Motivação divide especialistas

Por Tiago Lobo

A puberdade masculina dá os seus primeiros sinais entre os 9 e 14 anos: os testículos aumentam, pelos começam a surgir pelo corpo, a voz engrossa e a produção de testosterona (o hormônio masculino) faz com que o sistema reprodutivo, ossos e músculos amadureçam. E também pode mexer com o cérebro.

O consenso na comunidade científica internacional é que o hormônio possui um efeito facilitador sobre a agressão, mas não age sozinho. Presos violentos, por exemplo, possuem níveis mais altos de testosterona que seus pares mais dóceis.

“Pelo o que podemos dizer até agora, a testosterona é gerada para preparar o organismo para responder a competição e/ou desafios à situação de alguém”, explica Frank McAndrew, professor de psicologia no Knox College em Galesburg, Illinois, Estados Unidos, em entrevista a Scientific American Brasil.

“Qualquer estímulo ou evento que sinaliza uma dessas coisas pode desencadear uma elevação nos níveis do hormônio”, relata o professor.

Exposição a violência afeta habilidades sociais

Augusto Buchweitz, pesquisador do Instituto do Cérebro do RS (InsCer) da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS), analisou como a exposição à violência afeta o cérebro de adolescentes por meio de neuroimagens (imagens do cérebro). A pesquisa da sua equipe, publicada na revista científica internacional Developmental Science, aplicou um questionário para adolescentes de escolas de Porto Alegre, algumas situadas em bairros com os maiores índices de violência da capital.

Os jovens tinham o cérebro monitorado por imagem enquanto deviam decidir o estado mental de pessoas vistas em fotos onde apenas os olhos eram mostrados. As áreas que envolvem a percepção e a cognição social (a parte da sociabilidade) eram menos ativadas em jovens que tinham um histórico de maior exposição à violência. Nestes jovens, ao mesmo tempo, a conectividade da amígdala (conhecida como o “centro do medo” do cérebro) foi maior. Os níveis de cortisol, medidos por amostras de cabelo, também eram mais elevados nos jovens mais expostos à violência.  

O estudo sugere que a violência pode afetar várias sub-habilidades importantes para a convivência em sociedade, como a empatia.

“Não se pode dizer se isso vai ter efeitos futuros, mas estudos mostram que este tipo de funcionamento atípico pode aumentar o risco para transtornos de humor, por exemplo”, explica o pesquisador em entrevista ao site da PUCRS.

Agora imagine um espaço na internet criado exclusivamente para estimular jovens recém-saídos da puberdade a cometer atentados e propagar o ódio. E imagine se estes jovens forem virgens e vítimas de bullying. O efeito tem se mostrado desastroso.

Receita perigosa

Famílias disfuncionais, má influência, busca de fama e poder: essa é uma receita perigosa (mas não definitiva) segundo os estudos do psicólogo Peter Langman, pesquisador do Centro Nacional de Avaliação de Ameaças do Serviço Secreto dos Estados Unidos e autor do livro “Why Kids Kill: Inside the Minds of School Shooters” (“Por que jovens matam: por dentro das mentes de atiradores em escolas”), que vem dedicando boa parte da vida ao estudo do tema.

O psicólogo Peter Langman dedica boa parte da vida a estudar tiroteios em massa (Foto: arquivo pessoal)

Ele mantém o site School Shooters, que agrega uma base de dados com 150 casos reportados em 10 países desde 1913. São eles: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, Escócia, E.U.A., Finlandia, França, Suécia e Ukrânia. O site também oferece recomendações para prevenir ataques.
No artigo Rampage school shooters: A typology (“Atiradores de escolas: uma tipologia”), de 2009, Langman analisou 10 casos e classificou estes jovens em três tipos: traumatizados, psicóticos e psicopatas.

Da amostragem analisada três eram traumatizados, cinco psicóticos e dois psicopatas.

Os três atiradores traumatizados vieram de lares desfeitos com abuso de substâncias e comportamento criminoso pelos pais. Todos foram fisicamente abusados ​​e dois foram abusados ​​sexualmente fora de casa.

Os cinco atiradores psicóticos tinham transtornos do espectro da esquizofrenia, incluindo esquizofrenia e transtorno de personalidade esquizotípica. Todos eles vieram de famílias intactas, sem histórico de abuso.

Os dois atiradores psicopatas não foram abusados ​​nem eram psicóticos. Eles demonstraram narcisismo, falta de empatia, falta de consciência e comportamento sádico.

Apesar de ajudar a compreender um pouco a mente dos atiradores, estes perfis estão muito longe de servirem como base para identificar possíveis novos autores, visto que  “a maioria das pessoas traumatizadas, psicóticas e psicopatas não cometem assassinato”, segundo Langman enfatiza.

Ele indica que 82% dos autores desses atentados cresceram em “famílias disfuncionais” e que um “desejo de fama” ou de “se sentir masculino e poderoso” costuma ser a motivação.

Para caracterizar uma “família disfuncional”, ele cita fatores como ausência dos pais, infidelidade, divórcio, dependência química, comportamento criminoso, violência doméstica e abuso infantil.

Langman explica o que ao se juntarem a fóruns online que debatem assassinatos em massa, jovens que se sentem deslocados conquistam um grupo e se unem a uma subcultura na qual podem se sentir especiais, diferentes e superiores à sociedade dominante.

“Quanto mais sentem que não são ninguém / nada, mais são levados a se sentirem poderosos por meio de ideologias de superioridade e ódio”, disse ao repórter.

Para Langman, existem alguns mitos a serem superados: a conexão entre atiradores como vítimas de bullying é imprecisa.

“Não que isso nunca seja verdade, mas seu significado foi muito exagerado”, declarou o pesquisador ao site Monitor on Psychology.

A ideia de que apenas adolescentes solitários cometem estes crimes também merece atenção: Langman encontrou atiradores entre 11 e 62 anos em suas pesquisas, sendo a maioria deles adultos. Muitos atiradores de escolas não estão isolados: diferente da maioria dos casos brasileiros.

Langman revela que meninas podem, sim, puxar o gatilho. Mesmo que isso seja menos comum: com base em uma análise dentro de um período de 50 anos de casos documentados, 95,3% dos atiradores eram homens e 4,7% eram mulheres.

A maioria dos atiradores não possui alvo específico. Dos 48 analisados no livro de Langman, “School Shootters” (“Atiradores de Escola”, ainda inédito no Brasil), apenas um visou um desafeto. Quando existe um alvo, na maioria das vezes, eles são funcionários da escola, professores e administradores. Os próximos alvos mais comuns são meninas.

As motivações para perpetrar um tiroteio em massa formam uma rede complexa e de mapeamento intrincado: “entre os adolescentes, pode ser que um garoto tenha terminado um namoro na mesma época em que é suspenso da escola, em que recebe uma multa de trânsito ou é preso por alguma coisa, mais ou menos na mesma época em que tem problemas em casa ou não”. Langman explica que uma sucessão de “fracassos”, falhas ou retrocessos acontecendo com alguém que é psicopata, psicótico ou traumatizado, gera uma combinação de dinâmicas psicológicas e eventos de vida que colocam as pessoas em um caminho de violência. Entre os adultos, casamentos fracassados, fracassos ocupacionais e, principalmente, dificuldades financeiras são elementos críticos.

Outro dado importante: atiradores com menos de 20 anos geralmente têm algum tipo de influência externa, seja alguém recrutando-os para participar de um ataque ou de um “modelo”.

“Eu encontrei pelo menos uma dúzia de atiradores que foram atraídos por Hitler e os nazistas. Também poderia ser um modelo fictício: o filme “Assassinos Naturais” foi citado por vários atiradores”. Trata-se de um filme policial satírico de 1994 dirigido por Oliver Stone, com roteiro de Quentin Tarantino. 

Um relatório publicado em 2004, pelo Serviço Secreto dos E.U.A. em parceria com o Departamento de Educação norte-americano, revisou 37 casos envolvendo 41 atiradores entre ataques e tentativas ocorridos em 26 estados de 1974 até 2000. O objetivo do documento “The Final Report and Findings of the Safe School Initiative” (Algo como “O relatório final e os resultados da Iniciativa Escola Segura”), que você pode acessar aqui (em inglês), era compreender o fenômeno e lançar propostas preventivas.

A conclusão do relatório vai de encontro com os resultados das pesquisas de Langman: não há um perfil psicológico ou demográfico característico dos atiradores em escolas. No entanto, o relatório sugere variáveis que podem ser identificadas na maioria dos casos.

As mais significativas são:

  • A dificuldade dos atiradores em lidar com perdas significativas e falhas pessoais
  • A manifestação de comportamentos anteriores que sinalizavam que eles precisavam de ajuda
  • O fato de terem sido ou serem vítimas de perseguições e humilhações de colegas.

Langman defende que idealmente as escolas e universidades deveriam contar com equipes de avaliação de ameaças, multidisciplinares, incluindo administração, corpo docente, forças policiais, saúde mental e, às vezes, representação legal. A principal tarefa dessas equipes seria investigar ameaças de violência e separar falsos alarmes de violência potencial ou iminente.

“Nada é simples aqui, mas os psicólogos estão na melhor posição para entrevistar e avaliar alguém, procurando por evidências de uma personalidade psicopata, questões psicóticas, histórico de trauma e para construir um relacionamento com essa pessoa para avaliá-los”, defende.

Influência do meio e família
A pesquisadora Eva Fjällström, da Luleå University of Technology, ao norte da Suécia, publicou um ensaio em 2007 onde defendeu que, em tiroteios em massa, as famílias não são “causas”, mas têm uma participação importante e determinada responsabilidade: “o que pode parecer ser um ato de loucura pode ser melhor entendido como resultante da ausência de orientação que leva a uma falta de estabilidade e segurança básicas. Amigos solidários e uma família solidária são essenciais para todos os indivíduos, especialmente adolescentes, e as conseqüências, se não houverem tais relações, podem, como vimos aqui, ser devastadoras”, conclui Fjällström .

A dupla Stephen Thompson e Ken Kyle, no artigo “Understanding mass school shootings: Links between personhood and power in the competitive school environment” (“Entendendo o tiroteio em massa nas escolas: ligações entre personalidade e poder no ambiente escolar competitivo”), publicado em 2005, acrescentaram um ponto de vista interessante a esta investigação. Segundo eles a preocupação não deve ser com o perfil psicológico dos atiradores, mas com os perfis dos meios onde os massacres ocorrem e como isso pode influenciar as respostas de estudantes despreparados para estes ambientes.

Outras pesquisas, como a de Gary e Alison Clabaugh, “Bad Apples or Sour Pickles? Fundamental Attribution Error and the Columbine Massacre” (“Maçãs podres ou picles azedo? Erro Fundamental de Atribuição e o Massacre de Columbine”), também de 2005, sugerem que quando psiquiatras e psicólogos a serviço Departamento Federal de Investigação dos E.U.A., o FBI, divulgam os supostos perfis psicológicos dos atiradores, acabam provocando ondas de discriminação e gerando mais tensão em escolas com alunos que passam a ser identificados como socialmente inaptos e assassinos em potencial.

Ódio às mulheres
No Brasil, a maioria dos atiradores odiavam mulheres.
De acordo com o estudo “Meta-Analyses of the Relationship Between Conformity to Masculine Norms and Mental Health-Related Outcomes” (“Meta-Análises da Relação entre a Conformidade com as Normas Masculinas e os Resultados Relacionados à Saúde Mental”, em tradução livre), da Universidade Estadual de Indiana, nos E.U.A, homens com comportamento playboy e que buscam poder sobre as mulheres são mais propensos a ter problemas psicológicos. A análise se ateve a 11 dimensões de masculinidade e reuniu dados de 78 estudos sobre saúde mental e percepções de masculinidade de 19.453 homens analisados.

“As normas masculinas de Playboy e “poder sobre as mulheres’ são as normas mais intimamente associadas a atitudes sexistas”, disse Joel Wong, líder da pesquisa.

“A associação robusta entre a conformidade com essas duas normas e resultados negativos relacionados à saúde mental ressalta a ideia de que o sexismo não é meramente uma injustiça social, mas também pode ter um efeito prejudicial na saúde mental daqueles que adotam tais atitudes.”

Ainda mais preocupante, disse Wong, era que os homens que se conformavam fortemente com as normas masculinas tinham mais probabilidade de ter problemas de saúde mental, mas também menores chances de procurar tratamento.

Simone de Beuvoir já dizia, em seu livro “O Segundo Sexo”, que “o masculino se impõe ao anular o outro (feminino)”. Ela segue atual.

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Bullying: um em cada dez estudantes é vítima

Por Tiago Lobo

O fenômeno sempre existiu mas não era estudado. Virou bode expiatório perfeito para achar motivos para “explicar” tiroteios em massa. Especialistas refutam a tese.

Um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2004 concluiu que o Bullying é um problema universal que afeta cerca de um terço de crianças por mês, em todo o mundo. Para cerca de 11% de crianças, este tipo de abuso, praticado pelos seus companheiros, é severo (várias vezes por mês).

No Brasil, um em cada dez estudantes é vítima segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015. A Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, classifica o bullying como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação e existe até uma data instituída por meio da Lei nº 13.277 para o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas, 7 de abril.

O Diagnóstico Participativo das Violências nas Escolas, realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) em 2015, com apoio do MEC, revelou que 69,7% dos estudantes declaram ter presenciado alguma situação de violência dentro da escola. Isso fez com que o bullying fosse incluído na Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015: 7,4% dos estudantes informaram que já se sentiram ofendidos ou humilhados e 19,8% declararam que já praticaram alguma situação de intimidação, deboche ou ofensa contra algum de seus colegas.

A psicóloga e professora da Pós-Graduação em psicologia da PUCRS, Carolina Lisboa, pesquisa os processos de bullying, cyberbullying, desenvolvimento social e sócio-cognições em contextos virtuais. No estudo “O fenômeno bullying ou vitimização entre pares na atualidade: definições, formas de manifestação e possibilidades de intervenção”, publicado em parceria com os pesquisadores Luiza de Lima Braga e Guilherme Ebert, conclui-se que a participação contínua em episódios de bullying gera distorções nas concepções de emoções e desenvolvimento moral.

Lisboa define o fenômeno como um processo de vitimização entre pares: pelo qual uma criança ou adolescente é sistemática e repetidamente exposta a um conjunto de atos agressivos (diretos ou indiretos), que ocorrem sem motivação aparente, mas de forma intencional. Pode ser protagonizado por um ou mais agressores e é caracterizado pelo desequilíbrio de poder e ausência de reciprocidade. A vítima possui, geralmente, pouco ou quase nenhum recurso para se defender.

O estudo o avalia como um subtipo de comportamento agressivo que gera atos violentos e, na maioria das vezes, ocorre dentro das escolas. E emerge na interação social.

“Como está associado a um processo normativo de formação de identidade e exclusão dos diferentes (na individuação eu vou definindo quem sou a partir de quem não sou), sempre acontece bullying”, afirma Lisboa, ressaltando que não significa dizer que a prática é justificável. Para a pesquisadora o Bullying se mantém por conta do preconceito e juízo de valor agregado a um processo natural de formação de identidade pessoal, passando pelo grupo de iguais.

Os efeitos do bullying variam de acordo com cada vítima: “Uma pessoa pode sofrer bullying e não representar um trauma e pode sofrer um assalto e significar como trauma. Bullying e cyberbullying são violências gravíssimas com impactos negativos”, aponta Lisboa.

Ela explica que as implicações possíveis na saúde mental de crianças e adolescentes passam por baixa autoestima, baixa autoconfiança e autoeficácia, dificuldades de controle de emoções (especialmente de raiva), dificuldades acadêmicas, profissionais, insegurança, agressividade, isolamento, fobia social, uso de substâncias, depressão e ansiedade.

Quando pergunto se o bullying pode levar uma pessoa a cometer um tiroteio em massa Carolina Lisboa é categórica:
“Não vou chancelar essa ideia. Gostaria de deixar claro que não acredito nesta linha de raciocínio. Muitas variáveis influenciam nestas tragédias inclusive histórico de saúde mental pregresso, cultura entre outros. Uma coisa é o bullying e outra é a psicopatologia”.

Apesar de o ambiente escolar ser o palco de maior prevalência de bullying, o fenômeno ocorre em outros contextos, não se restringe a um determinado nível socioeconômico, tampouco a uma faixa etária específica ou gênero

A pesquisadora revela que o que mais aprendeu nos seus estudos é que agressores também sofrem e permanecem na violência com medo de que sejam vítimas no futuro. Eles ficam reféns em um ciclo, e podem não ter intenção de machucar e nem entender que estão machucando, visto que as pessoas têm diferentes níveis de empatia e alguns não são empáticos.

Para lidar com vítimas e agressores, a comunicação familiar é fundamental. Pais devem ir até a escola, estabelecer limites claros e criar oportunidades para favorecer diferentes habilidades que nutram a autoestima dos filhos, favorecendo relações do jovem fora da escola.

