Wenzel é exonerado após discurso em defesa da Fundação Zoobotânica

Cleber Dioni Tentardini
O presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, José Alberto Wenzel, deixou o cargo nesta sexta-feira. A exoneração está publicada no Diário Oficial.  Em seu lugar assume Luiz Fernando de Oliveira Branco, ligado ao PMDB.
Geólogo concursado, Wenzel diz que segunda-feira se reapresenta à Fepam  – Fundação Estadual de Proteção Ambiental. Ele permaneceu à frente da FZB por oito meses e diz que estava contente com os resultados que vinha obtendo até agora à frente da Fundação. Por isso, se diz surpreso com a decisão de substituí-lo.
“Fui pego de surpresa mesmo, fiquei sabendo da exoneração pelo Diário Oficial. Ainda não sei as razões, mas desconfio que foi por conta do meu discurso na semana passada”, declarou Wenzel, e logo se retirou cabisbaixo.
Em discurso, presidente criticou projeto de extinção da FZB

Wenzel estava à frente da fundação há oito meses / Divulgação
Wenzel estava à frente da fundação há oito meses / Divulgação

Na última sexta-feira, dia 22 de julho, o secretário discursou no Palácio Piratini na presença do governador José Ivo Sartori, da secretária Ana Pellini, de outros titulares do governo, e de representantes da FZB.
Wenzel elogiou o plano de ajuste fiscal implementado por Sartori, disse que a Fundação Zoobotânica cortou despesas, redefiniu contratos de terceirizados e estava estudando planos para geração de receita.
“Em relação a 2014, diminuímos em 62,9% as diárias, estamos usando outro conceito, da suficiência critica. Então, o servidor sai a campo, onde está sendo feita a certificação da carne, por exemplo, e ao invés de cobrar por cinco diárias, utiliza duas, os outros dias fica nas dependências da Fepagro, em escolas. A fundação colabora com este projeto com sustentação científica e ambiental. Outro ponto é que reduzimos entre 20% e 25% as despesas com o cancelamento dos motoristas contratados. Além disso, estamos buscando receita com a adoção de espaços por empresas, a aderência de marcas, que é permitido por lei. Tudo para complementar a nossa receita hoje de R$ 5,6 milhões, que vêm principalmente da bilheteria do Zoológico, do Jardim Botânico e do Museu”, discursou.
Wenzel ressaltou a importância dos 500 mil registros catalogados, que vão compor o Sistema Integrado de Gestão Ambiental, para facilitar a sustentação científica dos técnicos responsáveis pelos licenciamentos ambientais, e destacou que a Fundação Zoobotânica está presente em todo o estado, ou com seus técnicos ou através de um convênio com o meio acadêmico.
Ele finalizou com um apelo emocionado ao governador, “uma pessoa correta, verdadeira e do bem”, para que desistisse da ideia de extinção da FZB. “O PL 300 cumpriu com a sua missão, ao permitir que nós pudéssemos nos reorganizar, mas agora, perto de completar um ano da apresentação do projeto, a angústia está evidente, o trabalho está dobrado, e por isso chegamos a um ponto em que precisamos de outro patamar, então eu peço em nome dos servidores da Fundação e principalmente da biodiversidade gaúcha, que seja repensada a questão. Ou pensamos na biodiversidade com seriedade ou nossos netos terão uma resposta que não será boa”.
Funcionários da FZB se solidarizam com Wenzel
Na manhã desta segunda-feira, visivelmente emocionado, Wenzel convocou uma reunião com os funcionários do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais para comunicar a sua saída. Por telefone, informou à direção do Zoológico, em Sapucaia.
Após a rápida reunião, o clima era de desânimo entre os funcionários que passavam pelo hall de entrada no prédio da FZB. Alguns elogiavam o presidente demitido, outros criticavam a decisão da secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini, alegando saber os reais motivos. Os comentários foram rápidos e ninguém quis se identificar.
Suspeita-se que o afastamento de Wenzel possa estar ligado a alguns atritos que teve ao longo dos últimos oito meses com a secretária Ana Pellini. Entre os motivos estariam a elaboração de um projeto de Lei alternativo ao PL 300 – de extinção da FZB -, visando o fortalecimento da instituição. Esse PL foi entregue à secretária no início do ano e não teve novos encaminhamentos.
Também é levantada a questão do espaço maior dado aos técnicos da Fundação para resolverem o problema da pesca das espécies ameaçadas, cujo assunto passou a ser discutido tecnicamente, e não politicamente. Outro ponto que teria desagradado a secretária Ana Pellini refere-se a uma série de propostas enviadas à SEMA para combater o problema do Horto Florestal, ao lado do Zoológico de Sapucaia, incluindo a criação de uma unidade de conservação e a regularização de áreas ocupadas por moradias.
Proposta de extinção da FZB completa um ano
No dia 6 de agosto, sábado da próxima semana, completa um ano que o Projeto de Lei 300 foi protocolado pelo Executivo em regime de urgência na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Funcionários da Fundação Zoobotânica devem repetir as mobilizações feitas em 2015, em repúdio às alegações apresentadas pela secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini, para que o PL fosse rapidamente votado pelos parlamentares, sem que houvesse uma ampla discussão com a sociedade.
Várias ações foram realizadas ao longo do segundo semestre do ano passado para pressionar o governo Sartori. No dia 20 de agosto, foi realizada uma audiência pública que lotou as galerias do Auditório Dante Barone, da Assembleia Legislativa. Ao final da audiência, foi entregue aos membros da comissão um calhamaço com dois abaixo-assinados contendo 39 mil assinaturas e correspondências com demonstrações de apoio à Fundação Zoobotânica de 800 instituições, sendo 18 de outros países.
Logo depois, um grupo formado por 20 pessoas, entre representes da entidade ambiental, deputados, professores de universidades públicas e privadas, e pesquisadores da Embrapa, Fepagro e Emater, entregou ao secretário adjunto da Casa Civil, José Kliemann, e à secretária adjunta do Meio Ambiente, Maria Patrícia Mollmann, um documento em que pediam a imediata retirada do PL 300/15. Isso ocorreu dias depois, mas o PL permanece na Assembleia Legislativa.
A Fundação Zoobotânica é vinculada à Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, sendo o órgão responsável pela promoção e conservação da biodiversidade no Rio Grande do Sul. Através do Jardim Botânico, do Parque Zoológico e do Museu de Ciências Naturais, atua nas áreas de pesquisa, educação ambiental, conservação e lazer. A instituição é detentora de coleções científicas de plantas e animais, atuais e fósseis, que subsidiam pesquisas realizadas por especialistas do Brasil e do exterior.
O Jardim Botânico é uma das unidades administradas pela FZB / Cléber Dioni Tentardini
O Jardim Botânico é uma das unidades administradas pela FZB / Cléber Dioni Tentardini

