Lomba do Sabão: uma reserva estratégica de água e um desafio para Porto Alegre

Adroaldo se criou na Lomba do Sabão. Tem 42 anos, tinha cinco quando seus pais, foram removidos da Vila Matias Velho, em Canoas, para aquela área no entorno da barragem, numa porção do Parque Saint Hilaire, a maior reserva ambiental da Porto Alegre.

“Era tudo campo isso aqui”, diz ele com um gesto que abrange uma grande área, morro abaixo, ocupada por casas e barracos.. A estradinha que sobe o morro, ladeada de casas, tem pequenos desmoronamentos em vários pontos. “Alguns tem medo, mas não tem pra onde ir”, diz Adroaldo.

Hoje, a prefeitura de Porto Alegre estima que 30 mil pessoas vivam nas vilas irregulares que já tomam 10% do parque Saint Hilaire,

A maioria delas estão no entorno dos 75 hectares do lago formado pela barragem da Lomba do Sabão.

A barragem foi construída em 1940, por uma empresa privada que fornecia água para a região central de Porto Alegre.

Desde 1998, a água que abastece  Porto Alegre é captada do Guaiba. A estação da Lomba do Sabão foi desativada.

As instalações do DMAE, remanescentes no local, indicam que por sua a posição ( a 18 quilômetros do centro de Porto Alegre ), pelo volume e pela qualidade da água de vertentes acumulada na barragem, a Lomba do Sabão ainda é uma reserva estratégica pára o abastecimento da Zona Central de Porto Alegre.

A questão é que a barragem exige conservação.  Denúncias do Movimento dos Atingidos por Barragens apontam riscos graves de ruptura por falta de manutenção.

O próprio DMAE, na atual enchente, emitiu alerta para que moradores deixassem as áreas de risco.

Assunto que na reconstrução não pode ser esquecido, inclusive porque um acidente com a represa da Lomba do Sabão – que não é descartado por nenhum órgão de controle – poderá atingir uma região de Porto Alegre onde vivem mais de 200 mil pessoas.