Agressividade sempre gera agressividade e somos influenciados por modelos, portanto, Lisboa sugere que “Ao invés de eleger culpados deveríamos pensar em uma cultura não agressiva e violenta em todas as escolas e na sociedade. Sem punições inadequadas e com valorização do amor, da alegria, da solidariedade”.
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Papel da Zoobotânica é insubstituível, diz parecer técnico do Instituto de Biociências da UFRGS

cleber dioni tentardini
Professores e pesquisadores dos Institutos de Biociências e de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) divulgaram um Parecer Técnico endereçado ao presidente do Tribunal de Contas do Estado, Marco Peixoto, e aos demais conselheiros do TCE, em defesa da Fundação Zoobotânica.
O TCE está julgando uma representação do procurador-geral do Ministério Público de Contas (MPC), Geraldo Da Camino, que questiona a Lei sobre as extinções e solicita que os processos sejam suspensos.
O processo envolve as fundações Zoobotânica (FZB), e ainda de Ciência e Tecnologia (Cientec), de Economia e Estatística (FEE), Piratini, de Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH) e de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan).
O julgamento da ação iniciou em 6 de setembro e o primeiro voto, do relator, o conselheiro Cezar Miola, foi favorável ao pleito do procurador Da Camino. Mas a sessão foi suspensa devido aos pedidos de vistas do processo feito pelos conselheiros Pedro Henrique Figueiredo e Estilac Xavier. Não há um prazo para a retomada do julgamento.
No documento, entregue nesta segunda, 16/10, ao TCE, os pesquisadores do Instituto de Biociências manifestam completo desacordo com a extinção da Fundação Zoobotânica, incluindo a redistribuição de suas funções e demissão de todos seus técnicos. Baseiam-se na avaliação técnica e objetiva dos irreparáveis prejuízos que a consumação desse ato trará para a ciência, educação, documentação, gestão e conservação da biodiversidade gaúcha.
“As irreparáveis perdas que a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul imputará à sociedade, especialmente diante do insignificante impacto financeiro resultante, demandam um imediato apelo à racionalidade. Não se conhece iniciativa semelhante em nenhum país do mundo desenvolvido, mesmo naqueles em que se tenha implementado políticas de austeridade em reação à atual crise econômica mundial. Entendemos ser absolutamente necessário reconsiderar tal decisão que julgamos precipitada e inadequada, fruto de amplo desconhecimento das atribuições legais, da relevância, complexidade e dimensão do patrimônio e dos serviços prestados pela Fundação Zoobotânica”, diz parte do documento.
Assinam a Carta Aberta a diretora, Clarice Bernhardt Fialho, e o vice-diretor Luiz Roberto Malabarba, e outros 48 professores do Instituto de Biociências da UFRGS.
Leia a íntegra do documento:
CARTA ABERTA AO PRESIDENTE E CONSELHEIROS DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E À COMUNIDADE GAÚCHA
Parecer técnico sobre a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Excelentíssimos Senhores,
Nós, professores e pesquisadores dos Institutos de Biociências e de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vemos com extrema preocupação o desenrolar do processo proposto de extinção de fundações estaduais gaúchas e em especial da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZBRS).
Esse processo vem acompanhado de uma evidente falta de informações por parte do público geral e da imprensa, agravado pela divulgação de informações equivocadas acerca das funções e importância dessa instituição para o desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Sul.
Tendo em vista que a recente aprovação do PL 246/2016 pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul permite a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, incluídos a redistribuição de suas funções e demissão de todos seus técnicos, manifestamos nosso completo desacordo com essa decisão, baseados na avaliação técnica e objetiva dos irreparáveis prejuízos que a consumação desse ato trará para a ciência, educação, documentação, gestão e conservação da biodiversidade gaúcha.
Na condição de parceira de longa data da FZBRS em atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, ou seja, em todo seu espectro de atuação institucional, nossa Universidade acumulou profundo conhecimento acerca da importância e alcance das competências da Fundação para nosso Estado. Tendo em vista as declarações de membros do Executivo gaúcho sobre a destinação de parte das funções da FZBRS para as Universidades ou para a Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA), somos obrigados a manifestar nossa avaliação sobre a viabilidade e as reais consequências da extinção da FZBRS, especialmente no que concerne à perda de seu corpo técnico especializado e à conservação de seu inestimável patrimônio científico.
A FZBRS desempenha inúmeras funções de extrema relevância para a gestão pública do Estado do Rio Grande do Sul que, em seu conjunto, dão respaldo técnico altamente especializado e qualificado para a tomada de decisões dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no âmbito das questões ambientais que impactam diretamente os interesses de nosso Estado.
A proteção da qualidade ambiental do Rio Grande do Sul, incluindo a conservação de sua fauna e flora, que é do interesse de toda a sociedade e está prevista em nossa constituição, depende de conhecimento técnico e bases de dados altamente especializados.
O poder público não pode prescindir dessa capacidade técnica em seus quadros, pois assume o risco de tomar decisões que venham a lesar o patrimônio ambiental do Estado, uma vez que não possui tais habilitações em nenhum outro setor.
O papel da FZBRS nesse sentido é inestimável e insubstituível, não havendo hoje nenhum setor da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA) ou outro órgão do Estado com capacidade de assimilar essas funções. O próprio corpo técnico da SEMA expressou essa realidade em carta pública. O prejuízo técnico que resultaria da efetivação da extinção da FZBRS seria incalculável.
Complementarmente, a possibilidade de assimilação dessa função de assessoramento do Estado por outros órgãos, instituições ou mesmo entidades não-públicas, não é realista, sendo inviável no curto ou médio prazos. Mais grave ainda seria a perda da autonomia e qualidade técnicas, da isenção, da idoneidade e do compromisso público dos serviços prestados pela FZBRS, caso estes fossem delegados a entidades ou consultorias privadas. Essas questões relacionadas à insubstituibilidade de suas funções essenciais, são, ao nosso ver, um impeditivo intransponível para a extinção da FZBRS, uma vez que o governo não tem como transferir ou assumir tais funções.
Dentre as atribuições altamente próprias da FZBRS, merece destaque a coordenação e atuação técnica ativa de seus especialistas na elaboração das listas de espécies da fauna e flora ameaçadas no Estado do Rio Grande do Sul. Ainda que o processo de avaliação conte com expressivo apoio técnico da comunidade acadêmica, a FZBRS tem sido a instituição coordenadora desse processo. Essa coordenação somente é possível graças à alta qualificação de seu corpo técnico, formado por vários especialistas em biodiversidade, que detém bases de dados atualizadas e dinâmicas, e conhecimento para orientar todo o processo. A SEMA não possui qualificação técnica para assimilar tais funções, dependendo para tanto do corpo de especialistas da FZBRS.
Contudo, uma das mais relevantes e insubstituíveis funções desempenhadas pela FZBRS é a manutenção de seus grandes acervos com amostras da biodiversidade, atual e fóssil, em suas várias coleções científicas. Paradoxalmente, essa é uma de suas funções mais importantes e, ao mesmo tempo, a menos conhecida.
A sociedade em geral desconhece a importância das coleções científicas, uma vez que apenas tem acesso direto a uma pequena parcela dos acervos que são eventualmente expostos em museus: isso promove uma incorreta, ainda que generalizada, impressão de que a importância dos museus se limita apenas a sua exposição. Na verdade, a parcela mais importante dos acervos é aquela guardada por curadores especializados e que serve de testemunho de nossa biodiversidade. Esse acervo, ao contrário daquele exibido em exposições, é elemento essencial ao avanço das ciências da biodiversidade, sendo regularmente utilizado por pesquisadores do Brasil e exterior que visitam a FZBRS, ou eventualmente recebem os exemplares por empréstimo via intercâmbio científico.
Esses acervos contêm testemunhos insubstituíveis de incontáveis estudos e publicações produzidos ao longo de décadas, pois seus autores depositaram sua confiança na solidez de uma instituição pública histórica, como é o Museu de Ciências Naturais da FZBRS.
É virtualmente impossível quantificar com precisão, dada sua magnitude, o prejuízo que a descontinuidade dessa curadoria traria para as ciências da biodiversidade, não apenas em nosso Estado, mas em escala global. Neste sentido, a extinção da FZBRS fere de morte a ética científica e a confiança depositada por pesquisadores, coletores, colaboradores, patrocinadores e instituições de fomento que contribuíram para a formação desse acervo público.
Não cremos ser aceitável o Estado extinguir ou mesmo alienar essa responsabilidade assumida ao longo de tantas décadas. Seria o mesmo que dizer que o Estado do Rio Grande do Sul é inepto para a Ciência e que o patrimônio científico acumulado pelo árduo trabalho de muitas gerações pudesse ser simplesmente descartado.
A FZBRS é indispensável ao Estado do Rio Grande do Sul para cumprir seu dever de zelar por este patrimônio, do qual é fiel depositário perante a União e toda a sociedade. É fundamental destacar que nosso Código Estadual do Meio Ambiente determina que “Compete ao Poder Público em relação à fauna silvestre do Estado: (…) manter coleções científicas museológicas e “in vivo” de animais representativos da fauna silvestre regional, assim como proporcionar condições de pesquisa e divulgação dos resultados da mesma sobre este acervo”.
A sociedade pode desconhecer parte da relevância dos acervos científicos da FZBRS, mas o Estado legalmente não pode.
O conjunto das coleções científicas do Museu de Ciências Naturais (MCN) o qualifica como um dos maiores e mais importantes do Brasil e da América Latina. O Museu conta com mais de 600.000 lotes/espécimes, distribuídos em 58 coleções, contendo exemplares coletados desde o final do século XIX. As coleções científicas e de exposição do MCN estão armazenadas em 15 salas climatizadas e tecnicamente equipadas, que em conjunto ocupam uma área de 1.300 m². De grande e insubstituível importância para a Ciência mundial, merecem destaque os 2.883 espécimes-tipo, utilizados em descrições originais de espécies novas de vários grupos da fauna e flora. Esses exemplares são patrimônio da humanidade e sua manutenção é fundamental para a estabilidade da nomenclatura e contínuo processo de descrição de nossa biodiversidade.
As coleções científicas do Museu de Ciências Naturais da FZBRS constituem o maior acervo de material-testemunho da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos do RS, além de ser, em seu conjunto, a mais representativa do Bioma Pampa. Desde 2002, por meio da Deliberação nº 5 do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) do Ministério do Meio Ambiente, o MCN foi credenciado como instituição Fiel Depositária de Componentes do Patrimônio Genético.
No RS, o MCN é o único órgão Estadual detentor deste credenciamento. Para o credenciamento, é exigida uma série de requisitos (infraestrutura, equipamentos, corpo técnico qualificado, entre outros), habilitando a instituição a receber e conservar amostras do patrimônio genético brasileiro. Apenas instituições públicas nacionais de pesquisa e desenvolvimento podem ser fiéis depositárias de amostra de componente do patrimônio genético brasileiro.
Algumas coleções do MCN destacam-se no cenário nacional no que se refere à representatividade de espécies e número de exemplares. A coleção de aranhas, por exemplo, é a segunda maior do Brasil em número de lotes, atrás apenas da coleção do Instituto Butantã. A coleção de moluscos representa a terceira maior do Brasil em número de lotes, e a coleção de répteis situa-se entre as dez maiores do país. Apesar do Rio Grande do Sul ocupar uma fração reduzida do território nacional, as coleções do MCN são numericamente expressivas.
Além de seu valor científico, essas coleções apresentam um indiscutível valor histórico, não apenas por documentarem o trabalho de inúmeros pesquisadores ao longo de gerações, mas por incorporar importantes acervos de outras instituições. Ao longo de sua existência, o MCN (antes Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais) incorporou em seu acervo importantes coleções de exemplares da fauna do Rio Grande do Sul, da América do Sul e até de outros continentes. Alguns exemplos são: as coleções biológicas do Museu Júlio de Castilhos, tombadas pelo IPHAN; a coleção do Instituto Borges de Medeiros de insetos de importância agrícola; a coleção Eliseo Duarte de conchas de todos os continentes e oceanos; e a coleção Mabilde de borboletas da Grande Porto Alegre, que representa um testemunho único da fauna existente na região há mais de um século.
Em 1989, o herbário do MCN recebeu, para incorporação em seu acervo, em torno de 50.000 exemplares de plantas vasculares do extinto Herbário da Secretaria da Agricultura do RS. A coleção de peixes recebeu material coletado durante as expedições oceanográficas da embarcação Pescal II no Sul do Brasil entre 1959 e 1964.
Não menos importante que as coleções museológicas são as coleções “in vivo” mantidas pela FZBRS, como é o caso dos bancos de sementes e de plantas do Jardim Botânico e o serpentário do Museu de Ciências Naturais. O serpentário, por exemplo, cumpre papel insubstituível em nosso Estado, recebendo serpentes de todo o território gaúcho para identificação e destinação. Estas serpentes são mantidas em um biotério e têm viabilizado estudos importantíssimos para a melhoria na qualidade do soro antiofídico brasileiro. Não há outra instituição no Estado que mantenha acervos “in vivo” com a abrangência e magnitude das existentes na FZBRS.
As coleções da FZBRS são fontes permanentes de consulta por pesquisadores e estudantes de pós-graduação, do país e do exterior, para fins de pesquisa científica. Como exemplo, o Herbário do MCN recebeu, apenas em 2016, 105 consultas presenciais ao seu acervo e quase 3 milhões de consultas via acesso eletrônico à Rede Herbário Virtual da Flora e dos Fungos do Brasil (SpeciesLink, http://www.splink.org.br/), plataforma que disponibiliza os dados das coleções botânicas brasileiras.
Ainda a título de exemplo, somente em 2016, a coleção de Coleópteros (insetos) manteve intercâmbio de espécimes via empréstimo com as seguintes instituições de pesquisa: University of Nebraska, Museo de La Plata, Universidade Federal do Mato Grosso, Universidade de Viçosa, Smithsonian Institution, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Universidade Federal do Paraná e Universidade Federal de Viçosa. A coleção de Répteis, por sua vez, recebeu consultas de pesquisadores e alunos de 10 instituições do Brasil (Universidade de São Paulo, Museu Nacional do RJ, UFRGS, UFMG, UFSM, Universidade Estadual de Londrina, UNIJUI, PUCRS, UNISINOS, Museu Paraense Emílio Goeldi) e uma do exterior (CORBIDI – Peru).
A coleção de fósseis do MCN, construída ao longo de décadas de trabalho dos curadores e técnicos do Museu, é basicamente formada por fósseis coletados em rochas do Rio Grande do Sul e rivaliza (senão supera), em termos de número de espécimes e infraestrutura, com as maiores coleções do Estado, hospedadas na UFRGS e na PUC/RS. Muitos dos espécimes ali tombados constituem-se em tipos de espécies extintas, os quais são objeto de interesse de vários pesquisadores ao redor do Globo e que tem na FZBRS a referência de localização e curadoria destes materiais. A partir desta coleção, dezenas de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, sob a orientação dos curadores da coleção, já foram produzidas, as quais resultaram na publicação de inúmeros trabalhos científicos, revelando o papel da FZBRS na formação de recursos humanos qualificados nesta área.
Cabe ressaltar que a ligação da FZBRS com o patrimônio fossilífero do Estado não decorre apenas de um interesse pessoal dos curadores e técnicos do MCN, mas sim atende a uma diretriz do próprio Estado, cujo Poder Legislativo reconheceu a importância cultural e científica deste patrimônio e legislou sobre o tema. A Lei Estadual Nº 11.738, DE 13 DE JANEIRO DE 2002 (atualizada até a Lei nº 11.837, de 04 de novembro de 2002), declara integrantes do patrimônio cultural do Estado os sítios paleontológicos localizados em municípios do Estado do Rio Grande do Sul. Segundo esta Lei, a FZB é designada como o principal órgão do Estado responsável pelo seu cumprimento e fiscalização nos seguintes artigos:
Art. 3º – Fica a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul responsável pela administração dos sítios paleontológicos de que trata esta Lei (Incluído pela Lei nº 11.837/02).
Art. 4º – A supervisão científica dos sítios paleontológicos localizados nos municípios referidos no artigo 1º que não forem de propriedade do Estado fica a cargo da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (Incluído pela Lei nº 11.837/02).
Parágrafo único – Toda obra de qualquer natureza, inclusive remoção de rochas nos sítios paleontológicos de que trata este artigo, deverá ser submetida ao prévio licenciamento da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler – FEPAM -, bem como à consulta da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. (Incluído pela Lei nº 11.837/02).
Todas estas tarefas, que requerem um conhecimento altamente especializado, são realizadas pelo corpo técnico do MCN, que constitui o único grupo de profissionais no Estado habilitado atualmente para desempenhá-las. Qualquer solução de continuidade neste processo pode vir a trazer prejuízos irreparáveis ao patrimônio fossilífero (portanto, científico e cultural) do Estado, com a perda e/ou destruição de espécimes únicos e, portanto, insubstituíveis.
As coleções da FZBRS são indispensáveis para inúmeras pesquisas realizadas em nossa e em outras Universidades, em vários Programas de Pós-Graduação, motivo pelo qual temos clara e balizada convicção dos impactos que sua extinção trará à ciência no Rio Grande do Sul e mesmo do Brasil.
Conhecendo mais detalhadamente a abrangência e a dimensão histórica e científica dos acervos da FZBRS, fica óbvia a qualificação e alta capacidade técnica do seu corpo de funcionários, admitidos por mérito em concursos públicos.
Esta que é uma das maiores e mais importantes coleções brasileiras, possui em seus quadros cerca de 24 Analistas Biólogos Curadores, 10 Técnicos de Apoio, 25 Bolsistas de Iniciação Científica e quatro jardineiros. Este é um quadro altamente enxuto para dar conta de toda a tarefa de curadoria e pesquisa realizada na Instituição.
Não há em nenhum outro setor do governo estadual, quadros minimamente capazes de substituir as funções do corpo técnico da FZBRS. Mais preocupante que isso, não há no Rio Grande do Sul, em nenhuma outra instituição pública ou privada de ensino e pesquisa, quadros de curadores com a quantidade, abrangência técnica e a exclusividade de dedicação necessárias para manter todos os acervos do Museu de Ciências Naturais e Jardim Botânico, que não seja o existente na própria FZBRS. Por conta dessa realidade, consideramos completamente descabida a proposta de demissão do corpo técnico, uma vez que não será possível para o Estado assumir de outra maneira a curadoria desse acervo.
Os curadores detêm não só o conhecimento técnico do processo de manutenção, mas também o indissociável conhecimento da história de construção e utilização das coleções. Além disso, os curadores são, eles próprios, um elo fundamental da rede de conexões do acervo com seus usuários e as pesquisas em desenvolvimento.
Por todo o exposto, consideramos inaceitável qualquer medida no sentido de extinguir, desmembrar ou alienar o enorme e inestimável acervo da FZBRS, bem como de demitir seu quadro de técnicos, especialmente dos curadores e técnicos de apoio, pois estes são a única garantia de perpetuação dos acervos.
É imprescindível, especialmente para o poder judiciário, identificar todas as responsabilidades legais e éticas, assumidas pelo poder público como fiel depositário das coleções da FZBRS, para garantir que não seja proposta destinação alternativa ilegal, antiética e/ou inadequada para os acervos.
As irreparáveis perdas que a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul imputará à sociedade, especialmente diante do insignificante impacto financeiro resultante, demandam um imediato apelo à racionalidade.
Não se conhece iniciativa semelhante em nenhum país do mundo desenvolvido, mesmo naqueles em que se tenha implementado políticas de austeridade em reação à atual crise econômica mundial.
Entendemos ser absolutamente necessário reconsiderar tal decisão que julgamos precipitada e inadequada, fruto de amplo desconhecimento das atribuições legais, da relevância, complexidade e dimensão do patrimônio e dos serviços prestados pela Fundação Zoobotânica.
Esperamos que nossa avaliação técnica contribua para dimensionar a extensão das irreparáveis consequências advindas da extinção da FZBRS. Caso concretizada, a extinção da Fundação Zoobotânica, representará o maior retrocesso científico, ambiental e cultural da história do Rio Grande do Sul.
Sentimo-nos, portanto, obrigados, como especialistas e cidadãos, a emitir nossa avaliação técnica.
Dra. Clarice Bernhardt Fialho, Diretora do Instituto de Biociências da UFRGS
Dr. Luiz Roberto Malabarba, Vice-diretor do Instituto de Biociências da UFRGS
Instituto de Biociências da UFRGS
Departamento de Ecologia
Prof. Dr. Andreas Kindel
Profa. Dra. Luciane Oliveira Crossetti
Prof. Dr. Demetrio Luis Guadagnin
Profa. Dra. Sandra Hartz
Profa. Dra. Teresinha Guerra
Prof. Dr. Homero Dewes
Profa. Dra. Mara da Silveira Benfato
Departamento de Botânica
Prof. Dr. João Ito Bergonci
Prof. Dr. Paulo Brack
Prof. Dr. João Fernando Prado
Prof. Dr. Jorge Mariath
Prof. Dr. Rinaldo Pires dos Santos
Prof. Dr. Geraldo L.G. Soares
Profa. Dra. Maria Cecilia de Chiara Moço
Profa. Dra. Alexandra Antunes Mastroberti
Prof. Dr. João André Jarenkow
Prof. Dr. Gerhard Overbeck
Prof. Dr. Rodrigo B. Singer
Departamento de Genética
Profa. Dra. Lavinia Schüler Faccini
Prof. Dr. Aldo Mellender de Araújo
Prof. Dr. Francisco M. Salzano
Profa. Dra. Vera Lúcia S. Valente Gaiesky
Prof. Dr. Roberto Giugliani
Prof.Dr. Renato Zamora Flores
Profa. Dra. Eliane Kaltchuk dos Santos
Prof. Dra. Andreia Carina Turchetto Zolet
Prof. Dr. Nelson Jurandi Rosa Fagundes
Departamento de Zoologia
Prof. Dr. Luiz Roberto Malabarba
Profa. Dra. Clarice Fialho
Prof. Dr. Márcio Borges Martins
Profa. Dra. Laura Verrastro Viñas
Profa. Dra. Paula Beatriz Araújo
Profa. Dra. Helena Piccoli Romanowski
Profa. Dra. Jocélia Grazia
Prof. Dr. Luiz Alexandre Campos
Profa. Dra. Maria João Ramos Pereira
Profa. Dra. Carla Penna Ozorio
Prof Dr. Ignacio Benites Moreno
Instituto de Geociências da UFRGS
Departamento de Geografia
Prof. Dr. Jafferson Cardia Simões
Prof. Dr. Roberto Verdum
Departamento de Geologia
Profa. Dra. Silvana Bressan Riffel
Profa. Dra. Ruth Hinrichs
Prof. Dr. Wolfgang Kalkreuth
Departamento de Mineralogia e Petrologia
Prof. Dr. Pedro Luiz Juchem
Departamento de Paleontologia e Estratigrafia
Prof. Dr. Cesar Leandro Schultz
Prof. Dr. Rualdo Menegat
Profa. Dra. Marina Bento Soares

