O assalto em Criciúma e o boicote ao Timeline: um precedente perigoso

Seis patrocinadores suspenderam suas publicidades no programa Timeline, da rádio Gaúcha,  por causa de um comentário do jornalista David Coimbra sobre o assalto ao Banco do Brasil em Criciúma.

O assalto cinematográfico que chocou o Brasil ocorreu na madrugada de terça-feira, 1 de dezembro.

Na manhã seguinte, na abertura do programa, o jornalista comentou o fato, chamando atenção para o tratamento dado aos reféns pelos assaltantes, que inclusive espalharam na rua dinheiro para que as pessoas pegassem.

Disse que os assaltantes eram  “organizados”: “(… )tu vês que eles tem método… E  mais do que isso, eles tem respeito pelo cidadão”.

Citou trechos de conversas dos assaltantes com os reféns e concluiu que eles tinham “uma justificativa ideológica para o ato, existe uma filosofia no assalto”.

O comentário em diálogo com a “âncora” do programa, Kelly Matos, se desenrolou por três minutos, mais ou menos.

O próprio David, ao final, ironizou a digressão filosófica a respeito do assunto: “Tu vês que há filosofia pra tudo, até pra roubo de banco”.

O ataque começou antes mesmo do programa encerrar.

Às 11 horas o empresário Roberto Rachewski postou numa rede social:

“Se eu fosse dono da RBS demitia o David Coimbra e a Kelly Matos antes do fim do programa que comandavam. Curioso que defendem assalto a banco sendo patrocinados por um, a Unicred. Se eu fosse dono da Unicred cortava essa verba publicitária dessa emissora”.

Rachewski, um dos fundadores do Instituto de Estudos Empresariais, é um empresário e militante ultra liberal. Seus últimos artigos no site do Instituto Liberal são eloquentes:

“Racismo é a pior forma de coletivismo”.

“Não precisamos mais experimentos comunistas, nem socialistas”.

“Como definir o comportamento de um extremista”.

O último artigo do empresário foi publicado nesta sexta-feira, dia 4: “Por que as empresas contratam jornalistas de esquerda?”.

O artigo é “uma pregação aos anunciantes (…)para que direcionem suas verbas publicitárias patrocinando quem não defende bandido, seja o que assalta e mata nas ruas, seja o que usa a coerção estatal para impor suas pautas coletivistas estatistas”.

O principal reforço à pregação de Rachewski veio já no dia seguinte ao programa: o Instituto Cultural Floresta, que reúne empresários empenhados em melhorar as condições de segurança no Estado.

O Instituto, que já fez doações para equipamento da Brigada Militar e reforma em instalações policiais, emitiu uma “nota de reprovação aos comentários feitos pelos jornalistas”.  A nota é branda e registra que “as manifestações não são condizentes com formadores de opinião tão experientes e respeitados, que muitas vezes apoiaram e enalteceram as iniciativas da entidade”.

Na sequência de manifestações, a Associação dos Oficiais da Brigada Militar, em nota oficial assinada por seu presidente, coronel Marcos Paulo Beck, “reprova” os comentários dos jornalistas.

A nota da ASFOB reverbera o post de Rachewski, e considera “manifestações não condizentes com a realidade do trabalho dos policiais e nem com os valores éticos e morais que devem nortear uma sociedade, onde bandido é bandido e em situação alguma pode ser transformado em um herói, como Robin Hood de “quarta categoria”.

A Unicred, cooperativa de crédito, foi a primeira, poucas horas depois, a anunciar numa nota pública a suspensão dos anúncios.

Até o fim da sexta-feira, os cinco patrocinadores (Unicred, Salton, Biscoitos Zezé, Sebrae e Santa Clara) haviam cancelado seus contratos com o programa.

Até um anunciante de varejo, o shopping Total, que teve alguns de seus anúncios avulsos para o Natal inseridos ao longo do programaTimeline, publicou nota informando que pediu para retirá-los daquele horário.

Em notas, todos  afirmaram respeitar a “liberdade de imprensa e de opinião”, repudiando, porém, as opiniões emitidas por Coimbra e sua colega Kelly Matos e tornan público o rompimento do contrato com a emissora.

Um post apócrifo circulando na internet comemorava o resultado na sexta-feira: “Hoje é dia de abrir conta na Unicred, comer queijo Santa Clara com biscoitos Zezé e tomar vinho Salton”.

Os comentários dos jornalistas são inoportunos e equivocados, sem dúvida. Mas nada que não pudesse ser colocado nos devidos termos com uma manifestação ao programa.

Qualquer um dos patrocinadores, tanto quanto os empresários ou o comandante da ASFOB teriam acesso ao microfone para manifestar sua opinião, com certeza.

A reação desproporcional de boicotar o programa de maneira drástica, como que forçando a demissão dos apresentadores, configura claramente uma tentativa de linchamento profissional pelo delito de opinião.

Um precedente perigoso para a imprensa e para todos os jornalistas.

20 comentários em “O assalto em Criciúma e o boicote ao Timeline: um precedente perigoso”

  1. Quem acha que foi um erro banal? Como se não fossem profissionais experientes… Seria como um médico arrancar o coração do paciente por engano. Seria como um advogado pedir a prisão do próprio cliente inocente! Depois dizer desculpa!!! Como se os repórteres não fossem profissionais estudados, formados, experientes, com toda uma empresa com décadas de tradição no mercado jornalístico e publicitário, com uma linha editorial definida e planejada, com sistemas de controles internos e hierarquia. Quem acredita que foi um acidente? Quem acredita que repórteres profissionais andam por aí dizendo coisas a esmo? Que pessoas adultas e conscientes, como meio profissional, publicam barbaridades chocantes inconsequentemente? A verdade é que há um método. Há uma linha definida e estudada, uma doutrina planejada, de destruição de conceitos éticos. Há um sistema pernicioso infiltrado na mídia corporativa. Assim como no meio universitário há um método de deturpação de caráter que gera este tipo de aberração.

