Em audiência pública na Assembléia Legislativa, permissionários, consumidores e gestores públicos reunidos para discutir a situação do Mercado Público Central de Porto Alegre chegaram a um preocupante consenso: à véspera dos 250 anos da cidade não há um plano para recuperar o prédio centenário, que é tombado pelo patrimônio histórico nacional.
Restam pouco mais de cinco meses para a festa, em março de 2022.
O prédio original do Mercado Central, de 1869. Foto: Reprodução.Atingido por um incêndio em julho de 2013, o prédio, um dos mais antigos da cidade, não voltou ao normal desde então: o segundo andar está fechado e parte das bancas transferidas para o térreo do Mercado, espremidas entre os outros comerciantes.
O custo da reforma, aprovada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ipham): R$ 19 mlhões à época. Uma parte, R$ 9 milhões, chegou a ser liberada mas os R$ 10 milhões restantes nunca apareceram.
A audiência pública na Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa, foi uma iniciativa da deputada Sofia Cavedon (PT) e mostrou que “não existe ainda uma luz no fim do túnel depois de quase uma década de indefinições”.
O retrospecto feito pela presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), Adriana Kauer, mostrou que as indefinições remontam a 2005, quando se rompeu uma parceria para a administração do local, entre o poder público e os permissionários.
Naquele ano, conforme Adriana, a prefeitura teria rompido essa parceria sem realizar os últimos aportes que lhe cabiam, o que teria resultado em dívidas trabalhistas com os funcionários.
“Naquela época, o piso era encerado todos os dias”, contou, explicando que a Associação contratava os funcionários e os próprios mercadeiros controlavam se os serviços estavam sendo bem feitos.
O secretário Cezar Schirmer, responsável pela revitalização do Centro Histórico de Porto Alegre, tem garantido que até março, quando a cidade completa os 250 anos, o Mercado Público estará recuperado.
A prefeitura, segundo ele, vai restabelecer a parceria com os permissionários para administrar o mercado, mas vai contratar uma empresa especializada para gerir o contrato.
O secretário-adjunto da Secretaria de Parcerias de Porto Alegre, Jorge Murgas, disse na audiência que a restauração do Mercado Público é uma prioridade do prefeito Sebastião Melo (MDB).
A intenção é estar com o mercado que é um dos ícones da cidade em pleno funcionamento em março de 2022, data dos 250 anos.
Mas ainda não há um cronograma: um chamamento público para doação de tintas e materiais para restauro e recuperação da fachada externa não teve nenhum retorno.
(LEIA MAIS: https://www.jornalja.com.br/economics/segundo-andar-do-mercado-publico-continua-fechado-quase-uma-decada-depois-do-incendio/)