Serpentário fechado e sem convênio ameaça produção de soro antiofídico

 Cleber Dioni Tentardini e Tiago Baltz
O serpentário do Museu de Ciências Naturais, uma das principais atrações para o público visitante do Jardim Botânico de Porto Alegre, está fechado há mais de seis meses e não há previsão de reabrir.
Também foi suspenso o envio de veneno das serpentes ao Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro, porque a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB/RS) não renovou o convênio com o laboratório carioca, o que pode comprometer a produção de soro antiofídico para o Ministério da Saúde, que redistribui aos hospitais do Estado.
O serpentário integra o Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA/MCN-FZB) e está com a visitação suspensa desde 18 de janeiro deste ano, após uma tentativa de arrombamento, até agora não esclarecida.
Segundo o coordenador de Educação Ambiental da FZB/RS, Sérgio Bavaresco, a área com capacidade para abrigar 15 serpentes vivas não oferece segurança aos visitantes e aos animais. “Só reabrirá depois da implantação de um sistema de segurança, com câmeras de vigilância e alarmes”, disse.
No lugar das serpentes usualmente à mostra, há somente os abrigos vazios.
Não está sendo permitida a exposição das serpentes nem na Ciência na Praça, evento realizado periodicamente para divulgar o trabalho de pesquisa no Museu e popularizar o conhecimento científico. O próximo está marcado para este domingo, dia 6, das 10h às 16h, no estacionamento do Jardim Botânico.

Espaço de visitação pública pode abrigar 15 serpentes

Em janeiro, foi danificada uma das portas do serpentário. Foi arrombada a porta mas as grades de ferro impediram a entrada, então foram jogadas pedras contra o abrigo das serpentes, que não foram atingidas. A vigilância armada, de uma empresa terceirizada, nada viu.
Porta ainda não foi substituída

O local permanece fechado desde então, e sequer foi limpo. Nem a porta danificada foi trocada. E o pior, não há previsão no orçamento para a reforma e colocação do sistema de segurança.
Pedras arremessadas contra o serpentário ainda estão no local

Abastecimento comprometido
A interdição do serpentário é apenas um dos problemas do NOPA. Com o convênio entre a FZB e o Instituto Vital Brazil vencido desde o início do ano, está suspenso o envio de veneno das serpentes nativas gaúchas ao laboratório carioca, que produz o soro antiofídico para o Ministério da Saúde e este redistribui aos hospitais do Estado.
A parceria entre FZB e IVB foi firmada em setembro de 2009 e previa, além da remessa de peçonha, um acordo de cooperação técnico-científica permitindo o intercâmbio entre técnicos, bolsistas e pesquisadores das duas instituições.
A reportagem tentou contato com o presidente da FZB/RS, mas sua assessoria informou que só poderia conversar com a reportagem do jornal JÁ na próxima segunda-feira.
Sem previsão de o convênio ser retomado, o abastecimento de soro pode estar comprometido. Hoje, a peçonha recolhida é guardada em geladeiras. A remessa do material ocorria de duas a três vezes por ano, de acordo com a demanda do Vital Brazil.
“Os venenos das cobras mudam de acordo com a espécie e região de incidência. Aqui no RS tem cascavéis com uma concentração maior da substância chamada Crotamina. Essa toxina é um diferencial para produção de soro mais eficaz”, lembra o biólogo Roberto Oliveira.
Extração pública de veneno de serpentes no NOPA/ Fotos Arquivo FZB

O NOPA é o único serpentário do Estado capacitado para realizar extração de peçonha. A Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA) já cogitou a transferência do acervo vivo para o Vital Brazil. Mas o processo travou por falta de recursos da instituição carioca, que é vinculada ao governo do Rio de Janeiro.
Também, uma decisão judicial impede hoje que a Zoobotânica se desfaça do seu patrimônio e impeça ou prejudique de alguma forma o trabalho dos pesquisadores.
O Museu de Ciências Naturais da FZB mantém desde 1988 o serpentário científico onde são criadas mais de 350 serpentes. Por mês, as cobras consomem mais de mil ratos – a maioria provém de doações, de universidades como PUCRS e UFRGS.
Universitários visitam NOPA. Arquivo FZB

A peçonha é utilizada na produção de soro antiofídico e em diversas pesquisas. São estudadas substâncias ativas nos venenos de serpentes e sua utilização na indústria farmacêutica. Princípios isolados do veneno já têm sido utilizados, por exemplo, na fabricação de remédios reguladores de pressão e em colas biológicas. Estudos têm indicado a possibilidade de sua utilização em remédios para o combate a alguns tipos de câncer e para problemas de coagulação.
Cascavel do NOPA/Divulgação MP/RS

No acervo, há espécies que ocorrem somente no Rio Grande do Sul como a Jararaca-pintada Bothrops pubescens, e outras raras, como a coral pampeana.
Núcleo de Ofiologia de Porto Alegre

A bióloga Acácia Winter, tratadora de animais silvestres do NOPA, alerta que a população pode receber um soro ineficiente para o tratamento dos acidentes que ocorrem em solo gaúcho. “Mesmo que o plantel inteiro seja enviado para outra instituição, em alguns anos esse plantel se perderá sem animais novos oriundos da região, o que torna o soro ineficiente a médio e longo prazos. Por esse e outros motivos nosso plantel possui valor médico incomensurável e não pode ser abandonado”, ressalta.
Soldados Exército recebendo orientações/Foto Daniel Hammes/Divulgação

Curso teórico e prático sobre serpentes a Batalhão Ambiental. Arquivo FZB

 

Coleções do Museu de Ciências Naturais são referências no país e no exterior

Cleber Dioni Tentardin
As coleções científicas do JB e do MCN são consideradas pelos especialistas o maior acervo de material-testemunho da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos do RS. A coleção de insetos, por exemplo, é considerada a melhor do Estado, com cerca de 400 mil exemplares, e está entre as cinco melhores do Brasil, no que diz respeito à conservação e organização.
São elas: Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém; Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus – INPA, ambas vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação; Museu Nacional, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro; Museu de Zoologia da USP e Museu de Ciências Naturais, da Fundação Zoobotânica do RS. Estas duas últimas são instituições estaduais.
“As coleções se equivalem pela essência, mas, claro, tem algumas muito antigas, do século 19, como do Museu Nacional (1818), do Goeldi (1861) e da USP, antigo Museu Paulista (1890)”, explica o biólogo Luciano Moura, do Museu de Ciências Naturais.
Luciano é especialista em besouros e divide as atividades com as biólogas Hilda Gastal e Aline Barcellos Prates dos Santos. Os três são curadores da coleção de insetos, cada um responsável por determinados grupos. Ambos respondem pelo Setor de Entomologia, da Seção de Zoologia de Invertebrados do MCN/FZB. Aline e Luciano são taxonomistas, com conhecimento para identificar e descrever novas espécies.

Os pesquisadores e curadores da coleção de insetos acompanham Buckup em visita ao Museu/Cleber Dioni

Hilda trabalha com biomonitoramento, avalia a qualidade de ambientes aquáticos com base nos insetos encontrados. E, seguidamente, participa de feiras de ciências e exposições do museu nas escolas, nas praças e parques.
“Precisamos repassar todo este conhecimento, e não só às crianças, mas aos adultos, que também ficam maravilhados com tudo. Isso fortalece a conscientização ambiental. As pessoas acham, por exemplo, que o louva-deus é venenoso, o que não é verdade, mas acabam matando o animal por desinformação. Confundem cigarra com libélula ou inseto com aquelas listras parecidas com o barbeiro, mas que não causa danos”, explica Hilda, uma das mais antigas da Zoobotânica, com 42 anos de serviço.
Aline é especialista no grupo de insetos chamados de hemípteros, os populares percevejos, fede-fedes, cigarras e barbeiros. Ela ressalta que nenhum museu do mundo conta com especialistas de todos os grupos porque a diversidade é muito grande, sendo que o dos insetos é o maior grupo animal que existe.
Espécie de percevejo

Por isso remetermos material para ser identificado fora do Brasil ou aproveitar o conhecimento de especialistas estrangeiros que visitam a coleção do MCN. Esse intercâmbio é permanente”, completa a pesquisadora.
Aline reitera que o interesse dos estrangeiros em conhecer a coleção de insetos no museu é importante não só pela troca de conhecimento como também pela visibilidade da Fundação.
“Quando os trabalhos são publicados nas revistas científicas, o nome do museu e da Zoobotânica vão estar elencados entre o material examinado, aí a importância de uma coleção. Brecar esse intercâmbio, é retroceder na busca de maior conhecimento da nossa biodiversidade”, adverte. “E o pior é que, além de toda essa fonte de informação ficar inacessível para a comunidade científica, a coleção torna-se obsoleta”, completa.
Arlequim-da-mata, espécie de besouro

Luciano ressalta que o Rio Grande do Sul tem particularidades que atraem muitos pesquisadores de outros estados e países. “É o estado mais meridional do Brasil, com uma diversidade de ambientes, formações vegetais, num espaço relativamente pequeno, o único estado com o bioma Pampa, a região do Espinilho, na Barra do Quaraí, é a única formação savana no Estado, sem falar no clima que é bem diferente. Então, há espécies que só ocorrem aqui”, destaca.
Espécie de besouro Megasoma actaeon, machos (maiores) e fêmeas

Coleção de insetos

Do ponto de vista da infraestrutura, o Museu de Ciências Naturais é uma referência no Brasil, segundo Aline. “Nós temos a melhor estrutura no Estado para abrigarmos coleções, tanto que boa parte dos professores da UFRGS deposita material de estudo no museu”, diz orgulhosa.
Ela lembra que há dois anos receberam uma coleção de insetos de interesse agrícola, do antigo Instituto Borges de Medeiros, que estava na Faculdade de Agronomia. “Essa coleção está sendo recuperada, estamos retirando fungos dos insetos”, afirma.
 
Borboletas papilionídeas da Coleção Mabilde, tombada pelo IPHAN

A pesquisadora entende que as coleções acabam por ser prejudicadas pela falta de cargo de curador na universidade federal. E, entre dar aulas e realizar pesquisas, os professores talvez nem tivessem tempo”.
Dois técnicos dividem as atividades de manutenção da coleção de insetos (controle dos desumidificadores, limpeza de exemplares, confecção de etiquetas, elaboração de planilhas de controle, organização dos laboratórios). Tomaz Aguzzoli, biólogo e técnico agrícola, atende também ao setor das aranhas, escorpiões, ácaros), e a bióloga Caroline Silva, que trabalha com toda a seção da Zoologia de Invertebrados.
Os estudantes também ajudam na conservação das coleções, durante os estágios. Há dois alunos da Biologia da Unilasalle que possuem bolsas de iniciação científica do PIBIC-CNPq, e uma de mestrado, orientada por Aline, na UFRGS.
Retorno institucional
Luciano toca num ponto que comumente é cobrado dos pesquisadores, principalmente os taxonomistas: “Os gestores nos consideram individualistas, reclamam que não damos retorno institucional, mas eles não se dão conta que contribuímos não só com a nossa pesquisa, quando a Fepam exige um laudo técnico da Zoobotânica para o licenciamento ambiental, mas com a infraestrutura, como os equipamentos ópticos adquiridos, que poderá ser aproveitada por gerações”, afirma.
Aline cita os projetos viabilizados pelo CNPq: “Reunimos pesquisadores de invertebrados, especialistas em moluscos, aranhas e insetos, fizemos em 2004 o projeto na Mata Atlântica, em Maquiné, um estudo de invertebrados em copas de árvores, e outro, em 2008, naquelas áreas de arenização do Pampa, em São Francisco de Assis.”
Variação de cores de besouros da Família Chrysomelidae

A pesquisadora ressalta ainda a demanda de trabalhos de pesquisa da SEMA e Fepam, que chegam até a Fundação Zoobotânica, e o apoio que seguidamente o seu setor presta ao Centro de Informações Toxicológicas, sobre os mais variados insetos.
“E tem pessoas que vêm aqui nos trazer insetos porque ficaram assustadas ao encontrar dentro de casa, no berço do filho, então a gente também dá esse retorno imediato”, diz Aline.
Uma vida dedicada à Zoobotânica
Hilda Gastal é uma das funcionárias mais antigas na FZB. É pesquisadora há 42 anos. Ingressou em 1975. Era estagiária em 1969 na entomologia, com as professoras Jocélia Grazia e Miriam Becker. O museu era na avenida Mauá, esquina da Carlos Chagas, onde funcionava também a Fepam. Dali, mudou para o prédio da antiga Mesbla e, da Mesbla, o museu foi transferido para o Jardim Botânico.
Hilda mostra exemplares usados em feiras escolares e em parques/Cleber Dioni

Fez mestrado na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Estudou uma mosca que parasita o percevejo que, por sua vez, era a praga das plantações de couve. A mosca depositava o ovo em cima do percevejo e a forma jovem se desenvolvia dentro para se alimentar.
Ao retornar ao Rio Grande, Hilda foi contratada pela Fundação Zoobotânica. Entre seus trabalhos, destaca os estudos realizados na Braskem, na época Copesul, onde fez o biomonitoramento de invertebrados aquáticos no Rio Caí e no Arroio Bom Jardim, que recebe efluentes do Polo Petroquímico.
“Meu primeiro e único emprego, uma vida inteira dedicada. Como vou pra casa sabendo que querem acabar com a Fundação, me dá uma tristeza só de pensar nisso”, diz, com lágrimas nos olhos.
“O primeiro dia aqui foi o mais feliz da minha vida”
Aline completou neste mês de julho 15 anos de Zoobotânica. Ingressou via concurso em 2002 e, hoje, concilia as pesquisas no museu com aulas do curso de pós-graduação em Biologia, na Universidade Federal.
Aline identifica novas espécies de percevejos/Cleber Dioni

Teve como orientadora durante toda sua formação a professora Jocélia Grazia, do Departamento de Zoologia da Ufrgs, e servidora do Museu, hoje aposentada. Jocélia, por sua vez, foi discípula do professor Ludwig Buckup, pioneiro da coleção de entomologia e um dos fundadores do MCN.
Aline ingressou em 1982 na Ufrgs, mas mestrado e doutorado concluiu na Universidade Federal do Paraná, que possui curso específico de pós em entomologia. De volta à capital gaúcha, trabalhou na Ong UPAN – União Protetora do Ambiente Natural, de São Leopoldo, como professora substituta na Ufgrs e, em projetos, contratada por uma empresa terceirizada, quando teve a oportunidade de atuar no programa do Pró-Guaíba, de 1998 a 2000. Aí foi aprovada nos concursos da Fepam e FZB em 2001, sendo chamada no ano seguinte.
“Eu posso dizer que o primeiro dia em que subi a lomba do Jardim Botânico, como funcionária concursada, foi o dia mais feliz da minha vida. Porque eu já havia sido chamada para assumir na Fepam, mas não consegui ficar tão feliz como eu imaginava que iria estar na Zoobotânica”, revela. E completa: Temos que achar uma saída para preservar todo este conhecimento acumulado aqui. Ainda mantemos a chama acesa principalmente porque amamos o que fazemos e pelas gerações de estudantes que ainda poderão passar por esta instituição, que tem profissionais dentre os mais preparados no país, assim como as coleções estão entre as melhores.”
Único no Estado habilitado a descrever espécies de besouro
Luciano trabalha com os besouros, que integram a ordem Coleóptera, simplesmente a que possui maior número de espécies dentre todos os seres vivos — cerca de 400 mil. E detalhe: no estado, ele é o único especialista com conhecimento suficiente para descrever espécies novas.
Luciano mostra que a produção científica inclui desenhos fiés das espécies

 
Besouro Macrodontia cervicornis

Apesar de ser o funcionário concursado mais novo dentre os colegas do seu setor – ingressou em 2014 -, há mais de trinta anos desenvolve estudos na Fundação Zoobotânica, primeiro como aluno/bolsista de Iniciação Científica, depois nas pesquisas para os cursos de mestrado na PUCRS e doutorado na Ufrgs. A maior parte de sua formação profissional foi dada pela professora Maria Helena Galileo, que também era pesquisadora da FZB.
“Eu nem imaginava que iria trabalhar com besouros, na verdade, nem pensava em ser biólogo, na minha adolescência eu só queria saber de aviação, mas hoje estou aqui graças aos professores e pesquisadores da Zoobotânica e espero poder ajudar na formação de muitos outros estudantes”, conclui.

