Roque Jacoby – Secretário da Cultura do Rio Grande do Sul
A Semana Farroupilha, no ano em que comemoramos os 170 anos da eclosão da epopéia dos farrapos, evoca-nos sentimentos muito profundos ligados ao amor que devotamos ao Rio Grande do Sul. Mesmo os gaúchos que migraram para outras querências, na busca de sobrevivência em outras terras, e são muitos os rio-grandenses que procuraram diferentes destinos, não esquecem seu pago, e o amam profundamente.
O amor ao Rio Grande do Sul não abandona os rio-grandenses, mesmo quando eles estão longe dos pampas. No município de Relvado, na região do Alto Taquari, por exemplo, a cada janeiro, em torno da realização de um rodeio, os exilados voluntários do Rio Grande do Sul que montaram churrascarias pelo mundo afora se reúnem para matar as saudades de suas famílias e dos costumes dos pampas, herdados por atavismo.
E é na Semana Farroupilha que o amor pelo Estado em que nascemos ou que nos acolheu com tanto carinho é expressado pelos desfiles em que cavalarianos, garbosos, traduzem, numa estética impecável, o orgulho de serem filhos do Rio Grande. E com que orgulho estufam o peito para proclamar que aqui nasceram…
Esse é o momento em que vamos às ruas para mostrar um sentimento arraigado ao nosso inconsciente coletivo: de gratidão, admiração e reconhecimento a todos os homens e mulheres que lutaram pelos ideais farroupilhas, de que fosse respeitada nossa terra e de que não houvesse, por parte do Império, um centralismo político e econômico, que aparecia, por exemplo, na cobrança escorchante de impostos, retirados da produção do charque. E o Governo do Estado, por inspiração do governador Germano Rigotto, busca ressaltar muito essa data histórica, tão importante no calendário histórico, estimulando e realizando eventos que a valorizem.
A bandeira do nosso Estado a que assistimos hasteada e desfraldada em todos nossos rincões é uma demonstração de que o pendão empunhado em 11 de setembro de 1836, quase um ano depois de iniciada a Revolução Farroupilha, pelo general Antônio de Souza Neto para marcá-la como símbolo da República Rio-grandense, continua vivo em nosso coração.
Pode ser vista como um sonho de liberdade e um anseio de que as decisões democráticas que os comandados do general Bento Gonçalves da Silva procuravam defender em suas batalhas sejam hoje ampliadas, promovendo-se a inclusão social de milhões de brasileiros aos benefícios da realidade econômica.
Que os ideais farroupilhas nos inspirem a lutarmos para que essa intenção construa, de fato, uma sociedade brasileira mais fraterna e solidária para todos.