião Melo, na tarde de quinta-feira (14). Caso o monumento se tornasse patrimônio histórico federal, seria possível captar recursos mais facilmente para financiamento da revitalização.
“O Viaduto Otávio Rocha tem todos os requisitos para ser tombado e reconhecido como patrimônio cultural federal ou até internacional”, propôs a arquiteta.
Um projeto de restauro foi apresentado pela prefeitura em setembro do ano passado, mas até agora não houve avanços porque faltam recursos. O autor do projeto, arquiteto Alan Furlan, se comprometeu a organizar um levantamento histórico da edificação para ser encaminhado ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Já o vice-prefeito, Sebastião Melo, sugeriu uma solução via PPP. “Também podemos buscar contrapartidas com a iniciativa privada para a revitalização. A solução para o Viaduto Otávio Rocha não será somente do governo, mas sim de uma ação conjunta da cidade”, defendeu.
Recentemente o cenário do viaduto foi usado para a gravação de um comercial de automóvel. Na ocasião, foram retirados os moradores de rua que habitam o vão sob as escadarias.
Segundo os cálculos feitos pela Associação Representativa Cultural e Comercial do Viaduto, Otávio Rocha (Arcov), são necessários R$ 17 milhões para recuperar o monumento centenário.
administração comunitária
O vice-prefeito, Sebastião Melo sugeriu ainda que fosse discutida uma forma de modelagem para a administração do viaduto, com a participação dos moradores do Centro Histórico, permissionários e prefeitura.
Atualmente, o Viaduto Otávio Rocha possui 34 lojas de diversas atividades. O comércio informal também é rico: agora há até um pintor trabalhando no local.
No final do encontro ficou definido que na próxima semana acontecerá uma reunião de avaliação das ações e propostas com os participantes.
obra foi prevista no primeiro plano diretor
O Viaduto Otávio Rocha começou a ganhar vida em 1914.
O primeiro Plano Diretor da cidade previu que a abertura de uma rua para ligar as zonas leste, sul e central de Porto Alegre, até então isoladas pelo chamado “morrinho”, era esteticamente necessária.
As escavações que rebaixaram o morro e permitiram a construção do viaduto tiveram início com o plano de embelezamento da cidade.