Alemão que mudou a cara de Porto Alegre ganha exposição de projetos e desenhos

Wiedersphan em auto retratoACERVO DELFOS-PUCRS/REPRODUÇÃO/JC

Theo Wiederspahn, arquiteto alemão que, se pode dizer, redesenhou a paisagem do centro de Porto Alegre, é tema de uma exposição inédita na Pinacoteca Aldo Locatelli, no prédio da prefeitura antiga (Praça Mondevidéo, 10).

A obra de Wiedersphan é visível em pontos históricos do centro de Porto Alegre: no prédio do  Margs, no Edifício Ely, na Casa de Cultura Mario Quintana e em muitos outros edifícios conhecidos .

Além dos 250 anos de Porto Alegre, a exposição marca também os 70 anos da morte do arquiteto e estará aberta até o dia 20 de janeiro de 2023, com desenhos originais de projetos do artista.
A mostra, com curadoria da professora alemã Vera Grieneisen, resulta de uma parceria entre o Consulado Geral da Alemanha, Instituto Goethe e a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa.

A visitação é gratuita, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30min às 17h. É possível solicitar visitas guiadas, para grupos de até 20 pessoas, pelo e-mail acervo@portoalegre.rs.gov.br ou pelo telefone (51) 3289-3643.
Nascido em 1878, na Alemanha,  Wiederspahn chegou a Porto Alegre em 1908, num momento de efervescencia política e crescimento econômico, com a forte presença de empresas alemãs.

“Sua chegada coincidiu com uma mudança nas paisagens da Capital, que abandonava os ares açorianos originais em favor de uma arquitetura mais eclética, em sintonia com os grandes centros europeus”.

Em associação com o construtor Rudolph Ahrons, com quem trabalhou em seus primeiros anos na cidade, Theo Wiederspahn logo assumiu muitos dos projetos mais importantes daqueles tempos.

Exímio desenhista, Theo elaborava cada detalhe de suas realizações: na Cervejaria Bopp, prédio que hoje abriga o Shopping Total, ele esquematizou pessoalmente os elementos escultóricos da fachada, incluindo o elefante que deixou a estrutura famosa.

“Ele fazia todos os cálculos, desenhava cada viga de cada prédio, até a última calha, até a florzinha da decoração ao lado da janela. Tudo pensando e calculado várias vezes até chegar ao melhor resultado.”

A carreira de Wiederspahn foi afetada pelas duas Guerras Mundiais, que geraram hostilidade e restrições à sua origem alemã, e o realizador enfrentou dificuldades de registro junto aos órgãos oficiais de arquitetura e urbanismo de então – circunstâncias que reduziram muito sua produção em Porto Alegre e o levaram a realizar obras no interior do Estado. Chegou a se afastar da arquitetura em mais de uma ocasião, dedicando-se a criar abelhas em seu sítio na Ponta Grossa, no Extremo Sul da Capital. Depois de décadas de quase esquecimento, a obra de Wiederspahn (vista por especialistas como de qualidade diferenciada, mesmo em comparação com o que se fazia na Europa de então) vem sendo redescoberta e recebendo valorização crescente – processo que a exposição no Paço Municipal certamente ajuda a consolidar.

(Com informações do Jornal do Comércio)

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