Manifesto em Defesa do Desenvolvimento Econômico e Social do Rio Grande do Sul

[Para assinar o manifesto, escreva para comitedemocracia2016@gmail.com]

A crise financeira que atinge o Estado do Rio Grande do Sul é grave e se arrasta há mais de 40 anos. Ela se aprofundou nos anos de 1990, no período de estabilização da moeda, quando o governo estadual não pôde mais se valer dos procedimentos do período de hiperinflação para camuflar suas despesas e não adotou medidas estruturais capazes de enfrentar a gravidade da crise.
As privatizações e demissões de funcionários, realizadas naquele momento, e a utilização dos recursos por elas gerados na tentativa de sanar o déficit de caixa do Estado, bem como a renegociação de sua dívida pública, firmada entre os governos estadual e federal, não resolveram o problema.
As medidas adotadas acabaram por intensificar a crise financeira do Rio Grande do Sul, na medida em que o governo estadual viu-se privado dos instrumentos necessários para apoiar o desenvolvimento da economia estadual, aumentar a arrecadação e, com isto, criar as condições para superar o déficit crônico existente em suas finanças.
A fórmula hoje proposta pelo governo Sartori para superar a crise financeira não é nova. Ela é a reedição atualizada e aprofundada de uma experiência que já se revelou ineficaz: privatização de empresas, extinção de órgãos públicos e demissão de funcionários.
Extinguir órgãos de pesquisa, tecnologia, cultura e comunicação, como são as secretarias e as nove fundações agora ameaçadas de fechamento, bem como privatizar empresas lucrativas e estratégicas – como a Sulgás, a CEEE, a Companhia Rio-grandense de Mineração e a Corag –, não resolverão o problema financeiro do Estado do Rio Grande do Sul, da mesma forma que as medidas semelhantes, adotadas na década de 1990, não o resolveram.
As fundações hoje ameaçadas prestam serviços fundamentais e muitas vezes indispensáveis ao Rio Grande do Sul, ao governo e à sua população. Sem elas, o governo rio-grandense ficará privado de importantes instrumentos públicos para o planejamento de suas ações, para a definição de políticas públicas nas áreas da saúde, da educação, do meio ambiente e da informação, entre outras. Ficará prejudicada, ainda, a produção cultural e artística, da capital e do interior, popular e erudita, de fundamental importância para a nossa memória histórica e identidade cultural.
Sem essas fundações, consultorias privadas deverão ser contratadas para prover os serviços prestados pelos órgãos que o governo pretende extinguir, por um valor, sem dúvida, muito maior do que o atualmente despendido. Além disso, a prática tem demonstrado que as consultorias privadas se utilizam de dados e estudos gerados pelos órgãos públicos de pesquisa do governo estadual, visto que são eles que produzem, de forma continuada, estudos mais aprofundados e detalhados sobre o Rio Grande do Sul.
Com o fechamento das secretarias e fundações, séries históricas de levantamento de dados serão interrompidas e corpos técnico-intelectuais maduros – importante capital para o desenvolvimento do Estado – serão desperdiçados, gerando perdas irreparáveis na capacidade do Rio Grande do Sul de continuar desenvolvendo conhecimento, tecnologia e cultura, indispensáveis para planejar o futuro.
Igualmente descabida é a proposta de venda ou federalização de empresas que geram receitas para o Estado, como é o caso das empresas de energia, combustível, mineração e serviços gráficos. Ao contrário do que se divulga, a maioria dessas empresas é superavitária: elas geram recursos e não despesas ao governo do Estado, na medida em que seus recursos de caixa são incluídos no caixa único estadual, possibilitando que o governo os utilize para realizar seus pagamentos. Além disso, os lucros e dividendos gerados por essas empresas são reinvestidos nas próprias empresas ou entregues para o Estado, que os aplica em políticas públicas como as de saúde, educação e segurança.
O conjunto de medidas de ajuste fiscal proposto pelo governo Sartori segue uma visão de Estado segundo a qual todas as atividades lucrativas, que requerem investimentos para a sua expansão, devem ficar a cargo da iniciativa privada, mesmo que sejam atividades de interesse público ou tenham valor estratégico e que boa parte dos recursos a serem investidos pelo setor privado provenha de financiamento público.
Essa visão de Estado está centrada numa lógica contábil de fechamento do caixa estadual, como se as políticas públicas devessem se reger apenas por um cálculo de equilíbrio entre entradas e saídas, menosprezando qualquer atuação estratégica por parte do Estado e de seus governos.
Há opções para equilibrar as contas públicas fora da política focada no corte de gastos. Elas passam, por exemplo, pela alteração da matriz tributária atualmente vigente, isentando produtos de consumo popular e criando alíquotas progressivas para os produtos supérfluos e os lucros não reinvestidos. Passam também pela revisão da política de incentivos fiscais até aqui adotada, sem exigência de contrapartidas a serem plenamente cumpridas pelas empresas privadas beneficiadas. Destaque-se que o déficit fiscal do Rio Grande do Sul, neste ano, será de cerca de R$ 3 bilhões, enquanto a renúncia fiscal, em forma de incentivos, chegará à casa dos R$ 9 bilhões anuais, segundo o parecer do relator da proposta orçamentária para 2017.
Esta situação indica a necessidade de reaparelhar a máquina de arrecadação tributária do Estado, de forma que, paulatinamente, o Rio Grande do Sul venha a se equiparar aos índices de arrecadação de outras unidades da federação com nível de desenvolvimento econômico semelhante.
Há que se discutir e procurar alterar, além disso, a forma como a União redistribui os recursos gerados nos Estados e Municípios federados, bem como exigir contrapartidas e ressarcimento pelos prejuízos causados ao Rio Grande do Sul pela legislação de isenção de impostos à exportação de commodities como o fumo, a soja e o milho produzidos no estado.
Por outro lado, sem que o governo estadual adote uma outra concepção de gestão, de critério de alocação de recursos, de aferição de custo-benefício e de metas programadas, a situação financeira do Estado continuará a mesma, reproduzindo por mais tempo o quadro atual.
O conjunto de medidas de ajuste fiscal encaminhado pelo governo do Estado é uma falsa solução para os problemas de hoje, sem nenhum conteúdo que revele inovações com vistas à construção de um presente e de um futuro melhores para o Rio Grande do Sul e os rio-grandenses.
Conclamamos, pois, os senhores deputados estaduais do Rio Grande do Sul a não aprovar o conjunto de medidas propostas pelo governo estadual sob a justificativa de “superar a crise”. Solicitamos que as organizações representativas de diferentes segmentos da sociedade rio-grandense sejam chamadas a debater a crise fiscal do Estado e a construir, em conjunto com o governo do Estado e a Assembleia Legislativa, uma solução estratégica voltada para a promoção do desenvolvimento econômico e social da sociedade gaúcha.
Porto Alegre, dezembro de 2016
Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito
[Para assinar o manifesto, escreva para comitedemocracia2016@gmail.com]
Assinam este documento:

