Funcionários, visitantes e zen budistas em defesa da Zoobotânica

Servidores acampam no Jardim Botânico desde sábado/Fotos Cleber Dioni

Comunidade Zen Budista de Porto Alegre e caminhada meditativa pelo Jardim Botânico, no sábado / Foto Tiago Nicoloso
Comunidade Zen Budista de Porto Alegre e caminhada meditativa pelo Jardim Botânico, no sábado / Foto Tiago Nicoloso

Parece que eles tinham combinado, mas não. A comunidade Zen Budista de Porto Alegre promoveu no sábado uma caminhada meditativa pelo Jardim Botânico. Não houve divulgação prévia. Monges andaram com participantes dos grupos de meditação pelas trilhas verdes. Foi a maneira que encontraram para manifestar seu apoio à continuidade da Fundação Zoobotânica.
No domingo, o Jardim Botânico em Porto Alegre amanheceu ocupado pelos funcionários da Fundação Zoobotânica: barracas, cadeiras  e faixas só foram retiradas no final da tarde. Eles haviam dormido lá.
Os manifestantes não fecharam o lugar, pelo contrário: os visitantes, ao chegarem ao pórtico, eram convidados para uma caminhada orientada pelo parque, durante a qual ouviram esclarecimentos sobre os inúmeros motivos para a manutenção da instituição pública, que é reconhecida pela sua excelência científica em todo o Brasil, e está no pacote de fundações que o governo Sartori quer extinguir, a ser votado esta semana pelos deputados.
O Semapi, sindicato ao qual estão ligados os  funcionários das fundações ameaçadas de extinção, decretou greve geral a partir desta segunda-feira (19).
Infeliz aniversário de 44 anos
A Fundação Zoobotânica completa 44 anos em 20 de dezembro. Nesta segunda-feira, véspera do aniversário, funcionários da FZB planejam ir às 9 horas da manhã até o edifício da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), no centro de Porto Alegre, para cantar “infeliz aniversário” e dar os “desparabéns” aos colegas, conclamando-os a engrossar a mobilização em apoio à fundação.
Fotos: Cleber Dioni“O fim da FZB significará um buraco tremendo no planejamento das políticas públicas de meio ambiente no Rio Grande do Sul, porque é impossível contratar da iniciativa privada ou repassar a outros órgãos a totalidade do trabalho que fazemos”, salienta a presidente da associação dos servidores da Zoobotânica, Josy Matos.
Para que serve a FZB
A fundação foi criada pela lei estadual 6.497, em 20 de dezembro de 1972, para unificar três instituições que já existiam: o Museu Riograndense de Ciências Naturais, de 1955, que compartilha o endereço com o Jardim Botânico, de 1958, e o Parque Zoológico, de 1962.
Entre suas atribuições, estão o desenvolvimento de pesquisas de conservação da biodiversidade do Estado e a promoção da educação ambiental. É também responsável pelo monitoramento da qualidade do ar e pela extração de veneno de serpentes para a produção de soro antiofídico. Acolhe animais vítimas de maus tratos e acidentes para tratamento e devolução à natureza e gerencia coleções científicas que totalizam 432 mil exemplares de animais, plantas e fósseis.
Com seu trabalho, os pesquisadores captam recursos de agências de fomento nacionais e internacionais –  economia para o caixa do Estado, que na ausência da FZB precisaria contratar estudos técnicos à iniciativa privada a preços elevados.
A SEMA não daria conta
Na semana passada, uma carta dos funcionários da Sema reiterou que a pasta não tem condições de assumir as funções atualmente sob responsabilidade da FZB, como anunciou o governo.
Segundo a associação dos servidores da Sema, as estruturas tem “atribuições interdependentes, complementares, mas jamais sobrepostas, de modo que nos soa inadmissível – e mesmo falaciosas – as afirmações quanto à internalização de competências da FZB por esta Secretaria”.
Por outro lado, as universidades também não estão preparadas para assumir todas as tarefas referentes às pesquisas da FZB. O diretor do Instituto de Biociências da Ufrgs, João Ito Bergonci, admitiu, em vídeo postado no blog do movimento em defesa da FZB, que a instituição não tem “condições de receber absolutamente nada da FZB” nas condições atuais em que se encontra.
 
 

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