Modelo matemático da destruição criativa, de Schumpeter, leva Nobel da Economia

O modelo de Solow, desenvolvido por Robert Solow em 1956, é uma teoria econômica que explica o crescimento econômico de longo prazo, considerando a acumulação de capital, o crescimento da força de trabalho e o progresso tecnológico como os principais impulsionadores.

A teoria da “destruição criativa” proporcionou a metade do Nobel de Economia de 2025 a Philippe Aghion e Peter Howitt, enquanto a outra metade do prêmio foi para Joel Mokyr, que identificou os pré-requisitos para o crescimento sustentado por inovação. Juntos, eles foram reconhecidos por “explicarem o crescimento econômico impulsionado pela inovação”. 

No artigo “Estrutura de mercado e inovação” Lia Hasenclever e Patrícia Ferreira revelam que o estudo da inovação tecnológica foi durante muito tempo esquecido pela análise econômica, que priorizava análises de equilíbrio de curto prazo ou, quando se tratava de analisar o longo prazo, dedicava-se à análise da acumulação de capital e da distribuição de renda.

Foi somente após a Segunda Guerra Mundial que as ideias apresentadas pelo economista e cientista político austríaco Joseph Schumpeter (1883/1950) começaram a florescer, fundando o que hoje se denomina Economia da Inovação. Schumpeter, em obras como A Teoria do Desenvolvimento Econômico (1911) e Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942), formulou a ideia da “destruição criativa”.

Segundo ele, o capitalismo se renova continuamente pela introdução de inovações (novos produtos, novos processos, novos mercados, novas formas de organização), que tornam obsoletos os antigos. Esse processo, ao mesmo tempo em que gera progresso, implica perdas para empresas e setores ultrapassados.

Em 1992, Aghion e Howitt formalizaram matematicamente a narrativa de Schumpeter. Eles criaram um modelo matemático endógeno, ou seja, o crescimento vem de dentro da economia, no qual o motor no longo prazo não é apenas o acúmulo de capital ou trabalho, mas sim a inovação, gerada por Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Para Schumpeter, o crescimento capitalista ocorre em ciclos de inovação. Cada inovação introduz uma tecnologia mais produtiva que substitui a anterior. Isso gera ganhos de produtividade e, ao mesmo tempo, “destrói” empresas antigas que não se adaptam. O processo é dinâmico: sempre que surge algo novo, o velho é descartado. Exemplo simples: telefone fixo → celular → smartphone → IA integrada. Cada passo gera progresso e elimina o anterior.

A diferença chave é que Schumpeter mostra uma visão histórica e qualitativa, que o capitalismo progride em ondas de destruição criativa. Já o modelo quantitativo de Aghion & Howitt é capaz de prever como investimentos em políticas públicas (educação, concorrência, subsídios à P&D e outros) afetam a taxa de inovação e, portanto, o crescimento de longo prazo.

Schumpeter disse: “o capitalismo cresce destruindo o velho e criando o novo”. Aghion & Howitt mostraram, com equações, que a taxa de crescimento do PIB depende da velocidade e intensidade com que isso acontece.