  1. Adalmir Antonio Marquetti – Professor de Economia PUCRS
  2. Adelaide Maria Saez – Socióloga, Doutora em Ciência Política (UFRGS), Pós-doutoranda no Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento PUCRS
  3. Adélia Porto – Jornalista
  4. Ademir Wiederkehr – Bancário, Jornalista e Secretário de Comunicação da CUT-RS
  5. Adriana Fratoni Pereira – Servidora Pública Municipal, Estudante de Serviço Social
  6. Adriana Klein – Farmacêutica
  7. Adriana Maria Vargas Heineck – Funcionária Pública Estadual SUSEPE
  8. Adriana Paz Lameirão – Cientista Política, Doutoranda em Ciência Política UFRGS
  9. Adriane Hernandez – Artista Plástica e Professora da UFRGS
  10. Adriane Vieira – Professora Adjunto 4, ESEFID UFRGS
  11. Adriano de Vasconcelos Maboni – Engenheiro Civil – CEEE-GT
  12. Adroaldo Bauer Corrêa – Escritor, Jornalista
  13. Adroaldo Mesquita da Costa Neto – Advogado, OAB/RS 17.186
  14. Agda Gravina – Arquiteta
  15. Agemir Bavaresco – Professor do PPG de Filosofia da PUCRS
  16. Aida Maria Silva Maurmann – Aposentada, Pedagoga UFSM, especializada em Psicopedagogia e em Educação pelo Lúdico UFRJ
  17. Albertinho Luiz Gallina – Professor da UFSM
  18. Aldrin Armstrong Silva Castellucci – Professor Titular de História do Brasil
  19. Alex Leonardi – Professor de Economia – FURG
  20. Alexander Kleine – Artista
  21. Alexandre Leboutte – Jornalista Fundação Piratini
  22. Alfredo Alejandro Gugliano – Professor do PPG de Ciência Política da UFRGS
  23. Alice Becker Lewkowicz – Psicanalista, Membro Associado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre
  24. Alice Dubina Trusz – Historiadora
  25. Aline Breyer – Advogada
  26. Almadiva Gomes do Valle – Assistente Social
  27. Aloisio Rosa de Mello – Advogado
  28. Alpheu Godinho – Cineasta e Escritor
  29. Álvaro Magalhães – Sociólogo
  30. Ana Céris dos Santos – Professora
  31. Ana Cristina Bezerril Cardoso – Profa. Doutora do Curso de Bacharelado em Tradução da UFPB
  32. Ana Lucia Amaral Ustárroz – Psicóloga
  33. Ana Lucia Fialho – Economista
  34. Ana Lúcia Tettamanzy – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  35. Ana Luiza Azevedo – Cineasta
  36. Ana Luiza de Souza Castro – Psicóloga, mestre em Psicologia Social PUCRS
  37. Ana Maria Albani de Carvalho – Professora do Instituto de Artes UFRGS, Historiadora da Arte
  38. Ana Maria Costa Beber – Doutora em Desenvolvimento Rural UFRGS e Pós Doutora em Turismo e Hospitalidade da UCS
  39. Ana Maria Costa Beber – Turismóloga UCS
  40. Ana Maria Lisboa de Mello – Professora aposentada da UFRGS e Professora da PUCRS
  41. Ana Marisa Skavinski – Agente Cultural e Assistente de Produção
  42. Ana Paula Gossmann Bortoletti – Enfermeira
  43. Ana Regina Indursky Pan – Professora de Língua Portuguesa do Estado do RS aposentada
  44. Ana Rita Vardanega Simon – Servidora pública municipal de POA e Advogada
  45. Ana Salgado – Professora da UFCSPA
  46. Ana Zeferina Ferreira Maio – Professora de Artes Visuais da FURG
  47. Analice de Lima Palombini – Professora do Instituto de Psicologia UFRGS
  48. Analucia Albuquerque Paiva – Juíza de Direito aposentada
  49. Ananyr Porto Fajardo – Odontóloga, Tradutora, Doutora em Educação
  50. Anderson Zalewski Vargas – Departamento e PPG em História na UFRGS
  51. André Marenco – Professor Titular do Departamento de Ciência Política da UFRGS
  52. André Moreira Cunha – Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais UFRGS
  53. André Reis – Professor de Relações Internacionais UFRGS
  54. André Scherer – Economista FEE e Professor universitário
  55. Andrea dos Santos – Arquiteta e Urbanista, Presidente do SAERGS – Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no estado do Rio Grande do Sul
  56. Andrea Fachel Leal – Professora do Departamento de Sociologia, PPG de Sociologia e PPG de Políticas Públicas da UFRGS
  57. Andrea Pinto Loguercio – Engenheira UFRGS
  58. Andrés Ferrari – Professor de Economia UFRGS
  59. Andres Vince – Designer gráfico
  60. Anelise Gregis Estivalet – Socióloga e Professora Universitária e Secretária da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência-Regional Sul
  61. Angela Aguiar – Pedagoga
  62. Angela Cristina Fiorenza – Técnica de Enfermagem
  63. Ângela Maria Santos Tavares – Programadora de computador aposentada
  64. Ângela R. Quijano – Fisioterapeuta, Mestre em Ciências do Movimento, ESEFID – UFRGS
  65. Angela Voges Pinheiro Araújo – Assistente Social
  66. Angélica Magrini Rigo – Arquiteta e Urbanista
  67. Angelina Quintana – Jornalista e Professora
  68. Angelo Tedeschi – Publicitário
  69. Antônia Mara Vieira Loguercio – Juíza do Trabalho aposentada e Advogada
  70. Antônio Carlos Porto Junior – Advogado
  71. Antonio Carlos Rossato – Cidadão
  72. Antonio Ernani Martins Lima – Economista do Badesul e Professor da UFRGS
  73. Antonio Escostseguy Castro – Advogado
  74. Antônio Inácio Andrioli – Doutor em Ciências Econômicas e Sociais UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul
  75. Antonio M. Sansaverino – Professor do Instituto de Letras da UFRGS
  76. Antônio Tarcísio Reis – Ph.D. Professor Titular – Faculdade de Arquitetura – PROPUR – UFRGS
  77. Apolonia Ceci Pauli – Assistente Social
  78. Augusto Neftali Corte de Oliveira – Pesquisador em Ciência Política, FEE
  79. Baracat Jr. – Professor do Instituto de Letras da UFRGS
  80. Bárbara Duarte – Psicóloga
  81. Bárbara Duarte – Psicóloga
  82. Basilio Santiago – Professor do Instituto de Física UFRGS
  83. Beatriz Fontana – Doutora em Letras
  84. Beatriz Gil – Professora do Instituto de Letras UFRGS
  85. Beky Moron de Macadar – Economista – FEE
  86. Benedito Tadeu César – Cientista político, Professor do PPG de Ciência Política da UFRGS aposentado
  87. Benito Bisso Schmidt – Professor IFCH UFRGS
  88. Betânia Alfonsin – Doutora em Planejamento Urbano e Regional e Vice-Presidente do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico
  89. Bia Barcellos – Produtora Cultural
  90. Branca Cabeda Egger Moellwald – Professora Doutora em Letras, aposentada da Unijui/RS
  91. Briane Elisabeth Panitz Bica – Arquiteta Urbanista, Conservadora do Patrimônio Cultural
  92. Bruno Lima Rocha Beaklini, Doutor em Ciência política e Professor de RI Unisinos
  93. Caca Nazario – Cineasta
  94. Caio Riter – Escritor e Professor
  95. Camila Leichter – Artista visual e Mestranda em Artes Visuais, IA UFRGS
  96. Camila Monteiro Schenkel – Artista e Pesquisadora, Instituto Artes UFRGS
  97. Carina Trindade – Marcha Mundial Mulheres
  98. Carla Comerlatto Jardim – Reitora do IF Farroupilha
  99. Carla Maria F. S. Studzinski – Psicóloga
  100. Carla Maria Milani Bellini – Médica Acupunturista, sócia fundadora da Sociedade Médica de Acupuntura do RS
  101. Carlos Eduardo Scheid – Advogado
  102. Carlos Severo Dutra Filho – Professor da UFRGS
  103. Carmem Salazar de Araujo – Artista Visual
  104. Carmem Salazar de Araujo – Artista Visual
  105. Carmen Maria Craidy – Professora da Faculdade de Educação UFRGS aposentada
  106. Carmen Pio – Advogada
  107. Cássio Silva Moreira – Professor de Economia no IFRS
  108. Cátia Lopes Fagundes – Enfermeira
  109. Cátia Simon – Doutora em Letras pela UFRGS e Professora da RME de Porto Alegre
  110. Cecília Hoff – Economista da FEE e Professora de Economia da PUCRS
  111. Céli Pinto – Professora do Departamento de História da UFRGS
  112. Celso Augusto Schröder – Jornalista
  113. Cesar Dorfman – Arquiteto, professor aposentado UFRGS
  114. César Luciano Filomena – Auditor do Tribunal de Contas do Estado do RS, Dr em Ciência Política UFRGS
  115. Chico Vicente ex-presidente da CUT. Geógrafo e Mestre em Estudos Estratégicos Internacionais
  116. Cibele Cheron – Doutora em Ciência Política e Professora Universitária
  117. Cidara Loguercio Souza – Técnica em Assuntos Educacionais/UFRGS
  118. Clarete T. N.de David – Assistente Social e Docente/Tutora da RIS Escola de Saúde Pública do RS
  119. Clarice Falcão – Professora de História
  120. Clarissa Baumgarten (Bebe) – Jornalista na área cultural
  121. Clarisse Diefenthäler da Rosa – Radialista e Musicista
  122. Cláudia Antonini – Advogada
  123. Cláudia Caimi – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  124. Claudia Mancio – Professora da RME/ Porto Alegre
  125. Claudia Paim – Artista e Professora Instituto de Letras e Artes FURG
  126. Claudia Pereira Antunes – Pesquisadora e Trabalhadora em Educação UFRGS
  127. Cláudia Schiedeck – Professora de magistério superior do Campus Bento Gonçalves/IFRS
  128. Cláudio Accurso – Economista, Professor titular da UFRGS aposentado
  129. Claudio Cicero de Oliveira Motta – Advogado
  130. Claudir Nespolo – Presidente da CUT RS
  131. Cleci Bevilacqua – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  132. Clécio Homrich da Silva – Hospital de Clínicas de Porto Alegre, PPG Saúde da Criança e do Adolescente e Ensino na Saúde UFRGS
  133. Conrado Abreu Chagas – Professor do Instituto Federal Sul-Riograndense
  134. Constantino de Sousa – Professor de Matemática
  135. Cristiane Mota Cubas – Produtora Cultural
  136. Cristiane Vinkovski Soares – Especialista em Psicopedagogia, Professora de Língua Estrangeira Espanhol no Estado
  137. Cristiano Ruiz Engelke – Docente de Sociologia na FURG
  138. Cristina Monteiro de Andrada Luna – Professora da Universidade do Estado da Bahia UNEB
  139. Cristina Pasqualetto Rodrigues – Jornalista
  140. Cristina Passos – Economista Unisinos
  141. Cristina Rolim Neumann – Médica, Professora associada do Departamento de Medicina Social da UFRGS
  142. Daiane Neumann – Professora da UFPEL
  143. Daiane Nunes Freitas Duarte – Assistente Social
  144. Daniel Adams Boeira – Professor de Filosofia e Ativista Cultural
  145. Daniel Andrade Machado – Licenciado em Filosofia
  146. Daniel Reis Ninov – Geógrafo, Servidor Público do DMAE
  147. Daniela Borges Pavani – Professora do Instituto de Física – UFRGS
  148. Daniela Marzola Fialho – Professora Dra. Adjunto 4 da Faculdade de Arquitetura da UFRGS
  149. Danielle Jacon Ayres Pinto – Professora no Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria UFSM
  150. Dardo Lorenzo Bornia Junior – Professor de Ciências Sociais IFRS, Doutorando em Antropologia Social UFRGS
  151. Dario Frederico Pasche – Professor no Curso de Saúde Coletiva, da UFRGS
  152. David Stival – Professor do Unilassale
  153. Deborah Finocchiaro – Atriz Cia. de Solos & Bem Acompanhados
  154. Deborah Finocchiaro – atriz e diretora
  155. Deborah Machado – Advogada
  156. Deborah Vier Fischer – Pedagoga
  157. Denise Argemi – Advogada
  158. Denise F. Jardim – Antropóloga e Coordenadora da Coordenadoria de Acompanhamento das Ações Afirmativas da UFRGS
  159. Denise Galeazzi – Professora aposentada da Rede Estadual e do Ensino Superior
  160. Denise Jacques Barbosa – Assistente Social
  161. Denise Sales – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  162. Denise Viana Pereira – Gestora Cultural, Especialista em Economia da Cultura
  163. Denize Brum Camargo – Arquivista
  164. Diara Sartori – Analista Ambiental do IBAMA
  165. Diego Dewes – Pesquisador em Saúde Coletiva – UFRGS/UNICAMP, Mestre em Psicologia Social
  166. Diego Ellwanger – Jornalista
  167. Diego Pautasso – Professor de Relações Internacionais
  168. Dinorah Araújo – Atriz, jornalista e produtora cultural
  169. Dirlene Freitas – Professora aposentada da Prefeitura Municipal de Porto Alegre
  170. Dirnei Prates – Artista Visual, Associação Vila Flores
  171. Dolores Sanches Wunsch – Professora do Departamento de Serviço Social/IP da UFRGS
  172. Doris Saraiva de Oliveira – Arquiteta
  173. Dorotea Kremer Motta – Psiquiatra, Professora do Departamento de Saúde Mental da UFPEL, aposentada; Professora de Sexualidade Humana no PPG do Instituto Abuchaim
  174. Edgar Vasques – Artista gráfico, ex-integrante do Conselho Estadual de Cultura/RS, ex delegado à Câmara Setorial das Artes Visuais do MinC
  175. Édina da Silveira Ramos Soares – Assistente Social
  176. Edson Luiz André de Sousa – Professor do Instituto de Psicologia da UFRGS
  177. Eduardo Rolim de Oliveira – Professor da UFRGS
  178. Eleandra Koch – Pesquisadora em Ciências Sociais e Servidora do INCRA
  179. Elena Salvatori ­– Professora universitária UFRGS
  180. Eliana Bermann Elson – Assistente Social
  181. Eliana Maria – Editora
  182. Eliana Maria do Sacramento Soares – Professora do PPG em Educação UCS – RS
  183. Eliana Renildy Gonzalez Rodrigues – Cidadão
  184. Eliane Carmanim Lima – Psicóloga e Socióloga
  185. Eliane Schneider Medeiros – Professora aposentada
  186. Elias Medeiros Vieira – Doutor em Ciência Política. Analista Judiciário do TRE/RS
  187. Elida Rubini Liedke – Socióloga e Professora do PPG de Sociologia da UFRGS
  188. Elisabete de Sousa Otero – Professora da Faculdade de Educação da UFRGS aposentada
  189. Elisangela Borba Bueno – Assistente social
  190. Elizabete Rocha – Professora do Departamento de Bioquímica da UFRGS, aposentada
  191. Elizabeth Baldi – Diretora Pedagógica da Escola Projeto (POA).
  192. Elizeu Beckmann – Aposentado do Banco do Brasil
  193. Elmar Bones da Costa – Jornalista
  194. Elpidio Jaques de Borba – Enfermeiro, Servidor da Secretaria da Saúde RS, Diretor do Sintergs – Sindicato dos Técnicos Científicos RS
  195. Emerson Giumbelli – Antropólogo e Professor do PPG de Antropologia da UFRGS
  196. Eneida Brasil – Professora universitária
  197. Enno Dagoberto Liedke Filho – Sociólogo e Professor do PPG de Sociologia da UFRGS
  198. Eny Dalmaso – Professora de História no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, pós-graduada em Psicologia
  199. Érika Bezerra de Meneses Pinho – Doutoranda em antropologia social no PPGAS/UFRGS
  200. Ermerson Gumbelli – Professor do IFCH, UFRGS
  201. Eugênio Aragão – Professor da UnB e ex-Ministro da Justiça
  202. Eunice Zanatta – Médica Psiquiatra
  203. Eurídice Josefina Basso Tôrres – Juíza do Trabalho aposentada
  204. Evandra Borges Dias da Rosa – Assistente Social
  205. Everton Cardoso – Professor da Unisino e Jornalista
  206. Ewelin Canizares – Química Ambiental
  207. Ezequiel Hanke – Teólogo, doutorando do PPG em Teologia da Faculdades EST – São Leopoldo
  208. Fabiana Gross Reinehr – Assistente Social
  209. Fabiana Veríssimo – Advogada, Especialista em Educação
  210. Fábio Dias Ribeiro Elste – Advogado, especialista em Direitos Humanos e Cidadania
  211. Fabíola Rohden – Professora do IFCH, UFRGS
  212. Fabrício Rocha – Psicólogo
  213. Felipe Comunello – Antropólogo e Professor do Departamento Interdisciplinar do Campus Litoral Norte da UFRGS
  214. Felipe Immich – Advogado
  215. Fernanda Bittencourt Ribeiro – Antropóloga e Professora universitária
  216. Fernanda Corezola – Socióloga Seplan/RS
  217. Fernanda Lanzarini da Cunha – Assistente Social UFRGS
  218. Fernando Corona – Músico
  219. Fernando Gertum Becker – Biólogo, Doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Prof. Associado, Departamento de Ecologia, UFRGS
  220. Fernando Leipnitz – Bibliotecário da UFSM, Mestrando em Patrimônio Cultura da UFSM
  221. Fernando Ungaretti – Advogado
  222. Flavio Aguiar – Escritor, Jornalista, correspondente em Berlim
  223. Flávio Fligenspan – – Professor de Economia UFRGS
  224. Flávio Ilha – Jornalista
  225. Flávio Ilha – Jornalista
  226. Flávio Saidelles – Professor do Colégio Júlio de Castilhos
  227. Flavya Mutran Pereira – Artista e Pesquisadora Instituto Artes UFRGS
  228. Francisco Marshall – Historiador, Professor da UFRGS.
  229. Franklin Cunha – Médico, escritor
  230. Gabriela Bulla – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  231. Gabriela Schneider – Advogada, Mestre em Direito Público
  232. Gerson Buss – Analista Ambiental do ICMBio
  233. Gerson Luiz de Almeida Silva – Sociólogo
  234. Gerson Madruga da Silva – Extensionista da Emater
  235. Gerson Roberto Neumann – Professor do Instituto de Letras UFRGS
  236. Getúlio Jorge Stefanello – Pro-Reitor Adjunto de Extensão – IFRS
  237. Giba Assis Brasil – Professor de Audiovisual Unisinos
  238. Gil Baumgarten Franco – Advogado
  239. Gilberto Bombardieri – Jornalista, Professor universitário
  240. Gilda Franco Jobim – Arquiteta e Urbanista – Metroplan
  241. Gilmar Gomes – Jornalista, Repórter Fotográfico
  242. Gilson Gruginskie – Professor de História
  243. Glaucia Campregher – Professora de Economia da UFRGS
  244. Gláucia Grohs – Professora da FACED/UFRGS
  245. Graça Guindani – Jornalista
  246. Graciela Quijano – Professora do Instituto de Letras da UFRGS aposentada
  247. Gregório Grise – Pós-Doutorando em Sociologa na UFRGS, Bolsita do CNPq
  248. Guilherme Castro – Cineasta e Professor universitário
  249. Guilherme G. de F. Xavier Sobrinho – Sociólogo
  250. Guilherme Nunes Serafina – Engenheiro de Computação
  251. Helen Osório – Professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas UFRGS
  252. Helena M. Cabeda Petrucci – Professora do CAU | FA – UFRGS
  253. Helgio Trindade – Professor Emérito e ex – Reitor da UFRGS
  254. Herbert Walter Hermann – Doutorando em Antropologia Social UFRGS
  255. Hermógenes Savani Filho – Professor da Faculdade de Economia da UFRGS
  256. Hugo Moller – Professor de Ensino Fundamental da Escola Waldorf Querencia
  257. Iara Nascimento – Advogada
  258. Ida VAnessa D. Schwartz – Professora do Departamento de Genética UFRGS
  259. Igor Castellano da Silva – Professor de Relações Internacionais da UFSM
  260. Igor Moraes Simões – Professor de História da Arte, Teoria e Crítica na UERGS, Doutorando PPGAV UFRGS
  261. Inês Martina Lersch – Professora da Faculdade de Arquitetura UFRGS
  262. Ingrid Gonçalves Caseira – Professora do IFRS
  263. Irene Galeazzi – Socióloga
  264. Irineu Garcia – Artista Plástico
  265. Iris Cordeiro – Médica
  266. Isabel Aparecida Bilhão – PGG-Educação/Unisinos
  267. Israel Oliveira – Trompista da OSPA
  268. Ivam Martins de Martins – Pedagogo
  269. Ivonete Pinto – Jornalista, Professora Universitária
  270. Jackson Raymundo – Mestre e Doutorando em Letras/UFRGS
  271. Jacqueline Silva – Professora do Departamento de Medicina Social UFRGS
  272. Jaime Rodrigues – Urbanista
  273. Jane Mari de Souza – Professora da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre
  274. Janete Nunes Soares – Psicologa
  275. Janete Ramalho Rodrigues – Formada em Gestão Pública e aposentada da CEEE
  276. Janice Dorneles de Castro – Professor de Economia UFRGS
  277. Jaqueline Moll – Professora da UFRGS
  278. Jaqueline Rain de Lima – Artesã
  279. Jarbas Osório – Médico, Servidor estadual
  280. Jeferson Arenzon – Professor Titular do Instituto de Física – UFRGS
  281. Jeferson Miola – Funcionário Público de Porto Alegre
  282. João Carlos Coimbra – Paleontólogo e Professor titular do PPG em GeociênciaS da UFRGS
  283. João Carlos Loebbens – Doutorando em economia/UAH – Servidor Público
  284. João Farias Rovati, Professor, Faculdade de Arquitetura/UFRGS
  285. João Luiz Becker – Professor Titular da Escola de Administração – UFRGS
  286. João Pedro Metz – Contador
  287. João Wolhfart – Professor de Filosofia
  288. Joaquim Alberto Vasconcellos – Analista do Banco do Estado do Rio Grande do Sul
  289. Joaquim Terra Pinto – Professor municipal e ex dirigente da ATEMPA
  290. Jocemara Neves Boeck – Assistente Social
  291. Joel Santana da Gama – Mestre em História/Professor
  292. Jorge Alberto Benitz – Consultor Técnico
  293. Jorge Alberto Buchabqui – Professor Associado, FAMED/UFRGS
  294. Jorge Augusto Silveira Verlindo – Sociólogo FEE
  295. Jorge Barcellos – Doutor em Educação/UFRGS, Pesquisador do Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre
  296. Jorge Branco – Sociólogo, mestrando em Ciência Política UFRGS
  297. Jorge Furtado – Cineasta
  298. Jorge Luiz Garcia de Souza – Advogado
  299. Jorge Santos Buchabqui – Advogado
  300. Jorge Tadeu Maurmann – Aposentado, Agrônomo, Arquiteto, Engenheiro Civil (UFRGS)
  301. José Antônio Tavares – Técnico em TI, Militante do Movimento Software Livre
  302. José Beltrame Neto – Médico
  303. José C. Baracat Jr. – Professor do Instituto de Letras da UFRGS
  304. José Carlos Freitas Lemos – Professor Arquitetura e Urbanismo UFRGS
  305. José Carlos Moreira da Silva Filho – Professor da Faculdade de Direito da PUCRS / Bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPQ
  306. José Clovis de Azevedo – Professor Mestrado IPA
  307. José Fernando Cardoso – Jornalista, Radialista, Pós Graduando em Produção e Revisão Textual UniRitter
  308. José Francisco Kanarzveski – Economista, ex-presidente do Conselho Regional de Economia/RS e ex- Diretor do Centro de Ciências Econômicas da UNISINOS
  309. José Joaquim Marchisio – Conselheiro da Sociedade de Economia RS e Diretor do Sindicato dos Economistas RS
  310. José Oscar Paz – Engenheiro Eletricista aposentado
  311. José Otávio Teixeira – Fotógrafo
  312. José Ricardo Costa – Professor da Faculdade de Direito da FURG
  313. Josué Krug – Músico e Estudante de História da Arte
