Bolsonaro posta foto para mostrar que não precisa passar cargo a Mourão

A foto que o presidente Jair Bolsonaro postou na manhã desta sexta-feira (8) em sua conta no Twitter é um gesto político.

Forçando um sorriso por trás da sonda introduzida pelo nariz, Bolsonaro segura uma colher com gelatina. Ele escreveu:

“Nas últimas horas tive o prazer de voltar a comer. Ontem pela noite um caldo de carne e hoje uma boa gelatina. Estou feliz, apesar de não ser aquele pão com leite condensado kkkk. Bom dia a todos!”

Esta é a primeira vez que o presidente recebe alimento. Bolsonaro vinha recebendo líquidos por via oral em associação à nutrição parenteral.

O objetivo da mensagem é barrar os movimentos do vice-presidente, general Hamilton Mourão, que na véspera insinuou que poderia assumir a presidência se a febre que Bolsonaro apresentou fosse mesmo provocada por uma pneumonia.

“Vamos aguardar para ver o que é esse questão da pneumonia”, disse Mourão no início da noite de quinta-feira, depois que os médicos confirmaram uma piora no estado de saúde do presidente.

Ele fez questão também de dizer aos jornalistas que não tem conversado com Bolsonaro: “Ele não está falando”.

Submetido a uma cirurgia de mais de sete horas e que foi mais complicada do que o previsto, Bolsonaro fez questão de reassumir o cargo 48 horas depois e chegou a distribuir fotografias, como se estivesse despachando com assessores.

Para mostrar que estava bem recebeu visitas e até uma dupla de música sertaneja entrou no quarto da unidade de tratamento semi-intensivo para cantar uma música preferida do presidente.

Logo em seguida porém manifestaram-se as complicações, primeiro náuseas e vômito e, depois, febre.

Ele foi operado há 11 dias para retirar uma bolsa de colostomia e refazer a ligação entre o intestino delgado e parte do intestino grosso, atingidos por uma facada durante a campanha eleitoral.

Nesse período, o vice-presidente tem se movimentado com desenvoltura, recebendo representantes estrangeiros e líderanças sindicalistas e fazendo declarações pontuais que revelam divergência com a visão do presidente. Disse, por exemplo, que a liberação de Lula para ir ao enterro do irmão mais velho, na semana passada, era uma “questão humanitária”.

Pneumonia

Segundo boletim médico divulgado na tarde de quinta-feira (7), Bolsonaro teve episódio isolado de febre e foi submetido a uma tomografia de tórax e abdome que mostrou “boa evolução do quadro intestinal e imagem compatível com pneumonia”.

Um novo antibiótico foi incluído no tratamento e deve ser administrado por sete dias.

“O presidente continua sem dor, com sonda nasogástrica, dreno no abdome e recebendo líquidos por via oral em associação à nutrição parenteral.”

Segundo o porta-voz, “o estado de saúde do presidente é o esperado dentro desse pico térmico que lhe acometeu na noite de ontem [quarta]”. “Por precaução os médicos fizeram exame de imagem, incluso tomografia por contraste. O pulmão tinha uma imagem que era compatível com pneumonia.”

Rêgo Barros afirmou: “O presidente vem recebendo administração de antibiótico de amplo espectro. Médicos optaram por acrescentar uma nova medicação. Esta ação vai debelar essa pneumonia que foi encontrada em seu pulmão”.

Cronologia da internação

Segunda-feira (28/1)

Jair Bolsonaro foi submetido a uma terceira cirurgia no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo. O procedimento terminou após sete horas e ocorreu “com êxito”, segundo informou o Palácio do Planalto.

Foram retirados de 20 a 30 centímetros do intestino grosso de Bolsonaro na parte que ligava o intestino delgado à bolsa de colostomia, que foi retirada.

Terça-feira (29/1)

Bolsonaro seguiu na UTI do Hospital Albert Einstein após a retirada da bolsa de colostomia. Ele recebeu analgésicos para controle da dor e não apresentou sangramentos ou complicações, ficando sem febre ou sinais de infecção.

Quarta-feira (30/1)

Bolsonaro reassumiu a presidencia da República e passou a despachar de um escritório que foi montado no mesmo andar onde está internado no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo.

Quinta-feira (31/1)

O porta-voz da presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse que Bolsonaro estava tentando se manter sem falar, mas não estava muito obediente: “O presidente é difícil, ele está falando já. A despeito do médico dizer para ele ficar calado, ele já está falando”.

Sexta-feira (1º/2)

O boletim médico do dia informou que o presidente teve boa evolução clínica. “Já apresenta sinais de início dos movimentos intestinais”. “Segue com dieta parenteral (endovenosa) exclusiva, sem infecção ou outras complicações. Realiza fisioterapia respiratória e períodos de caminhada fora do quarto. Por ordem médica, o paciente segue com visitas restritas.”

Sábado (2/2)

O presidente teve náuseas e vômigo e os médicos precisaram colocar uma sonda nasogástrica.

Domingo (3/2)

Bolsonaro continua com a sonda, com evolução clínica estável. De acordo com o boletim médico, o presidente ficou sem dor e sem sinais de infecção. Bolsonaro foi submetido a uma tomografia de abdome que descartou complicações cirúrgicas. Ele está em jejum oral e nutrição parenteral exclusiva.

Segunda-feira (4/2)

Bolsonaro teve febre e passou a tomar antibiótico. A alta prevista para quarta-feira (6) foi adiada, segundo o porta-voz Otávio Rêgo Barros. O boletim médico informou que o presidente passou a tomar antibióticos e foram realizados novos exames de imagem. Identificou-se uma coleção líquida ao lado do intestino na região da antiga colostomia. Foi submetido à punção guiada por ultrassonografia e permanece com dreno no local. O presidente apresentou movimentos intestinais e teve dois episódios de evacuação.

Terça-feira (5/2)

O presidente teve melhora e começou a receber líquido por via oral. Apresentou aumento da movimentação intestinal, o que possibilitou o início de injeção de líquido por via oral. “Os exames laboratoriais apresentam melhora. O paciente segue com antibióticos e dreno no abdome”, disse o boletim médico.

Quarta-feira (6/2)

O presidente apresentou quadro clínico estável, sem dor ou febre com melhora dos exames laboratoriais e de imagem, segundo boletim médico divulgado nesta quarta-feira (6). Ele também voltou a caminhar no corredor do Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo.

Quinta-feira (7/2)

O boletim médico registra que Bolsonaro teve febre e uma tomografia detectou uma pneumonia. Segundo os exames, a pneumonia teve origem bacteriana. Foi acrescentado um novo antibiótico no tratamento do presidente.

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