Mais uma vez a embaixada estadunidense usou as redes sociais para fazer ameaças às instituições brasileiras. “O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump. Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”, diz a mensagem da embaixada.
É uma intimidação explícita aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes vai levar ao plenário da Primeira Turma da Corte o recurso do ex-presidente Jair Bolsonaro contra a decisão que determinou a sua prisão domiciliar.
O Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, pela quarta vez para dar explicações sobre as ameaças do governo de Donald Trump contra “aliados de Moraes no Judiciário”. O governo entende que as manifestações dos órgãos do Estado do país norte-americano representam clara ingerência em assuntos internos e são ameaças inaceitáveis às autoridades brasileiras.
Quem faz o trabalho sujo, completando as ações do governo norte-americano, é a extrema direita bolsonarista, numa contínua tentativa de golpe, com o apoio de parte da elite brasileira, entreguista desde os tempos da invasão dos portugueses.
A extrema direita beija a bandeira estadunidense e ainda promete entregar o que resta do estado brasileiro, terras raras, Petrobras, autonomia das Big Techs, além da retirada do Brasil do Brics . Segue a ideologia neoliberal, que se desmancha no ar, enquanto o cenário global avança rumo a uma ordem multilateral. Ao mesmo tempo, provoca uma discussão interna no conservadorismo brasileiro: Vamos entregar os anéis, os dedos e tudo mais e voltar ao Brasil do século XIX?
Totalitarismo
Os movimentos da extrema direita bolsonarista atrelada aos interesses do governo Trump nos levam aos escritos do cientista político estadunidense Steven Levitsky, da Universidade de Harvard, autor do livro de ciência política Como as democracias morrem. Ele disse que o retorno ao poder de Donald Trump direciona os Estados Unidos a deixar de ser uma democracia e se converter no que ele chama de “um regime autoritário competitivo”, no qual as eleições seguem existindo, mas sem que as regras do jogo sejam devidamente cumpridas.
Hannah Arendt é uma das pensadoras mais influentes do século XX no estudo do totalitarismo, tema central de sua obra As Origens do Totalitarismo (1951). Arendt argumenta que o totalitarismo não é simplesmente uma forma extrema de ditadura ou autoritarismo, mas um sistema político inédito, baseado no terror, na ideologia e na destruição da esfera pública e da individualidade.
Segundo ela, as ideologias totalitárias fornecem uma explicação supostamente científica da história, justificando a eliminação de “inimigos objetivos”. O terror não é apenas um meio de reprimir opositores, mas um instrumento para eliminar grupos considerados “indesejáveis”.
O totalitarismo dissolve as instituições políticas e sociais que permitem o debate e a ação coletiva, substituindo-as por uma estrutura de poder monolítica. A propaganda e a mentira sistemática corroem a realidade factual.