Tento organizar nestes relatos uma memória que acumulei em meio século de atividade jornalística, a maior parte no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre.
Não adianta só ter coragem e olhar pra frente, para reconstruir. Não é só a reconstrução material, essa medida em bilhões, que desafia o Rio Grande do Sul, depois dessa mega enchente.
Num segundo momento, quando passar a fase das urgências e dos resgates, muitas outras demandas surgirão.
Será preciso avaliar o que vale a pena ser reconstruído e o que deve ser descartado (e tem muita coisa para descartar!) para que se avance num outro rumo, de longo prazo, com horizontes para o futuro.
O recado da enchente é claro: o que vem sendo trilhado é o caminho do desastre.
Será preciso rever muita coisa, será preciso reconhecer que em algum momento de sua rica história o Rio Grande do Sul entrou por um atalho que o está levando ao brejo.
Acorda, Rio Grande!
(Elmar Bones)