Retomada da indústria naval beneficia economia gaúcha

Foto Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta semana, da cerimônia de anúncio do Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras, em Angra dos Reis (RJ), um marco para a retomada da indústria naval brasileira. No evento, foram assinados protocolos de intenções para o reaproveitamento de plataformas da Petrobras que estão em fase de desmobilização, além da publicação de um edital da segunda licitação para a aquisição de oito navios gaseiros para a Transpetro, a maior subsidiária da Petrobras.

A licitação pública internacional lançada pela Transpetro é para a aquisição de oito navios gaseiros com capacidades de 7 mil, 10 mil e 14 mil metros cúbicos.  Com a contratação, sobe de seis para 14 o número de navios da frota de gaseiros, ampliando a capacidade de transporte de 36 mil para até 108 mil metros cúbicos.

A retomada da contratação de embarcações próprias do Sistema Petrobras integra o TP 25, programa da Transpetro que visa renovar e ampliar a frota de navios de cabotagem e aumentar a capacidade logística da Transpetro em 25%. O programa prevê a aquisição de 25 navios de cabotagem e vai atender prioritariamente às demandas de transporte de produtos da Petrobras.

Além disso, a Transpetro anunciou a contratação de 44 novas embarcações de apoio marítimo, incluindo navios de apoio e resposta a emergências (OSRVs), embarcações para inspeção e intervenções em sistemas submarinos (RSVs) e unidades para ancoragem de plataformas (AHTS).

Por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, serão investidos mais de R$ 10 bilhões, com recursos do Fundo da Marinha Mercante, para estimular a indústria naval e fortalecer esse setor, fundamental para a economia brasileira, com a criação de 44 mil empregos diretos e indiretos.

“A nossa ideia de colocar as coisas nacionais, fabricadas pelas nossas empresas, nos nossos navios, na nossa plataforma, na nossa refinaria, é uma missão que a gente vai cumprir a cada dia. Porque nós precisamos ter consciência que um país só será soberano quando o povo tiver orgulho, não só do seu país, mas daquilo que faz, daquilo que ele acredita”, pontuou Lula.

Para o Presidente, é preciso assumir a responsabilidade de defender com mais coragem aquilo que se acredita. “Não é o Brasil que é da Petrobras, é a Petrobras que é do Brasil. Vamos continuar construindo navio, construindo sonda, construindo plataforma, pesquisando, produzindo e refinando petróleo”, destacou.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, ressaltou a importância da companhia para o desenvolvimento do Brasil, destacando o papel da Lei do Pré-Sal no crescimento da cadeia de petróleo e gás no país e garantindo que o reaquecimento da indústria nacional será conduzido com uma transição energética justa.

Segundo ela, a Petrobras é responsável pelo fornecimento de 31% de toda a energia primária consumida no Brasil. “Estamos projetando o futuro da companhia até 2029, com mais de 10 plataformas de grande porte, das quais sete já estão contratadas. Tudo isso é resultado de políticas públicas implementadas por meio da Lei do Pré-Sal. A expectativa é que essas iniciativas impulsionem a geração de empregos e ampliem a participação da indústria brasileira no setor naval e offshore”, afirmou.

Polo Naval de Rio Grande ressurge

O Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras teve início em julho de 2024 e concluiu a primeira negociação em janeiro passado.  Venceu a licitação  promovida pela Transpetro o consórcio formado pelos grupos Ecovix e Mac Laren no valor de US$ 278 milhões.

A Ecovix, responsável pelo Estaleiro Rio Grande, localizado na cidade de Rio Grande (RS), que projeta e constrói estruturas destinadas a operações oceânicas, e o Estaleiro Mac Laren (RJ) Construções de Embarcações irão construir quatro navios classe Handy, graneleiros com capacidade de carga entre 15 mil e 18 mil toneladas, que serão utilizados para transportar derivados de petróleo, como diesel, gasolina e querosene.

O Programa de Renovação e Ampliação da Frota tem a capacidade de reativação de uma indústria que já foi uma das principais do mundo na construção, desmantelada nos últimos 10 anos, com a falta de projetos e a consequente desmobilização da mão de obra.

No Rio Grande do Sul, o polo naval naufragou após o golpe parlamentar que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT) e possibilitou a ascensão de Michel Temer (MDB) à presidência da República, em 2016, e a eleição de Jair Bolsonaro (2019/2022), deixando centenas de desempregados, que vieram de todo o Brasil, e a cidade de Rio Grande literalmente a ver navios.

O complexo que seria instalado pela Construtora Queiroz Galvão, por exemplo, na extremidade sul do Porto Novo, tinha investimento previsto na época de mais de R$ 20 milhões, com uma unidade para construção de estruturas navais, conversão de navios, industrialização de módulos e construção de plataformas de petróleo e gás natural. Não foi adiante.

O consórcio formado pelas empresas WTorre, Estaleiro Rio Grande, Rio Bravo Investimentos, Quip e Petrobras, previa que o dique seco de Rio Grande seria o maior do país e representaria dois mil empregos. Nele seriam construídas plataformas oceânicas de exploração de petróleo e gás, com investimento de R$ 222,8 milhões. Esse projeto também foi suspenso.

Antes, em 2008, a plataforma P-53, da Petrobras, foi a primeira montada integralmente no Porto de Rio Grande, com a utilização de 75% de conteúdo nacional. Na construção foram gerados 4.500 empregos diretos e 15 mil indiretos. Em 2013, ficou pronta a maior plataforma semissubmersível construída no Brasil, a P-55, que estava atracada no cais do Estaleiro Rio Grande 1 (ERG1).

Já no governo Bolsonaro, a Petrobras assinou contrato com a empresa Keppel Shipyard Limited, grupo de Singapura, para a construção naquela cidade da plataforma P-83, com custo de US$ 2,8 bilhões.

O mais impressionante é que, nos últimos 10 anos desse golpe na economia do Rio Grande do Sul provocado por Temer e Bolsonaro, praticamente todas as entidades empresariais gaúchas ficaram num silêncio sepulcral em relação ao abandono do Polo Naval de Rio Grande.

Com agências de notícias do governo federal, Ministério de Portos e Aeroportos, Petrobras e Transpetro

 

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