Os analistas da mídia ficaram cheios de dedos, mas os fatos são bastante claros.
O que aconteceu na Assembleia Geral da ONU foi o desdobramento dessa guerra político-comercial entre Estados Unidos e Brasil, deflagrada com o tarifaço de Donald Trump, em agosto.
Pela primeira vez, ao invés de curvar-se às pressões de Tio Sam, o Brasil reagiu e, sem abrir mão das negociações, foi à luta e buscar alternativas para os produtos ameaçados, sem mudar o rumo das iniciativas que provocaram o ataque – o processo contra Bolsonaro e golpistas do 8 de janeiro, os acordos de cooperação comercial com a China e a regulação das big techs.
No primeiro mês, as tarifas de 50% impostas por Trump derrubaram em mais de 15% as exportações para os Estados Unidos. Mas, no total, o pais conseguiu aumentar em 3% as suas vendas para o exterior.
Também não surtiram efeito as sanções a ministros e altos funcionários brasileiros: Bolsonaro e seus golpistas foram condenados e estão presos. As pesquisas mostram que a opinião pública apoia a punição e é contra qualquer anistia.
A regulação das big techs e redes sociais que operam no país, obstruida no Congresso, avançou pelo STF. E as relações comerciais com a China seguem florescentes, com acordos bilionários para investimento em infraestrutura e outras áreas. O comércio entre os dois países bate recordes.
Em síntese, se é possível comparar esse embate com uma luta, o Brasil venceu sem dificuldade maior o primeiro round.
O segundo round, foi o que ocorreu na 80a. Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, 23 de setembro de 2025. E aí, se é válida a metáfora do pugilato, pode-se dizer que o Brasil deu uma surra.
Lula disse o que precisava ser dito. Não citou os Estados Unidos, nem Trump, mas o recado foi claro, contra os autocratas, que tomam medidas unilaterais, os que querem interferir na soberania de outros países, os que apoiam as guerras e o genocídio…
Trump em seu discurso foi patético, falseando fatos, atacando a ciência, s. Foi duro com o Brasil, mas no trecho mais agressivo interrompeu a leitura, para dizer que não se sentia muito confortável em falar aquilo porque havia cruzado com o líder do Brasil nos corredores e havia gostado dele. “Nos abraçamos”. E anunciou que combinaram uma reunião na próxima semana.
Dizer que “jogou a toalha” é exagero. Esse embate se dá num cenário internacional de alta instabilidade e muitos pontos de extrema tensão, impossível imaginar sequer quantos rounds terá a luta. Certo é que os dois primeiros, ganhou o Brasil. O terceiro será a reunião de Lula com Trump, ainda não marcada.