“São fortes os indícios a apontar o assassinato – premeditado – do ex-presidente João Goulart, ordenado e com conhecimento das instâncias mais elevadas do governo Geisel. Comprovou-se a articulação entre as Forças Armadas e os serviços secretos e de inteligência dos governos brasileiro, uruguaio e argentino, mesmo antes da denominada Operação Condor”. Essa é um das mais importantes conclusões que o deputado Adroaldo Loureiro (PDT) apresentou no Relatório Final da Subcomissão da Assembléia Legislativa que investigou as circunstâncias da morte de Jango, em 1976, na Argentina. O material foi entregue nessa quarta-feira (02) na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. A votação deve ocorrer na próxima semana.
No relatório, o deputado indica uma série de encaminhamentos, que servirão de base para que o trabalho de investigação prossiga, tanto em nível do Ministério Público Federal, quanto da Polícia Federal e dos próprios parlamentares. Um desses encaminhamentos pede a desclassificação de todos os documentos relativos ao ex-presidente, até 1977, em todos os graus de sigilo, especialmente as comunicações com as embaixadas brasileiras de Montevidéu, Buenos Aires, Washington, Paris e Londres. Também pede às autoridades dos EUA que tomem o depoimento do ex-agente da CIA Frederick Latrash, como forma de esclarecer sua participação no monitoramento de Jango.
O papel do então integrante do DOPS, Romeu Tuma, hoje senador da República, na investigação dos passos de Jango na França, é outro encaminhamento listado no Relatório Final.
Loureiro diz que ainda não é possível provar o assassinato, mas que os indícios, tanto documentais, quanto testemunhais, apontam para essa direção. “Temos compromisso com a história do Brasil. Por isso, o trabalho vai continuar”, comentou.