Atentado contra Trump: FBI busca os motivos do atirador de 20 anos

A foto de Jabin Batisford, do Washington Post, sintetiza a perplexidade geral.

A primeira impressão do atentado na Pensilvânia é que Donald Trump está eleito presidente dos Estados Unidos, qualquer que seja seu adversário nas eleições em novembro. É cedo, porém, para conclusões.

Ainda nem se sabe claramente o que aconteceu, nem seu alcance. O New York Times disse que o atentado ocorreu num “momento volátil” da democracia americana.

Biden e Trump disputando a presidência simbolizam a crise: um com sinais evidentes de senilidade, outro com evidentes pegadas criminosas.

Sobre os efeitos do atentado no Brasil e suas consequências eleitorais, a primeira impressão é de que o bolsonarismo identificado com o trumpismo será fortalecido. Mas pode não ser bem assim.

Mesmo que represente algum alívio ao desgaste que Bolsonaro vem sofrendo com as ações da Polícia Federal no caso das joias e as investigações da espionagem paralela montada em seu governo, não será suficiente para fazê-lo candidato.

Restará, também, saber como será o trumpismo no poder pela segunda vez, se lá chegar. Não há razões para se imaginar que Trump II vá hostilizar Lula III.

O tabuleiro internacional está intrincado  e o Brasil é uma peça decisiva em certos aspectos desse jogo pesado.

São especulações de primeira hora, que os fatos inusitados deste período turbulento podem desmontar a qualquer momento.

Quanto ao atentado em si, é praxe que essas ações extremas, envolvendo a disputa de poder na cúpula dos impérios, nunca sejam devidamente esclarecidas.

No caso de Trump, o que surpreende não é a violência do atentado a um candidato à presidência. Isso já ocorreu antes, mais de uma vez (quatro presidentes americanos já foram assassinados).

O surpreendente, nesse caso, é que o atirador errou o alvo e só de raspão acertou a orelha de Trump.

Nas primeiras notícias parecia inacreditável. Mesmo Biden ao se pronunciar quase duas horas depois, ainda não reconhecia um atentado. Disse que não recebera ainda informações sobre o que havia realmente acontecido.

As imagens, fotografias e vídeos que se espalharam em segundos pelo mundo, não eliminavam a hipótese de uma armação.

Um candidato, com o rosto manchado de sangue, de punho erguido, pedindo luta, parecia mais um arrojado lance de marqueting eleitoral do que um real atentado.

Só mais tarde, quase duas horas depois, circularia a informação de que um atirador  fora morto – outra praxe, que embaralha os fatos nesses casos – e que havia uma pessoa morta na plateia.

Mesmo assim, o New York Times e outros jornais americanos, neste domingo, 24 horas depois do atentado, ainda falavam no “suposto” atirador morto pela polícia secreta.  Um jovem de 20 anos e, para surpresa geral,  eleitor do Partido Republicano, de Trump, segundo a polícia. O FBI disse no primeiro momento que ele agiu sozinho.  Que motivos teria ele para tentar matar o candidato?  Ele está morto e esta é a pergunta cravada no centro da perplexidade geral com o atentado.

Jabin Batisford,  fotógrafo do Washington Post, estava no local e registrou o cenário no momento em que o caos se instalou no palanque do comício. Muitos fotógrafos estavam no local e fizeram registros importantes.  Phillip Kennicott, critico de Arte do Washington Post fez uma análise das imagens captadas na hora do tumulto e prevê que uma delas – Trump, com sangue no rosto, punho erguido, ao lado da bandeira dos Estados Unidos – pode “mudar a vida da América”

A foto de Batisford, no entanto, é a que  melhor sintetiza o momento: um guardanapo caído e o solitário sapato de Trump que ficou perdido sobre o tapete vermelho do palanque e parece perguntar: “O que está acontecendo aqui?”.

Elmar Bones