  2. O amigo parece não saber como funciona o mercado publicitário. É simples: você, que oferece um produto ou serviço, anuncia num veículo que se identifica com sua marca. Simples assim.
    No momento em que o programa Timeline bate de frente com o que pensam e pregam seus anunciantes, eles têm total liberdade para procurar lugar melhor para colocar seu dinheiro. O que acertadamente fizeram.
    Precedente perigoso é quem detém uma CONCESSÃO PÚBLICA querer fazer valer apenas a sua verdade, e chamar o resto de “cerceamento de opinião”.

  3. A RBS é tendenciosa, assim com quase toda a imprensa. A maioria dos jornalistas repete, feito papagaios, ideias marxistas, inconscientemente. São idiotas úteis forjados já nas universidades. O ocorrido foi apenas a gota d’água.

  4. Errado Koruja, o sujeito é intolerante com aqueles que dissecam os erros teóricos e práticos do liberalismo político, principalmente o objetivismo, uma pseudo corrente filosófica, auto-ajuda para empresários. Tenho todas as minhas postagens na perfil deles guardadas: nenhum desacato, nenhum palavrão, a mais pura e refinada educação, mesmo quando tratado com argumentos ad hominem, algo que ele faz com frequência, ainda que que de maneira sutil.

    Os liberais quando chamados de esquerdistas ou estatistas, reagem silenciando seus inimigos.

    Não deixa de ser irônico eu poder me expressar em um jornal progressista mas não no perfil do suposto defensor da liberdade de expressão. É do jogo bloquear pessoas, mas existem graduações nisso, pois quem bloqueia nas redes sociais, tem interesses para além da livre circulação de idéias.

    Liberais são a esquerda frufru: progressistas demais para serem aceitos por conservadores e ignorantes demais para serem aceitos pela esquerda.

    Teu comentário exemplifica exatamente isso: sem argumentos.

  5. Ao contrario da opiniao emitida pelo autor, as empresas agiram da forma mais eficiente para atingir a midia quando ela tem comportamento abusivo. As empresas nao precisam e nao querem microfones. Os jornalistas entraram em panico com a acao dos patrocinadores. É sinal de que, pela primeira vez as empresas agiram de modo certeiro, incusive melhorando sua imagem perante os consumidores. Que passe a ser regra.pisou na bola….corte no patrocinio.simples assim.

  6. A liberdade permite que os jornalistas falem bobagens ou até canalhices, defendam bandidos e ideologias. Mas permite também que os patrocinadores e o público reaja a inclusive com manifestos, pedidos de boicote e retirada de patrocínios. OU VOCÊS NÃO SÃO A FAVOR DA LIBERDADE?????

  7. Claro que não. Esses bostas dessa merda de Já, que eu nunca tinha nem ouvido falar antes, não passam de um bando de militantes de merda defendendo a própria turma, e com medo de serem expostos e sofrer as consequências do que são, desonestos canalhas e manipuladores.

  8. O Grupo RBS é um serviçal da Rede Globo, que segue todas as pautas progressistas dos globalistas da ONU. George Soros é o pai de todas essas aberrações Marxistas e Esquerdopatas desses inúteis, drogados, vagabundos, comunistas de Iphone.

  9. Errado. Não é precedente. Fizeram isso com os veículos que o Constantino trabalhava, os tais Slippes Giants, certo? O wque fizeram com o Constantino foi muito pior. Deixaram o cara sem emprego.

  10. Concordo totalmente. Alguns jornalistas só terão ética quando afetados no bolso. Pediram desculpas fingidas, falsas, pois ninguém diz o que disseram,nem por ironia, se não pensarem mesmo o que falaram. São defensores de bandidos sim!!!

  11. E o presidente da República, que fez apologia ao crime fazendo arminha com a mão por um bom tempo? Seus eleitores retiraram seus votos?

  12. Errado, ele só não bloqueia esquerdopatas defensores de bandidos como ele. Se fosse um jornalista conservador esse Hipócrita seria o primeiro a pedir a cabeça do mesmo. Onde ele estava quando Rodrigo Constantino foi perseguido até perder o emprego? Aposto que comemorando.

  13. A imprensa deve se restringir a divulgar fatos e acontecimentos da forma mais verdadeira possível, sem emitir conceitos e opiniões de cunho pessoal. Caberá ao leitor, ouvinte ou telespectador criar o conceito, a análise e o julgamento dos mesmos.

  14. Apologia ao crime seu idiota, quem defende bandidos são vocês esquerdopatas, O presidente só quer que cidadãos de bem o que não é seu caso tenha o direito de se defender de bandidos como esses que os Jornazista defenderam, aliás Lula defende ladrão que rouba celular e tira a vida da vítima, pra você isso pode não é esquerdopata?

  15. Os anônimos do “Sleeping Giants Brasil” camuflam uma luta contra o discurso de ódio e fake news, atacam somente os patrocinadores de qualquer jornalista ou mídia opositora da causa progressista, exigindo que deixem de divulgar suas marcas até que seus alvos sejam demitidos. Será que a “JÁ” vai criticar a “SGB” ou vai ficar caladinha “passando o pano”?

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