Funcionários da Zoobotânica apreensivos com futuro do Parque Zoológico

Uma audiência Pública discute o futuro do Parque Zoológico de Sapucaia do Sul no Plenarinho na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (3), às 10h.
Funcionários da Fundação Zoobotânica do Rio grande do Sul, inseguros com o futuro da instituição devido a uma possível privatização do Parque, prometem presença na Casa do Povo.
O único representante do Governo Estadual na reunião será o servidor público Juliano Fakredin, atual presidente Interino da Fundação. A secretaria do Meio Ambiente, Ana Pellini não irá.
Proposto pelos deputados Altemir Tortelli (PT) e Manuela D’Àvila (PC do B), a audiência também discutirá o risco que sofrem os demais espaços verdes públicos do Rio Grande do Sul, como o Parque Itapuã.
Ao todo, 22 áreas integram o Sistema Estadual de Unidades de Conservação.
“As notícias que chegam via imprensa motivaram o agendamento da audiência por preocupar quem defende o meio ambiente e vê nas unidades de conservação espaços fundamentais de proteção da biodiversidade e de educação ambiental” , avalia Tortelli.
A audiência também vai discutir o futuro dos 78 funcionários do quadro do Zoo, composto por técnicos, auxiliares, tratadores, atendentes e serventes, além de 25 funcionários terceirizados, caso a ameaça se concretize.
O caso mais citado para a privatização é do Parque Itapuã que estaria entre os primeiros a ser repassado à iniciativa privada. Entretanto, o Zoológico é o mais simbólico e que atrai fortemente a iniciativa privada.

Audiência pública discutirá rumos do zoológico de Sapucaia do Sul

Felipe Uhr
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa realizará um audiência pública que discutirá a situação do zoológico de Sapucaia do Sul. O debate, proposto pelos deputados Altemir Tortelli (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB), ocorre no próximo dia 3 de junho às 10h30 no plenarinho da Casa.
A informação de que o governo do Estado estuda privatizar autarquias e empresas públicas – entre elas, o zoo – para reduzir o tamanho – e o gasto do Tesouro gerou preocupação na bancada oposicionista.
“Queremos compreender quais possibilidades o governo pode apresentar” afirmou Tortelli.
Embora a justificativa seja a delicada situação financeira do Estado, o parlamentar não descarta uma eventual pressão do setor imobiliário para que a área seja vendida. “São 160 hectares”, explica.
Há também uma preocupação com os funcionários, que poderiam perder o emprego caso a iniciativa privada assumisse o controle do lugar.
O zoo de Sapucaia possui cerca de mil animais sob seus cuidados. Tortelli argumenta que o espaço pode ser utilizado para lazer e para a pesquisa ambiental, além de servir à preservação da fauna e da flora do Estado. A privatização, portanto, não seria aceitável. “O cidadão merece lugares para lazer com sua família”.
Estão convidados para a audiência pública representantes das secretarias estaduais do Meio Ambiente, Casa Civil, Fazenda, além de funcionários do parque, dirigentes da Fundação Zoobotânica e a comunidade em geral.
Até mesmo o governador José Ivo Sartori foi chamado. “Seria muito bom se ele estivesse presente para essa importante discussão” provoca o deputado.