  314. Josué Martins – Auditor Externo do TCE-RS, Presidente do CEAPE-Sindicato e membro da Coordenação do Núcleo Gaúcho da Auditoria Cidadã da Dívida Pública
  315. Jucemara Beltrame – Advogada
  316. Juliana Botelho Foernges – Advogada, mestranda em Ciência Política
  317. Júlio Cesar de Oliveira – Professor UFRGS
  318. Julio Eduardo Rohenkohl – Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM
  319. Júlio Elmar Vargas – Economista
  320. Julio Xandro Heck – Professor EBTT, Área Biotecnologia, Campus Porto Alegre – IFRS
  321. Jussara Kalil Pires – Socióloga
  322. Jussara Mendes – Docente do Instituto de Psicologia, Curso de Serviço Social/ UFRGS
  323. Jussara Rosa Cony – Farmaceutica, funcionaria aposentada da UFRGS
  324. Karina Lanfredi – Psicóloga
  325. Karina Lucena – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  326. Karyne Maurmann – Bióloga, Mestre em Ecologia (UFRGS), titular da “Ar Ambiental” – Educação Ambiental
  327. Katemari Rosa – Professora Doutora da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG/PB
  328. Laura Bannach Jardim – Professora da Faculdade de Medicina da UFRGS
  329. Lavinia Schuler-Faccini – Professora Titular Departamento de Genética UFRGS
  330. Lea Epping – Cientista Social
  331. Leila Dalpiaz de Mattos – Cientista Social
  332. Leila Rechenberg – Professora do curso de Fonoaudiologia da UFRGS
  333. Leila Thomassim – Assistente Social
  334. Léo Bastos – Estudante de Direito, ativista do movimento estudantil e militante do Levante Popular da Juventude
  335. Leonardo Antunes – Professor do Instituto de Letras da UFRGS
  336. Leonardo Gregory Brunnet – Professor do Instituto de Física UFRGS
  337. Leonardo Kauer Zinn – Advogado
  338. Leonardo Leal Loureiro de Lima – Bacharel em Artes Visuais UFRGS
  339. Leonardo Melgarejo – Engenheiro Agrícola, Doutor em Engenharia de Produção
  340. Leonardo Melgarejo – Engenheiro Agrônomo, Presidente da AGAPAN
  341. Letânia Menezes – Jornalista
  342. Liana Borges – Professora, Doutora em Educação pela UFRGS
  343. Liana Timm – Artista multimídia
  344. Liane Schneider – Professora, Dra. PPGL UFPB
  345. Lígia Kranen – Fonoaudióloga
  346. Ligia Mori Madeira – Professora do Departamento de Ciência Política UFRGS
  347. Lilian Beatriz Castro – Professora de História na PMPA
  348. Lilian Ramos – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  349. Liliana Reinbold Thedy – Assistente Social
  350. Lisandra Goncalves Gutierres – Assistente Social
  351. Loiva Beatriz Diedrich – Assistente Social
  352. Lorena Holzmann – Socióloga, Professora do PPG de Sociologia da UFRGS aposentada
  353. Lourdes Rossoni – Funcionaria do Banrisul, ex-diretora do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre
  354. Luci Teresinha Malickovski – Auxiliar de Enfermagem
  355. Lucia Camini – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  356. Lúcia Carpena – Professora do Instituto de Artes da UFRGS
  357. Lucia Maria Goulart Jahn – Jornalista, Técnica em Cultura
  358. Luciana Maria de Aragão Ballestrin – Professora do PPG de Ciência Política da UFPel
  359. Luciana Paiva Coronel – Professora de Letras da FURG
  360. Luciana Pazini Papi – Cientista Política
  361. Luciana Petrucci Gigante – Médica, Consultório em Porto Alegre
  362. Luciane Borges – Advogada
  363. Luciane Leipnitz – Professora do Curso de Bacharelado em Tradução da UFPB
  364. Luciane Sgarbi S. Grazziotin – PPGEdu UNISINOS
  365. Luciano Miranda – Professor da UFSM – Núcleo de Análise das Variações na Economia Política dos Direitos Fundamentais e Tecnologias de Informação e Comunicação
  366. Luciene Simões – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  367. Lucimar Fátima Siqueira – geógrafa
  368. Lucimar Rodrigues de Souza-Assistente Social
  369. Lucio Costa – Advogado
  370. Lúcio Jorge Hammes – Professor da UNIPAMPA e do PPGEdu da Unipampa
  371. Lucio Olímpio de Carvalho Vieira – Professor do IFRS
  372. Luís Augusto Fischer – Professor da UFRGS
  373. Luís Felipe Rhoden Freitas – Professor do IFRS
  374. Luiz Alberto Atz – Administrador, aposentado
  375. Luiz Antonio Grassi – Engenheiro
  376. Luiz Augusto Faria – Professor de Economia e de Relações Internacionais UFRGS
  377. Luiz Carlos Pinheiro Machado – Professor Catedrático da UFRGS, aposentado
  378. Luiz Claudio Knierim – Professor de História
  379. Luiz Eduardo Achutti – Fotógrafo, Antropólogo e Professor do IA da UFRGS
  380. Luiz Fernando Silva Bilibio – Professor da Faculdade de Educação da UFRGS
  381. Luiz Lopes Burmeister – Advogado
  382. Luiz Octavio Vieira – Médico, Advogado, ex-presidente da FIERGS e do Banco Meridional, ex-Secretário de Assuntos Internacionais do RS
  383. Luiz Roberto P. Targa – Cozinheiro
  384. Luiza Cheuiche Fendt – Arquiteta e Urbanista
  385. Luiza Milano – Professor do Instituto de Letras da UFRGS
  386. M a r c e l o K o c h – Arquiteto
  387. Magda Barros Biavaschi – Desembargadora aposentada do TRT 4, pesquisadora no CESIT/UNICAMP
  388. Magda França – Assistente Social
  389. Magda Heloisa Santos Freitas – Engenheira Civil, aposentada da CORSAN
  390. Mailiz Garibotti Lusa – Professora do Departamento de Serviço Social UFRGS
  391. Maira Baumgarten Correa – Professora de Sociologia da UFRGS
  392. Mara Feltes – Executiva Nacional DIEESE e CUT, Direção Semapi
  393. Marcelo Armani – Artista
  394. Marcelo Bornia – Advogado
  395. Marcelo de Oliveira – Tecnólogo em telecomunicações, Especialização em Eficiência Energética e em Sociologia
  396. Marcelo Gobatto – Artista visual e docente do Instituto de Letras e Artes FURG
  397. Marcelo Kunrath Silva – Professor do PPG de Sociologia da UFRGS
  398. Marcelo Milan – Professor de Economia e Relação Internacionais UFRGS
  399. Marcelo Soares – Sociólogo
  400. Marcia Barbosa – Professora do Instituto de Física da UFRGS.
  401. Márcia Helena Jung Martins – Pedagoga
  402. Marcia Jacoby – Assistente Social
  403. Marcia Nectoux – Assistente Social
  404. Marco Antônio Fronquete – Técnico da UFRGS
  405. Marco Cepik – Professor Associado UFRGS, Pesquisador do CEGOV
  406. Marco Weissheimer – Jornalista
  407. Marcos de Souza Fialho – Analista Ambiental do ICMBio
  408. Marcos Diligenti – Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo PUCRS
  409. Marcos Fagundes Salomão – Juiz do Trabalho TRT 4ª Região
  410. Marcos Goldnadel – Professor do Instituto de Letras UFRGS
  411. Marcos Idiart – Professor do Instituto de Física – UFRGS
  412. Marcos Todt – Mestre em Ciências Sociais e Vice-Presidente da APCEF/RS
  413. Margarete Costa Moraes – Professora aposentada, ex Secretária de Cultura de Porto Alegre
  414. Margarete de Fátima Vieira – Educadora Social
  415. Mari Helem Rech Rodrigues – Médica Gastroenterologista
  416. Maria Amélia Bulhões – Professora do PPG Artes Visuais Instituto de Artes UFRGS
  417. Maria Augusta de Mattos – Analista Judiciária aposentada TRT4
  418. Maria Bernadete D’Avila de Bem – Professora da rede pública estadual (RS) e municipal de Porto Alegre
  419. Maria Carmen Silveira Barbosa – Professora da FACED UFRGS
  420. Maria Cristina Leandro Ferreira – Professora do Instituto de Letras da UFRGS.
  421. Maria da Glória de Paula – Assistente Social
  422. Maria da Graça Pinto Bulhões – Socióloga, Professora da UFRGS aposentada
  423. Maria Dalila Bohrer – Arquiteta e Urbanista
  424. Maria de Fátima Baierle – Socióloga e Professora aposentada
  425. Maria de Lourdes Duque-Estrada Scarparo – Psicóloga
  426. Maria do Carmo Gonçalves Curtis – Professora da Faculdade de Arquitetura UFRGS
  427. Maria Elisabete Fiori – Cidadã porto-alegrense
  428. Maria Éster Marques Cesar – Advogada
  429. Maria Fernanda Landim – Assistente Social
  430. Maria Helena Bernardes – Artista Visual, Professora de História e Teoria da Arte
  431. Maria Helena Oliveira – Diretora do SEMAPI/RS
  432. Maria Hermínia Ribeiro- Funcionária Pública Municipal, Nutricionista/SMED
  433. Maria Isabel da Jornada – Socióloga
  434. Maria Ivone dos Santos – Artista e Professora do Instituto de Artes da UFRGS
  435. Maria Izabel Noll – Cientista Política, Professora do Departamento de Ciência Política UFRGS
  436. Maria José Lanziotti Barreras – Professora de História da PUCRS aposentada
  437. Maria Josefina Becker – Assistente social
  438. Maria Júlia Padilha Macagnan – Professora Universitária
  439. Maria Lúcia Moritz – Cientista política, Professora da UFRGS
  440. Maria Luísa Xavier – Professora da Faculdade de Educação da UFRGS
  441. Maria Luiza Coletto Imbert – Psicóloga
  442. Maria Luiza de Carvalho Armando – Doutora em Sociologia da Literatura, Professora do Instituto de Letras da UFRGS aposentada
  443. Maria Luiza de Carvalho Armando – Professora universitária federal da UFRGS
  444. Maria Luiza Saraiva Pereira – Professora do Instituto de Ciências Básicas da Saúde UFRGS
  445. Maria Regina Jacob Pilla – Tradutora e escritora
  446. Maria Rosa Fontebasso – Professora Doutora em Educação
  447. Maria Sallet Leitão Domingues – Odontóloga
  448. Maria Tereza Boaz – Médica
  449. Maria Tereza Flores Pereira – Professora da Escola de Administração da UFRGS
  450. Maria Valesca Santos de Assis Brasil – Professora Especialista em Ciências da Educação, Escritora
  451. Mariana Elisa Becker Marques – Assistente Social
  452. Marília Saldanha da Silva – Psicoterapeuta Corporal, Doutoranda Psicologia Social Institucional UFRGS
  453. Marília Veronese – Professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Unisinos
  454. Marilu Goulart – Psicóloga
  455. Marinês Z. Grando – Economista da FEE aposentada
  456. Mário Corbonell Neto – Servidor Público da Justiça do Trabalho
  457. Mário Francisco Giani Monteiro – Médico de saúde pública e Professor aposentado do Instituto de Medicina Social da UERJ
  458. Mário Madureira – Advogado
  459. Mário Monti de Vasconcellos Silva – Administrador de Empresas e Especialista em Estudos Estratégicos e Relações Internacionais Contemporâneas
  460. Mário Ruy Zacouteguy – Professor da PUCRS e UNISINOS aposentado
  461. Mário Teza – Ativista software livre, Presidente da Procempa
  462. Marisa S. Grassi – Advogada
  463. Maristela Penteado – Assistente Social
  464. Marta Borba – Assistente Social, Diretora técnica da Fundação de Assistência Social e Cidadania
  465. Marta Marques – Pedagoga, Doutoranda em Educação pela UNISINOS
  466. Mateus Freitas Cunda – Psicólogo
  467. Maurício Assumpção Moya – Professor de Ciência Política da UFRGS
  468. Mauro Moura – Músico
  469. Mercedes Maria Logercio Cánepa – Professor de Ciência Política da UFRGS, aposentada
  470. Miguel da Costa Franco – Escritor e roteirista
  471. Milena Dugacsek – Professora, Musicista, Mestre em Antropologia
  472. Milene Lattuada – Assistente Social
  473. Milton Ribeiro – Jornalista
  474. Miriani G. Pastoriza – Professora do Departamento de Astronomia – Instituto de Física – UFRGS
  475. Mirna Spritzer – Atriz e Professora do PPGAC/UFRGS
  476. Moisés Mendes – Jornalista
  477. Mónica Concha Amin – Professora de Gestão em Saúde da UFCSPA
  478. Naia Oliveira – Socióloga, Pesquisadora da FEE, Conselheira da Fundação Gaia
  479. Naiara Vieira – Assistente Social
  480. Nair D´Agostini – Professora e Pesquisadora Teatral UFSM aposentada
  481. Nair Iracema Silveira – Doutora em Educação/UFRGS
  482. Naira Lima Lapis – Socióloga, Professora de Sociologia da UFRGS – Aposentada
  483. Natália Labella – Professora do Instituto de Letras UFRGS
  484. Natasha Maurmann – Farmacêutica, Doutora em Neurociências, UFRGS e UCL Londres
  485. Nei Lisboa – Compositor
  486. Nei Vargas da Rosa – Doutorando Artes Visuais UFRGS
  487. Nelson Rego – Escritor e geógrafo, Professor no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRGS
  488. Nelton Luis Dresch – Professor adjunto 4, DEC FACED UFRGS
  489. Néstor Monasterio – Diretor e Produtor Teatral
  490. Neusa Maria dos Santos – Advogada
  491. Neuza Guareschi – Professora UFRGS
  492. Nicole Duprat – Assistente Administrativo
  493. Nilo Ricardo da Silva Prunes – Publicitário
  494. Nina Camarano – Assessora Jurídica
  495. Nize Costa Nunes – Cidadã
  496. Norma Lucia Souza – Servidora pública federal IBGE
  497. Octavio Conceição – Professor de Economia UFRGS
  498. Odete Bresolin – Professora Aposentada
  499. Odinei Bueno Gonçalves – Professor e Advogado
  500. Olga Garcia Falceto – Docente convidada da Faculdade de Medicina da URGS
  501. Olga Nancy P. Cortés – Psicóloga, Doutoranda em Filosofia PPG Filosofia/PUCRS
  502. Ondina Fachel Leal – Professora do Departamento de Antropologia UFRGS aposentada
  503. Orlando Venâncio dos S. Filho – Advogado
  504. Oscar Martins Neto – Assistente Social
  505. Oscar Plentz – Advogado
  506. Osvaldo Casares Pinto – Reitor do IFRS
  507. Otávio Nunes – Psicanalista
  508. Patrícia Mello – Advogada, Musicista e Membro Titular do Colegiado Setorial de Música do Conselho Nacional de Política Cultural/MinC
  509. Patrícia Reuillard – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  510. Paula Sandrine Machado – Professora do Instituto de Psicologia da UFRGS
  511. Paulo A Cabral – Doutor em Informática na Educação, Jornalista / Diretor de Vídeo
  512. Paulo Canavezi – Músico e Servidor Público
  513. Paulo Coimbra Guedes – Professor do Instituto de Letras da UFRGS
  514. Paulo de Tarso Carneiro – Militante Direitos Humanos Comitê Carlos de Ré
  515. Paulo Machado Mors – Professor do Instituto de Física da UFRGS
  516. Paulo Peres – Professor do Departamento de Ciência Política da UFRGS
  517. Paulo Renato Silveira Bica – Arquiteto e Urbanista, Professor Universitário
  518. Paulo Roberto Tiecher de Jesus – Funcionário do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região
  519. Paulo Roberto Wunsch – professor de Sociologia- IFRS
  520. Paulo Timm – Economista IPEA aposentado
  521. Pedrinho Figueiredo – Músico
  522. Pedro Cezar Dutra Fonseca – Economista, Professor da Faculdade de Economia UFRGS
  523. Pedro Luiz da Silveira Osório – Jornalista e Professor universitário
  524. Rafael Alves da Cunha – Economista, Dirigente da SOCECON/RS e SINDECON/RS
  525. Rafael Machado Madeira – PPG Ciências Sociais da PUC/RS
  526. Rafael Pavan dos Passos – Arquiteto e Urbanista
  527. Raquel Abrantes Pego – Socióloga, Professora visitante UnB
  528. Raquel Fabiana Lopes Sparemberger – Professora Adjunta da FURG, PPG do Programa de Mestrado em Direito da FUR, Pós-doutora em Direito
  529. Raquel Paese – Advogada
  530. Raul Ellwanger – Músico e ativista de DDHH
  531. Regina Abrahão – Diretora Colegiada Semapi
  532. Reginete Souza Bispo – Cientista Social, Coordenadora da Akanni – Instituto de Pesquisa e Assessoria em Direitos Humanos, Gênero, Raça e Etnias
  533. Rejane Cecília Barbosa de Almeida – Mestre em Filosofia, Professor Estadual
  534. Rejane Pizzato – Assistente Social
  535. Renata Bocorny de Azevedo – Analista Ambiental do ICMBio
  536. Renata de Matos Batillana Matias – Professora
  537. Renato Borges de Medeiros – Engenheiro Agrônomo
  538. Ricardo César Gadelha de Oliveira Júnior – Analista Pesquisador na Fundação de Economia e Estatística, Doutorando em Antropologia Social – PPGAS – UFRGS
  539. Ricardo Dathein – Professor do PPG em Economia da UFRGS
  540. Ricardo Fragoso – Músico
  541. Ricardo Fritsch – Analista de sistemas – Associação Software Livre.Org
  542. Ricardo Rondinel – Departamento de Economia e Relacoes Internacionais da UFSM
  543. Ricardo Timm de Souza – Professor PPG Filosofia PUCRS
  544. Rita Buttes – Terapeuta Ocupacional, Funcionária Pública da Saúde Municipal de Porto Alegre, Membro do Cebrapaz RS e da ACJM/RS
  545. Rita Zanon – Advogada
  546. Róber Iturriet Avila – Professor de Economia e Pesquisador Unisinos e FEE
  547. Roberto Carlos de Assis – Presidente da Associação dos Pesquisadores em Tradução ABRAPT
  548. Roberto Costa Fachin – Professor Titular Aposentado Escola de Administração – UFRGS
  549. Roberto Jorge de Freitas Filhos – Tecnologista sênior, Engenheiro IBGE
  550. Roberto M. Bossle – ex Presidente do Sindicato dos Administradores do RS e da Federação Nacional dos Administradores
  551. Roberto Pereira da Rocha – Economista FEE
  552. Roberto Pesavento – Economista, Faculdade de Economia da UFRGS
  553. Roberto Vlimar Satur – Professor UFPB
  554. Robeto Iglesias – Professor Instituto de Física – aposentado – UFRGS
  555. Rochele Fellini Fachinetto – Professora Sociologia UFRGS
  556. Rodrigo de Assis Brasil Valentini – Historiador e Educador Popular
  557. Rodrigo dMart – Jornalista, músico, escritor e produtor cultural
  558. Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo – Sociólogo e Coordenador do PPG em Ciências Sociais da PUCRS
  559. Rodrigo Morem da Costa – Doutor em Economia, Pesquisador da FEE
  560. Rogéria Costa Pereira Doutora em Linguística – Professora da Universidade Federal do Ceará
  561. Rogério Guimarães Oliveira – Advogado
  562. Rolf Jesse Fürstenau – Cientista Social
  563. Rommulo Vieira Conceição – Professor do Instituto de Geociências UFRGS
  564. Rômulo Plentz Giralt – Professor do Departamento de Arquitetura da UFRGS
  565. Ronaldo Herrlein Jr. – Professor de Economia UFRGS
  566. Rosa Chieza – Professora de Economia UFRGS
  567. Rosa Maria de Oliveira Graça – Professora do Instituto de Letras da UFRGS
  568. Rosa Maria Spolavori Martins – Assistente Social
  569. Rosa Maris Rosado – Professora e Doutora em Geografia pela UFRGS
  570. Rosana Almendares – Artista Visual e Designer – Sócia na empresa Design de Atelier
  571. Rosana Pinheiro Machado – Antropóloga, Professora visitante Universidade de São Paulo USP
  572. Rosana Soares – Professora de Ciência Política da UFSM
  573. Rosane Borges Leite – Jornalista
  574. Rosângela Cabral – Empresária
  575. Rosângela Carvalho – Socióloga, Professora na Rede Estadual
  576. Rose Mossmann Sortica – Servidora Pública Estadual RS
  577. Rosely Cassou Barbosa – Assistente Social
  578. Rosilma Diniz Araujo – Professora Ms.do Departamento de Letras Estrangeiras ModernasUFPB
  579. Rosinha da Silva Machado Carrion – Professora da Escola de Administração UFRGS
  580. Rozane Dalsasso – Professora e ativista cultural
  581. Rualdo Menegat – Geólogo, Professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da UFRGS
  582. Russel Teresinha Dutra da Rosa – Professora Faculdade Educação UFRGS
  583. Sady Jacques – Servidor Público da PROCERGS e Coordenador geral da Associação Software Livre.Org
  584. Salete Moraes – Socióloga, Doutora em Educação e Professora universitária
  585. Salma Cafruni – Arquiteta
  586. Salvatore Santagada – Sociólogo da FEE, aposentado
  587. Samanta Franskoviak – Assistente Social
  588. Sandra Bitencourt – Jornalista, Doutora em Comunicação pela UFRGS
  589. Sandra D. Torossian – Professora do Instituto Psicologia UFRGS
  590. Sandra de Deus – Professora UFRGS
  591. Sandra Fagundes – Psicóloga, ex-Secretária Estadual de Saúde do RS
  592. Sandra Loguercio – Professora da Letras/UFRGS
  593. Sandra Mara Pereira Nunes – Assistente Social
  594. Sandro Rocha Peres – Engenheiro Eletricista aposentado CEEE
  595. Santiago Neltair Abreu – Cartunista
  596. Sara Oliveira Cardoso – Pedagoga
  597. Sebastián Gonçalves – Professor do Instituto de Física – UFRGS
  598. Selma Schiedeck – Professora estadual aposentada
  599. Sérgio Alexandre Ramos González – Vice-Presidente da Sociedade de Economia do RS e Diretor do Sindicato dos Economistas do RS
  600. Sérgio Endler – Jornalista, Radialista e Professor universitário
  601. Sérgio Kapron – Economista, doutorando em Economia do Desenvolvimento UFRGS
  602. Sérgio Macedo – Advogado
  603. Sérgio Menuzzi – Professor do Instituto de Letras UFRGS
  604. Sérgio Prieb – Professor de Economia da UFSM
  605. Silvana Bojanoski – Professora da UFPel
  606. Silvana Krause – Cientista política, Professora do PPG de Ciência política UFRGS
  607. Simone Araújo Machado – Assistente Social
  608. Simone Belloli Rillo – Assistente Social
  609. Simone Bittencourt Andara – Fonoaudióloga na Saúde Pública
  610. Simone Mainieri Paulon – Laboratório Interdisciplinar de Políticas Públicas – PPG Psicologia Social e Institucional – PPG de Saúde Coletiva UFRGS
  611. Simone Ritta – Assistente Social
  612. Simone Valdete dos Santos – Professora da Faculdade de Educação
  613. Sirlene Maria Gonçalves de Souza – Assistente Social
  614. Sonia Mara M. Ogiba – Psicanalista e Professora da UFRGS
  615. Soraya Cortes – Socióloga e Professora do PPG de Sociologia da UFRGS
  616. Soraya Maria Dias Nicolaidis – Assistente Social
  617. Suelen Aires Gonçalves – Mestranda Programa de Pós – Graduação em Ciências Sociais PUCRS, Membra da Direção Nacional do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM)
  618. Suely Dadalti Fragoso – Professora da Faculdade de Arquitetura da UFRGS
  619. Susana Gastal – Jornalista, Professora do PPG Turismo da Universidade de Caxias do Sul
  620. Susana Londero – Professora Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação Voltadas à Educação
  621. Suzana Albornoz – Professora aposentada da FURG
  622. Suzana Leão – Artesã

