É licenciado em Estudos Sociais pela UFPel, ex-operário e ex-estudante de Medicina e de Enfermagem. Pelotense nascido em 1944, teve sua vida marcada pela ditadura civil militar brasileira. Sua experiência política e as sequelas sofridas pelo terror da ditadura marcam fortemente seus textos. Foi militante do PCB, mais tarde do PCdoB e da FARP- Força Armada Revolucionária Popular, de Pelotas (RS). Depois de ter sido preso pelo Departamento de Ordem Política e Social – DOPS, em dezembro de 1966, seu sofrimento psíquico aumentou, atingindo a culminância depois da segunda prisão, em 1967. Tem um livro publicado – Viva a Liberdade! – de 1992, e recebeu o Prêmio de Literatura João Simões Lopes Neto, edição de 1987. As duas balizas que ajudam a manter vivo este ex-suicida são o amor de sua esposa – a artista plástica Seli Maurício – e a poesia.
Circunstâncias
Havia virilidade demais… e isto era uma ameaça!
Havia risos demasiadamente felizes
e isto destoava com a coerção reinante.
Havia palavras, muitas palavras… conversas longas…
e sem fim… cheias de pausas e de medos!
e de arrepios… e isto era suspeito
Havia Amor e isto foi demais: a malícia, a intriga e a inveja
levaram seu recado ao ciúme
que decretou a abertura da caixa de Pandora
e, então todos falaram e gritaram ao mesmo tempo
e a indignação acendeu o fogo das faces
e se esbofetearam e se condenaram mutuamente
ao degredo perpétuo.
Desde então a monotonia tomou o lugar dos jogos
e o tédio tornou-se um muro seguro
contra qualquer tentativa de novas amizades.
daquele tempo
Estou quieto
Estou quieto, muito quieto,
insatisfeito, embora, e aí vêem as doses
[bestificantes;
Isto não é uma poesia, isto é uma confissão de derrota:
não querem, não permitem que eu me defenda
não querem, não permitem que eu me defenda
não querem, não permitem que eu me defenda
não querem, não permitem que eu me defenda