Ganhou manchetes no mundo inteiro o crescimento de 5,5% do PIB da China no primeiro trimestre de 2025.
O resultado, divulgado ontem, superou até a previsão otimista do governo chinês, que era crescer 5%, o mesmo índice de 2024.
Na imprensa brasileira, a notícia foi dada com a advertência de que o ritmo não deve ser mantido devido as restrições do governo de Donald Trump.
Na verdade, o crescimento chinês resulta de um amplo programa de estímulo ao consumo interno lançado pelo governo no ínício do ano, exatamente, para neutralizar as previsíveis turbulências externas.
A produção industrial cresceu 7,.7% em março, com a expectativa de expansão do consumo .No acumulado de janeiro a março, a produção industrial cresceu 6,5% em relação ao mesmo período de 2024, mostrando aceleração frente ao avanço de 5,9% observado nos dois primeiros meses do ano.
Os dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatística mostram que os setores de “equipamentos e de alta tecnologia estão contribuindo cada vez mais para a produção industrial, sinalizando progresso contínuo nos esforços do país para tornar sua indústria mais inteligente, mais sustentável e mais sofisticada”, como disse Sheng Laiyun, vice-chefe do DNE, em uma entrevista coletiva.
A produção do setor de fabricação de equipamentos, que representou 33,7% da produção industrial total, subiu 10,9% no primeiro trimestre do ano.
O setor de manufatura de alta tecnologia, responsável por 15,7% do total da produção industrial, registrou crescimento anual de 9,7% no valor adicionado da produção no mesmo período.
As produções de veículos elétricos e de robôs industriais aumentaram, respectivamente, 45,4% e 26%, conforme os dados do DNE.
As vendas no varejo de bens de consumo da China cresceram 4,6% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado, impulsionadas pelas políticas governamentais pró-consumo.
No total, as vendas no varejo de bens de consumo somaram 12,47 trilhões de yuans ( 1,73 trilhão de dólares) no período entre janeiro e março.
Somente em março, as vendas varejistas de bens de consumo subiram 5,9% em relação ao mesmo período do ano passado, acima dos 4% registrado nos dois primeiros meses do ano, de acordo com a entidade.
As vendas online no varejo da China aumentaram 7,9% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, mantendo um crescimento relativamente acelerado.
Impulsionadas pelo programa governamental de substituição de bens de consumo, as vendas de dispositivos de comunicação saltaram 26,9%, enquanto as de eletrodomésticos e equipamentos de áudio cresceram 19,3%.
A China posicionou o aumento dos gastos e a expansão da demanda interna como prioridade na agenda econômica deste ano.
No mês passado, o país lançou um pacote abrangente de políticas pró-consumo, visando fortalecer a confiança de consumidores por meio de medidas como a promoção do aumento de renda e a redução de encargos financeiros.
Como parte dos esforços mais amplos para estimular a demanda doméstica, a China também renovou em 2025 seu programa de substituição de bens de consumo, aumentando o financiamento de 150 bilhões de yuans no ano passado para 300 bilhões de yuans, por meio da emissão de títulos especiais do tesouro de prazo ultralongo, e estendendo subsídios para mais aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, como smartphones, tablets e smartwatches.
“Diante do cenário atual, essas políticas estão surtindo efeito e seu impacto se torna cada vez mais evidente”, afirmou Sheng Laiyun, vice-diretor do DNE, em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira.
Ele citou dados do Ministério do Comércio que mostram que, até 7 de abril, os consumidores chineses haviam adquirido 35,71 milhões de unidades de eletrodomésticos por meio do programa de substituição e submetido 2,085 milhões de solicitações para subsídios de substituição de veículos.
Destaca-se ainda que o consumo de serviços expandiu-se ainda mais rápido que o de bens no trimestre, com as vendas no varejo de serviços crescendo 5% em termos anuais.
Sheng ressaltou, em particular, o crescimento de dois dígitos no consumo associados à atualização da estrutura de consumo.
Nos primeiros três meses de 2025, os gastos per capita chinês com transporte e comunicação aumentaram 10,4% anualmente e os destinados a educação, cultura e entretenimento cresceram 13,9% em termos anuais.
“O gasto com serviços é um setor chave para sustentar o crescimento do consumo no futuro e apresenta um potencial significativo de crescimento”, destacou Sheng.
(Com informações da Agência Nova China)