623.      Tagore Vieira Rodrigues – Professor de História do Estado aposentado e Historiador aposentado da SMC/Prefeitura Municipal de POA

  1. Tamara Hauck – Jornalista
  2. Tânia Ehlers Brandão – Pedagoga
  3. Tania Liparini Campos – Doutora em Linguística aplicada, Profa. Adjunta da UFPB
  4. Tânia Santos Coelho de Souza – Socióloga e Servidora Pública
  5. Tarson Núñez – Doutor em Ciência Política, Pesquisador da FEE
  6. Tatiana Brocardo de Castro – Professora de Pedagogia do Centro Universitário Leonardo da Vinci e Servidora Pública do Município de Triunfo
  7. Tatiana Xavier – Historiadora, Militante e Ativista dos Direitos Humanos

631.      Tatiane Konrad – Advogada

  1. Tatiane Reis Vianna – Psicóloga, Psicanalista, trabalhadora do SES, APPOA e Instituto APPOA

633.      Teresa Cristina Schneider Marques – Cientista Política, Professora do PPG em Ciências Sociais PUCRS634.      Thiago Ingrassia Pereira – Sociólogo, Professor da Universidade Federal da Fronteira Sul

  1. Tiago dos Santos Rodrigues – mestrando em filosofia da PUCRS
  2. Tiago Holzmann da Silva – Arquiteto e Urbanista
  3. Tiago Martinelli – Professor do Departamento de Serviço Social da UFRGS
  4. Tisiane Mordini de Siqueira – Advogada
  5. Ubiratã Kickhöfel Alves – Professor Adjunto da UFRGS
  6. Ubiratan de Souza – Economista UNEB
  7. Uriel Battisti – Arquivista
  8. Valdir Flores – Professor do Instituto de Letras da UFRGS

643.      Valéria Raquel Bertotti – Professora do Curso de Arquivologia FABICO/UFRGS

  1. Vanessa Castro Alves – Assistente Social
  2. Vanessa Pereira Schimitz – Assistente Social
  3. Vânia Naomi Hirakata – Estatística
  4. Vera Haas – Professora e Pesquisadora do IFSUL – Instituto Federal Sul-rio-grandense
  5. Vera Ione Molina – Escritora
  6. Vera Lúcia Inácio de Souza – Psicóloga da UFRGS, Conselheira do COEPEDE
  7. Vera Lucia Maciel Barroso – Historiadora Centro Histórico Cultural Santa Casa
  8. Vera Regina Reis Pinto – Jornalista
  9. Vera Spolidoro – Jornalista
  10. Vera Teixeira de Aguiar – Professora Titular aposentada da FALE/PUCRS
  11. Vera Troller Guilhermano – Psicóloga
  12. Veridiana Farias Machado – Educadora Social
  13. Victor Hugo Santana – Economista, Professor universitário
  14. Victoria Irisarri – Doutora em Antropologia Social (UFRGS)
  15. Vinicius de Lara Ribas – Doutorando em Ciência Política (UFRGS)
  16. Vinícius Galeazzi – Engenheiro Civil
  17. Vitor Ortiz – Gestor Cultural
  18. Viviane Falkembach – Produtora Cultural
  19. Viviane Silva Ramos – Pro-Reitora de Extensão – IFRS
  20. Volmir Duarte – Economista – BRDE
  21. Volnei Borba Gomes – Consultor Nacional Sebrae, SGC e Contador
  22. Volnei Picolotto – Doutor em Economia/UFRGS e servidor da SEFAZ/RS
  23. Walter Morales Aragão – Professor efetivo de Filosofia e Ética da Univates
  24. Zélia Leal Adghirni – Jornalista e Professora da Universidade de Brasília
  25. Zorávia Bettiol – Artista Plástica, Designer e Arte Educadora

A morte de Plínio Zalewski e o 2º Turno em Porto Alegre

Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo – Sociólogo e professor da PUCRS
Conheci Plínio Alexandre Zalewski Vargas no final dos anos 80. Ele integrava na época a chamada Nova Esquerda, grupo político formado por ex-integrantes do PRC, entre os quais Tarso Genro, Marcos Rolim e José Genoíno. Convivi mais proximamente com ele quando fundamos o movimento PT Amplo e Democrático, em 1992, que defendia uma mudança radical na estrutura interna do partido, arejando e democratizando os espaços de poder com o fim das estruturas de tendências internas, a desburocratização e a ampliação do diálogo com a sociedade numa perspectiva democrática, superando os vícios de estruturas políticas ainda marcadas pela luta armada contra o regime militar e padrões marxistas-leninistas de organização. Não tivemos sucesso, e o próprio PT Amplo virou uma tendência.
Por essa e por outras acabei me afastando da militância partidária, enquanto Plínio, no final dos anos 90, desistiu do PT e foi primeiro para o PPS, depois para o PMDB.
Discordei e discordo das opções políticas dele, e durante a última década continuei apoiando candidatos do PT para diversas esferas de poder, considerando que o partido era a possibilidade mais avançada de democratização do Estado e inversão de prioridades na implementação de políticas públicas de distribuição de renda e acesso a direitos. Mas reconheço que Plínio sempre manteve a coerência na tentativa de construir um espaço político democrático no contexto do Brasil e do Rio Grande do Sul. Há muito havia revisto suas ideias, e seu pensamento era muito influenciado pela filósofa Hannah Arendt, muito mais próximo de uma social democracia.
Lembro que em nosso último embate nas redes sociais, algumas semanas atrás, ele acusava a campanha de Raul Pont de estimular a violência juvenil contra o patrimônio em manifestações, e dizia que isso era inaceitável. Eu contrapunha dizendo que, em que pese a necessidade de evitar a utilização da violência como método de ação política, o processo de destituição da Presidente da República, pelo grau de ilegitimidade que continha, havia aberto a porta para a degradação da disputa política democrática, retrocedendo no processo de institucionalização dos conflitos sociais, para o qual o PT havia contribuído.
Naquele momento, ele ainda acreditava que o adversário no 2º turno seria Raul. Se deu conta logo depois, talvez tarde demais, que o desgaste do PT e a divisão da esquerda em Porto Alegre apontava para o risco real de que ficasse de fora da disputa, que seria entre dois grupos que até então estiveram aliados na Prefeitura e no Estado, um deles, representado por Marchezan, buscando aproveitar a onda conservadora e dispensar as parcerias com o centro (parte do PMDB e PDT) para governar sozinho e com um projeto de poder para o estado e o país de absoluta exclusão da esquerda dos espaços políticos e da participação social na gestão pública.
Logo após a sua morte, sites da direita tem espalhado a notícia de que Plínio era um “comunista”, e com isso procuram justificar a ação do MBL de perseguição a ele. Ao contrário, Plínio foi um dos artífices do projeto político que levou à derrota do PT na prefeitura de Porto Alegre depois de 16 anos no poder municipal, com marcas importantes e internacionalmente reconhecidas como o orçamento participativo, amalgamando forças políticas do centro até a direta para a constituição de uma nova hegemonia política na cidade. Brilhante estrategista, Plínio é parte de uma geração que buscou incessantemente a boa política, e sua morte empobrece a política gaúcha.
Na sexta-feira passada, encontrei com Plínio pessoalmente, depois de muitos anos, para declarar meu apoio à chapa Melo/Juliana, e conversar sobre os rumos da campanha no 2º turno. Não imaginava que seria nosso último encontro. A serem comprovados os fatos até agora divulgados, que apontam para uma linha investigativa voltada para a comprovação do suicídio, justificado pela pressão exercida sobre ele, já que o monitoravam e ameaçavam por vários meios, teria o sentido de um recado. Que sejamos capazes de ouvi-lo, para nos darmos conta do que de fato está em jogo nas eleições em Porto Alegre.

Nem Melo, nem Marchezan: o equívoco do manifesto “Por uma Frente Popular e Democrática em POA"

Miguel Idiart Gomes – Estudante de Ciências Sociais na PUCRS
O resultado eleitoral em Porto Alegre traduziu a falta de representatividade de todos os partidos políticos. Nenhum candidato fez mais votos que brancos e nulos, demonstrando a falta de legitimidade de quem vai assumir o paço municipal. A partir dessa leitura, atribuir a esquerda como responsável por uma vitória das candidaturas do Marchezan (PSDB) ou Melo (PMDB) significa mais uma manobra de culpar o PT e a esquerda pelo resultado.
A carta intitulada Frente Popular Democrática, assinada por intelectuais, usa a denominação da chapa PT/PCB das eleições de 1989 em Porto Alegre. Compara candidatura de Melo e Juliana (PMDB/PDT), com de Marchezan (PSDB/PP); argumenta que o PDT posicionou-se, nacionalmente, contra o golpe; e acrescenta que Juliana é “herdeira das propostas avançadas do Brizolismo para a emancipação da cidadania e a afirmação da democracia e da legalidade”.
Com todo respeito que tenho aos trabalhistas históricos e a trajetória de lutas do PDT no país a carta esquece de avaliar o posicionamento da deputada Juliana na base do governo Sartori (PMDB) na Assembleia Legislativa. Um exemplo foi a votação da Lei de Diretrizes Orçamentária de 2015, na qual ela votou a favor do congelamento dos salários e a perda dos direitos trabalhistas no RS. A aprovação do tarifaço nesse ano pela base do Sartori é outro exemplo em que a neta do Brizola votou pelo aumento das alíquotas do ICMS, o imposto sobre gasolina, álcool, telecomunicações e energia elétrica comercial e residencial acima de 50 kw.
A trajetória do trabalhismo e da liderança de Brizola não combina em nada com o apoio a uma candidatura de um partido protagonista de um golpe de estado.
A carta argumenta “a origem pessoal e o vínculo de Melo com setores populares”, mas não enxerga o enquadramento das lideranças do Orçamento Participativo e a corrupção em diversas secretarias, com investigações da Polícia Federal, Tribunal de Contas e Ministério Público. Listo alguns casos de investigação: Operação Rodin – investiga o contrato sem licitação por R$ 11,3 milhões; Operação Pathos – investiga desvio de pelo menos R$ 9 milhões pelo Instituto Sollus, contratado sem licitação para gerir o Programa Saúde da Família; denúncias de desvios e de corrupção na SMAM que resultaram na prisão e indiciamento de secretário do PMDB; o rompimento do conduto Álvaro Chaves, confirmando suspeitas de irregularidades nas obras do SócioAmbiental; o milionário contrato para conclusão do novo Sistema Integrado de Administração Tributária, o SIAT, foi suspenso pelo Tribunal de Contas por que houve indevida dispensa de licitação; o caso da Procempa, em que o presidente jogou dinheiro pela janela. Também a denúncia de desvio de R$3 milhões por mês na Carris. O caso mais recente é do Departamento de Esgotos Pluviais, em que identificaram um prejuízo de mais de R$2 milhões para os cofres público.
Diante desses fatos, a gestão onde Melo é o vice-prefeito, contratou, indiscriminadamente serviços terceirizados que culminaram em desvios de recursos públicos sem precisar privatizar.
Os dois partidos, PT e Psol, tomaram a decisão acertada de orientar sua militância em não votar nem no Melo, nem no Marchezan. Aliás, o segundo turno ocorre no momento em que o golpe avança a galope com a provação da PEC241, onde o PMDB e o PSDB aprovaram o congelamento dos recursos na Saúde e Educação. Eles governam juntos o país e o Estado e serão aliados em Porto Alegre, independente do resultado do pleito. Eles têm lado e não é o das classes populares e nem trabalhadora.

