Crônica da Resistência ao Golpe de 2016

* José Carlos Moreira da Silva Filho
Dia 03/06 foi um dia histórico para Porto Alegre! No Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, mesmo palco no qual no dia 25 de agosto de 1961 Leonel de Moura Brizola iniciou a Campanha da Legalidade! Tive a honra de ser um dos autores do livro que estava sendo lançado, intitulado “A Resistência ao Golpe de 2016”, juntamente com Tarso Genro e Magda Biavaschi, a realizar uma fala antes do belo e inspirado discurso da Presidenta Dilma.
No mesmo palco estavam inúmeros Movimentos Sociais, Deputados Federais da esquerda, O ex-Governador Olívio Dutra (que me prestigiou com um cumprimento após minha fala), representações dos diversos Comitês pela Democracia e Resistência que se espalham pelo Estado. Na plateia também outros autores do livro: Guto Pedrollo, Katarina Peixoto, Paulo Pimenta e a Maria Tereza (que me ajudou a escrever o meu artigo). Ao final entregamos um exemplar autografado por tod@s à Dilma.
O evento foi comandado pela Katia Suman, sempre ótima, e particularmente linda foi a performance do Nei Lisboa. Cantou duas músicas: uma composição em homenagem à Dilma (música belíssima) e a clássica “E a Revolução”. Nesta hora foi difícil segurar a emoção. Aqui compartilho além das fotos desse momentaço um vídeo feito de parte da minha fala.

Após a homenagem que eu fiz ao Ico Lisboa (parte em que o vídeo foi cortado – já perdoei a patroa por não ter gravado tudo, he he he), fiz uma homenagem aos que lutaram antes e agora lutam de novo ao nosso lado, personificando na Dilma, exemplo de altivez, dignidade, coragem e, sobretudo, generosidade, por estar mais uma vez lutando e colocando a cara à tapa

Também lembrei da memória do lugar, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul na Campanha da Legalidade. Registrei ainda o a falácia e o vazio que é o combate à corrupção divorciado de qualquer preocupação quanto a um projeto político popular para o país. Como é falso derrubar um governo em nome do combate à corrupção sem se preocupar com o principal problema que temos e que é o verdadeiro gerador de toda a corrupção: a desigualdade social. Finalizei com um #ForaTemer e um #VoltaDilma.

Depois todos saíram para a Esquina Democrática, onde já estava montado um palco no qual Dilma repetiu o seu discurso, seguido de falas de uma parlamentar do PSOL (não consegui ver quem era) e da nossa querida Jussara Cony. E para finalizar mais uma bela performance do meu querido amigo e grande artista da nossa cidade e do nosso país Raul Ellwanger.

Milhares de pessoas na Esquina Democrática para homenagear Dilma Rousseff
Milhares de pessoas na Esquina Democrática para homenagear Dilma Rousseff

Dali iniciou-se uma caminhada pela cidade que reuniu dezenas de milhares de pessoas, com palavras de ordem, batucadas, muita animação. Pena que na Independência, para homenagear a ocupação do IPHAN, eu já estava sem bateria no celular. A Independência foi tomada pela multidão. Lindo de se ver. Andamos em lugares mais populares como o terminal de ônibus do Mercado Público e a Rodoviária (não pude deixar de perceber o contraste do povo mobilizado pelas ruas e o povo esperando ônibus, que me pareceu apático, bovino, indiferente e alguns até de cara amarrada – foi quando eu disse: “Acordem! São os direitos de vocês também que estão destroçados e atacados por este desgoverno ilegítimo!”).
Em frente a uma Igreja Universal na Farrapos o povaréu se ajoelhou e simulou uma reza, para depois cantar em coro: “Eu beijo homem, beijo mulher, tenho direito de beijar quem eu quiser!” Na altura da Fernandes Vieira eu dispersei, mas soube que o povo desfilou na Padre Chagas, coração da burguesada porto-alegrense, e que diante de algumas panelas que se insurgiram gritaram algo assim: “Mas que vergonha, bate panela, mas quem lava é a empregada!”
Enfim, dia histórico, orgulhoso de ter feito parte. Teremos algo bem concreto e significativo para mostrar pras nossas filhas no futuro, mostrar que fizemos parte da resistência democrática diante de um golpe sórdido, espúrio e que ameaça as conquistas populares!
José Carlos Moreira da Silva Filho* Professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da PUCRS (mestrado e doutorado) http://lattes.cnpq.br/0410429186457225

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