Contra o Retrocesso – Por uma Frente Popular e Democrática em Porto Alegre

Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo e outros
O Brasil vive um momento político extremamente grave. O Golpe parlamentar contra a Presidenta eleita foi realizado por uma potente articulação de forças contrárias aos direitos sociais, civis e democráticos. A entrega dos recursos do pré-sal para o grande capital internacional, o afastamento do Brasil de seus parceiros latino-americanos e africanos, a perda de protagonismo do país no contexto mundial, o corte de gastos nas áreas da saúde e da educação, a flexibilização das regras trabalhistas e o abuso da violência estatal e do encarceramento como políticas de Estado mostram que o golpe segue em curso, colocando para o campo democrático e popular o desafio de barrar o seu avanço.
Há um clima de ódio e de violência instalado no país. O processo de criminalização seletiva e de espetacularização das denúncias contra os integrantes de apenas um partido político, promovido por setores importantes do Poder Judiciário e do Ministério Público Federal, em aliança com as grandes mídias corporativas, tem como objetivo claro transformar as esquerdas e principalmente o PT e suas lideranças nos “grandes inimigos do povo”.
A discricionariedade na aplicação da Justiça, que desconsidera as graves denúncias envolvendo figuras destacadas do PSDB, do PMDB e do PP, bem como o engajamento do próprio STF na retirada progressiva das garantias processuais e dos direitos individuais revelam o perigo iminente da fascistização das relações sociais e das instituições públicas em curso no Brasil. É nesse contexto que ocorrerá o 2º turno da eleição para a Prefeitura de Porto Alegre, quando deveremos nos posicionar frente aos dois projetos políticos para a cidade mais votados no 1º turno.
Temos, de um lado, a candidatura de Marchezan Jr., do PSDB, aliado ao PP, que representa um programa de retrocesso em relação não só às conquistas sociais, políticas e econômicas da última década, mas também em relação aos direitos e garantias assegurados pela Constituição de 1988. Essa candidatura tenta angariar votos e conquistar o eleitorado para propostas de submissão das políticas públicas aos princípios da iniciativa privada: privatização do patrimônio público, enxugamento da máquina pública, arrocho do funcionalismo e rebaixamento dos direitos de cidadania a uma pura e simples relação de clientela entre os cidadãos e o Estado, numa postura assistencialista. A vitória dessa candidatura, que conta com forças políticas oriundas da antiga ARENA, significaria a obtenção de uma base sólida na capital do estado para o aprofundamento do golpe e a consolidação do campo neoliberal no Rio Grande do Sul, com todo o retrocesso social, político e econômico que ele representa.
A coligação Melo e Juliana, por outro lado, em que pesem problemas da cidade não enfrentados pela gestão municipal nos últimos 12 anos e, ainda, a vinculação do partido do candidato a Prefeito ao golpe perpetrado contra a democracia por meio do impeachment, é mais plural, na medida em que conta com a presença de uma liderança do PDT no cargo de vice-prefeita.  O PDT posicionou-se nacionalmente contra o golpe e reconhece a importância da participação popular na gestão pública. A origem pessoal e o vínculo de Melo com setores populares, a trajetória do Prefeito José Fortunatti, afiançador da chapa e historicamente vinculado ao campo democrático e popular, assim como a presença de Juliana Brizola como vice-prefeita, herdeira das propostas avançadas do Brizolismo para a emancipação da cidadania e a afirmação da democracia e da legalidade, não deixam dúvida sobre as diferenças entre as duas candidaturas em disputa. Frente ao retrocesso em curso no país após o golpe e o risco da fascistização crescente de nossas instituições, é fundamental que sejamos capazes, do espaço municipal ao nacional, de somar forças para a defesa da democracia e do Estado de Direito no país.
Para que Porto Alegre tenha uma perspectiva efetivamente popular e democrática, propomos a constituição de uma frente ampla para barrar o avanço do neoliberalismo mais retrógrado e elitista representado pela candidatura Marchezan, que reúne as forças mais à direita do espectro de posições políticas do Rio Grande do Sul.
Uma frente popular e democrática em Porto Alegre precisa ter como perspectiva enfrentar com mais determinação os problemas da cidade.
Porto Alegre precisa enfrentar com firmeza a gestão ambiental do Guaíba e da qualidade da água, dos resíduos sólidos e da qualidade do ar. Nas últimas administrações, a cidade tem sofrido uma espécie de falência da gestão ambiental, que precisa ser revertida diante dos desafios do aquecimento global e do desenvolvimento sustentável.
A educação municipal, que já foi motivo de orgulho, precisa avançar na qualificação dos professores e na educação de tempo integral. Os projetos de Educação de jovens e adultos (EJA) também merecem investimento e revitalização. As escolas precisam ser capacitadas para se tornarem centros de saberes locais e promotoras da identidade das comunidades.
A política urbana de Porto Alegre deve retomar o combate à retenção especulativa de imóveis urbanos, a fim de garantir o cumprimento da função social da propriedade e das funções sociais da cidade. Na política habitacional, os projetos de Regularização Fundiária de assentamentos irregulares precisam ser retomados, já que o direito à cidade depende, em boa medida, da segurança da posse na terra conquistada para fins de moradia.  As áreas ocupadas por comunidades tradicionais, como os quilombos urbanos, as terras indígenas e os povos de terreiro, são ainda mais vulneráveis ao assédio do mercado imobiliário e necessitam de urgente atenção na dotação de infraestrutura e serviços, bem como na titulação e proteção contra despejos forçados.
Da mesma forma, é importante ampliar as possibilidades de acesso regular ao solo urbano para as famílias de baixa renda por meio da oferta de lotes urbanizados em áreas já dotadas de infraestrutura. Porto Alegre precisa ampliar o debate acerca da utilização dos espaços públicos, particularmente em áreas de especial interesse ambiental e cultural, como, por exemplo, o Cais Mauá, devolvendo aos cidadãos o processo de tomada de decisão.
No plano das políticas para as mulheres, a desqualificação do transporte coletivo e as ameaças de redução de recursos para o SUS e para o ensino público afetam de forma particular as mulheres trabalhadoras da cidade, exigindo a retomada de programas da rede de assistência social e a ampliação das políticas de enfrentamento à violência doméstica e familiar.
A violência urbana reduz direitos de cidadania de homens, mulheres e jovens que têm o espaço público reduzido pelo medo e pela criminalidade organizada. É cada dia mais urgente a rediscussão do papel do município nas políticas de prevenção à violência, com a ampliação da guarda municipal, integrada com a Brigada Militar na realização do policiamento ostensivo, com características de policiamento comunitário e de proximidade, capaz de administrar conflitos e garantir a ação efetiva do Estado na prevenção ao crime. O mesmo desafio se coloca em relação aos moradores de rua, aos imigrantes e refugiados, pela vulnerabilidade de sua condição de cidadania.
Algumas políticas específicas precisam ser ampliadas e reforçadas, como o investimento em ciclovias para a criação de alternativas para a mobilidade urbana e a política de proteção animal, voltada para o controle populacional, o tratamento de doenças e o resgate e a adoção de animais em situação de rua, incorporando de forma definitiva novas demandas sociais às políticas públicas do município.
A retomada da política cultural, com o desenvolvimento de projetos avançados de ocupação do espaço urbano, com a descentralização da produção artística direcionada para os bairros da cidade, é fundamental para estimular o convívio social. Com isso, Porto Alegre poderá retomar suas cores e não sucumbir ao cinza de uma cidade desumanizada, triste e amedrontada.
Estes são alguns dos principais desafios colocados para a gestão da cidade. Para enfrentá-los, é preciso que seja construída uma frente democrática e popular, contra o retrocesso. Acreditamos que, para construí-la, o único caminho possível no 2º turno das eleições municipais é o voto em Melo e Juliana, para que Porto Alegre possa resistir ao retrocesso jurídico, político e social e se mantenha na defesa da legalidade democrática e das conquistas populares.
Assinam:
Ana Costa – Auditora fiscal do trabalho
Ângela Tavares – Programadora de computador aposentada e militante em movimentos sociais
Benedito Tadeu César – Cientista Político
Bernardo Lewgoy – Antropólogo e professor da UFRGS
Betânia de Moraes Alfonsin – Advogada e professora da PUCRS e da FMP
Carmen S. de Oliveira – Psicóloga e militante de direitos humanos
Cátia Simon – Professora da RME/PMPA
Diego Pautasso – Professor Universitário
Eny R. Dalmaso – Profa. de História e Filosofia, militante do Cpers Sindicato e movimentos sociais
Fábio Dal Molin – Psicólogo e professor da FURG
Gentil Corazza – Economista, professor da UFRGS
Ivaldo Gehlen – Sociólogo e professor da UFRGS
Jorge Garcia – Advogado
Jucemara Beltrame – Advogada
Júlio Bernardes – Professor de Filosofia, coordenador do Curso de Filosofia do Departamento de Ciências Humanas da UNISC
Luis Stephanou – Sociólogo
Maria da Glória Lopes Kopp – Historiadora, doutoranda em Ciências Sociais PUCRS
Maria Regina Jacob Pilla – Tradutora e escritora
Marília Veríssimo Veronese –  Psicóloga Social e professora da Unisinos
Mário Madureira – Advogado
Milena Dugacsek – Etnomusicóloga
Patrícia Reuillard – Tradutora e professora da UFRGS
Paulo de Tarso Carneiro – Bancário aposentado, fundador do PT
Paulo Timm – Economista
Rafael Machado Madeira – Cientista Político e professor da PUCRS
Reginete Souza Bispo – Cientista Social e militante do Movimento de Mulheres Negras
Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo – Sociólogo e professor da PUCRS
Rualdo Menegat – Geólogo e professor da UFRGS
Soraya Vargas Cortes – Socióloga e professora da UFRGS
Tagore Vieira Rodrigues – Historiador
Tamara Hauck – Jornalista
Vinicius Galleazzi – Engenheiro Civil
Walter Morales Aragão – Professor universitário
Zoravia Bettiol – Artista plástica
 

A moralização dos pobres

 Marilia Verissimo Veronese
Doutora em Psicologia Social pela PUCRS. Professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UNISINOS
As classes médias e altas estão sempre prontas a uma cruzada pela moralização dos pobres. Para elas, existe o bom pobre e o mau pobre: o primeiro é humilde, servil, respeitoso com “os de cima”, aceita trabalhar à exaustão por uma remuneração baixíssima, não reclama da sua condição. Está sempre agradecido/a pelo (pouco) que lhe concedem os mais aquinhoados.
Se ganha roupas que saíram do armário de seus patrões (mais para liberar espaço do que para aquecer alguém), fica agradecido e deixa-os com a sensação agradável de serem boa gente, gente caridosa. Toma o elevador de serviço, exclusivamente, e concorda que mobilidade social só através de muito trabalho duro (sem, obviamente, comentar que trabalha duríssimo a vida toda e a mobilidade raramente vem). Se for religioso e atribuir à vontade de deus a desigualdade social, tanto melhor! E se contar como, na favela ou periferia onde reside, alguns de seus vizinhos são preguiçosos e não gostam de serviço pesado, passam o dia a tomar cerveja fiada no boteco e por isso é que não vão pra frente, ganha o prêmio de “pobre ideal”! Ninguém comenta que ele/a trabalha duro pra caramba e também mora ali, não conseguindo se mudar para mais perto do trabalho. E toma ônibus lotado e demorado todo dia.
As mães de filhos de pais diferentes são apontadas como responsáveis pelo abandono dos homens com quem se envolveram, afinal, “não se deram ao respeito”. Se, desesperada e exausta, ela apela para um aborto clandestino na oitava gravidez e morre de hemorragia, dirão: “Bem feito. Assassina”. Poucos falam do homem que a abandonou, e ninguém comenta que a filha ou esposa do patrão também já fizeram aborto, pagando 5.000 reais na clínica chique do doutor rico que sai nas colunas sociais; para essas, afinal, está liberado. E segue a hipocrisia. As classes abastadas são protegidas por vários privilégios, como uso de sofisticados – e caros – recursos jurídicos para evitar a imputabilidade de crimes*. Não por acaso as prisões estão cheias de pobres. Tolamente, acredita o senso comum que pobre comete mais crime. Tsc, tsc, tsc… a ingenuidade beira a idiotice, às vezes.
Enfim, o bom/a boa pobre entra quietinho/a pela porta dos fundos, limpa a privada da madame e não reclama nunca. Faz hora extra sem receber pagamento extra nem adicional noturno, vai no sábado “quebrar um galho” lavando a louça na festa pela qual receberá pouco e… pronto! Medalha no peito pelos serviços prestados à ideologia justificadora da realidade social baseada numa falsa meritocracia – que na verdade é muito mais por herança do que por esforço. E não me refiro somente à herança em bens ou dinheiro, casas e carros; mas também a herança de um capital social/cultural e de um preparo para “vencer na vida” que começa quando se está ainda dentro do útero materno. Desde então, em classes favorecidas socioeconomicamente, já está sendo planejado para o bebê que vai nascer um futuro, uma formação cuidadosa e segurança afetivo-financeira. Isso tudo será transmitido pelo afeto, no cotidiano, antes da idade escolar. O valor atribuído pelo sujeito a si mesmo – ou suas expectativas em relação ao que pode alcançar na vida – são construídos nesse processo, desde muito cedo, interiorizadas nas disposições profundas de cada um/a (o habitus de Pierre Bordieu).
A outros/as, porém, caberá um lugar desqualificado e desprotegido no mundo, na divisão social do ensino formal e do trabalho. Apesar da abissal diferença entre a qualidade das escolas que frequentarão, haverá quem diga que o sucesso escolar só depende do aluno e do esforço pessoal nos estudos. Começando a trabalhar cedo, sem tempo para aprimorar-se e submetido a uma dura rotina, será mesmo que o pobre disputará com o rico, por exemplo, uma vaga na universidade em igualdade de condições? Eu acredito que a resposta é um rotundo NÃO. Ah, mas “cotas” é discriminação, repetirão solenemente, acreditando-se paladinos da justiça e da igualdade de oportunidades.
Existem exceções? Por certo que sim. Existe mesmo quem não queira trabalhar ou esforçar-se, entre os pobres (e entre os ricos!); assim como existem os heróis que conseguem a mobilidade social pelo trabalho duríssimo e muito sacrifício (caminhou 10 km após o trabalho, à noite, para estudar… carregou pedras, chorou sangue e venceu na vida… e outras histórias, narradas sob som de violinos, que trazem lágrimas aos olhos das gentes de boa-fé que não tiveram de passar por isso). Mas a condição de exceção desses heróis – “o marido da prima da minha vizinha era engraxate e agora é empresário bem-sucedido e blábláblá…” – confirma a regra que rege a reprodução das desigualdades materiais e imateriais. E a imensa maioria deverá seguir seu destino de “vida de gado”, servindo aos interesses dos de cima e sendo cordatos, puros, servis e humildes.
Caso não aceitem ocupar esse lugar e mostrem seu descontentamento de várias formas, legais e ilegais, aí se transformarão nos “maus pobres”. São aqueles que não têm um comportamento “certinho” como descrito acima. Bebem, vão a bailes funks, tem comportamento sexual livre (esse último ponto, como desqualificação, vale especialmente para as mulheres, claro). Não aceitam trabalhar arduamente numa atividade que consome a saúde, remunera mal e exige horas em transportes coletivos apinhados de gente. Não admitem humilhações, reagindo a elas; vão à praia em lugares “de gente de bem”, atrapalhando o lazer destas com sua “feiura de pobre” e o potencial “perigo” que representam. Falam alto, fazem “barraco”, não “se enxergam”. Podem até vender droga para os filhos das elites que adoram se chapar ou mesmo fazer arrastão em Ipanema, no Leblon e outros lugares reservados aos bem aquinhoados da sociedade. Pobre bom é pobre que faz fila pra receber sopão, de cabeça baixa, lá na periferia onde “é seu lugar”.
Mas pobre politizado também pode ser um mau pobre. Caso exija direitos básicos – como acesso à terra, trabalho e moradia e se una a movimentos sociais, – é demonizado pela “ousadia” e chamado de “vagabundo” que quer mamar nas tetas do Estado ou de algum empresário ou fazendeiro rico, “direito”. Curioso que estes últimos, ao receberem polpudos incentivos fiscais por parte do Estado, ao terem suas dívidas perdoadas, ao sonegarem impostos necessários à manutenção dos serviços públicos essenciais, não são tidos como sanguessugas de nada. Ao contrário, teriam “direito” por serem “dos grandes” que “chegaram lá”. Alguém já viu panela batendo para a não reconhecida corrupção presente no rentismo, que corrói o orçamento nacional via juros da dívida e vampiriza a riqueza produzida por todos que é concentrada por poucos?* Não. As panelas só batem quando a mídia corporativa fala em corrupção, especialmente de quem tentou minorar ao menos um pouco a desigualdade que castiga o país há cinco séculos. E que seja bem espetacularizada, para lavar a alma do pessoal rico e fino de camisa da CBF, que pode se achar novamente super honesto.
Nos anos 80 foi cunhado o Termo “Belíndia”: poucos vivendo como na Bélgica, muitos vivendo como na Índia. Aliás, isso me lembra uma história, contada alegremente por um sujeito bon-vivant, em casa de parentes, após uma viagem dele ao belo país asiático. Relatava, encantado, que hospedado em casa de amigos, ao chegarem de um passeio as 4 horas da manhã, com fome, os donos da casa acordaram os empregados para fazerem sanduíches. “Eles estão aqui para isso”, justificaram os patrões. O hóspede abastado adorou, achou o máximo da gentileza e hospitalidade!
Eu só teria a dizer pra ele o seguinte: Quer um sanduíche as 4 da manhã, mané? Vai pra cozinha e faz! Trabalhador tem direito a uma noite de sono para descansar da jornada. Escravidão é uma coisa profundamente imoral e indigna, e quem contribui conscientemente com ela, ou com uma situação análoga, idem. Condições degradadas e humilhantes de existência humana têm quase sempre a participação ou aquiescência das “gentes de bem”, por que será?
E não são só os pobres que têm sua avaliação severa feita por essas “pessoas de bem”. Os gays (LGBTs em geral) também são hierarquizados pela sua atitude diante da sociedade. O bom gay é discreto; “fica na dele/a”; não fala da sua orientação sexual, não reivindica igualdade, não deseja trocar carinhos com o parceiro/a em público, não “ofende” os bons costumes pretendendo formar família, adotar crianças que eventualmente héteros abandonaram ou não puderam cuidar. Caso seja militante, ocupe a esfera pública, demande iguais condições de vida e cidadania, lute por direitos civis e dignidade, pelo direito de vivenciar plenamente sua identidade de gênero e orientação sexual, será demonizado, difamado e, em casos extremos, agredido ou até morto. A expectativa de vida entre os travestis é de 35 anos, dá pra acreditar? Enquanto a média da população brasileira gira em torno de 75 anos! Claro que há aí profundas desigualdades territoriais, de classe, sexo, gênero, origem étnico-racial (em Alagoas, por exemplo, é de 66 anos). Mas 35, nem na república dos Sarney ou dos Collor. Afirmam alguns, convictos – embora sem provas – que não há nada disso, que é só mimimi, que há uma ‘ditadura gay’ em curso etc.
A compreensão dos processos históricos que geram as desigualdades, a solidariedade ampliada (não só para “iguais”, familiares e amigos), a aceitação da igualdade na diferença como valor central, a promoção da justiça e de um projeto mais generoso de sociedade, aberto a tod@s, parecem horizontes distantes demais do Brasil atual. O “laboratório” desse país é visto nas mídias e redes sociais e em vários contextos que frequentamos diariamente.
Pesquisando nesse laboratório real e virtual (que também é concreto), concluo que muitas pessoas que se consideram a nata da sociedade ajudam a reproduzir, nos seus modos de vida, injustiças, segregações, elitismos, falsas meritocracias e muito sofrimento humano. A verdade que lhes escapa é que são sacolé de ki-suco se achando sorvete italiano de alta qualidade, para usar uma metáfora que eles provavelmente entenderiam. Porque sutileza e sensibilidade não é mesmo com eles. E agora a pior notícia: os sacolés podem ser qualquer um/a de nós, “bons cidadãos e tementes a deus”.
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  • CATTANI, Antonio. Sofismas da riqueza. In: CATTANI, Antonio; OLIVEIRA, Marcelo (orgs). A sociedade justa e seus inimigos. Porto Alegre: Tomo, 2012.