
Dados divulgados pelo vereador Pedro Ruas na semana passada e não contestados questionam o andamento da reforma do Viaduto Otávio Rocha, em Porto Alegre.
Líder do PSOL e decano da Câmara Municipal, Ruas diz que “houve cinco termos aditivos sucessivos para a obra do Viaduto Otávio Rocha, na avenida Borges de Medeiros. E os custos, inicialmente previstos em R$ 13,7 milhões, agora estão em R$ 19,7 milhões, 44,2% maior”.
As obras da reforma do viaduto completaram três anos neste domingo 24/11, o dobro do tempo previsto no início. O prazo já foi prorrogado pelo menos quatro vezes.
Segundo Ruas, o novo prazo agora é 30 de dezembro, enquanto a vigência contratual foi estendida para o final de março de 2026.
Discussão de 20 anos
A reforma do Viaduto Otávio Rocha, o principal monumento de Porto Alegre, é uma discussão que tem 20 anos, pelo menos.
Em 2005, chegou a ser criado um Fundo Pró-Viaduto e os permissionários das 30 lojinhas incrustradas na parede do viaduto se organizaram numa associação, para participar do projeto.
Por iniciativa deles, foi votada no Orçamento Participativo uma verba para a reforma.
Depois de muitas discussões, houve uma licitação para escolher quem faria o projeto da reforma. Venceu a Engeplus Engenharia e Consultoria. Uma equipe coordenada pelo Arquiteto e Urbanista Alan Furlan, depois de três anos de trabalho apresentou o projeto, em 2014. O contrato foi assinado em 2015 e rescindido em 2017.
Em 2021, em reunião com a Associação dos permissionários o secretário do Planejamento Cezar Schirmer, a prefeitura já tinha “garantido os recursos para executar o projeto de reforma”.
As obras estavam orçadas em R$ 16 milhões e seriam viabilizadas no pacote de financiamentos que a Prefeitura tem com a CAF, banco de fomento latinoamericano.
“Passaram sete anos, o estado do viaduto se agravou, um novo estudo terá que ser feito”, questionou o advogado Felisberto Seabra Luisi, que assessora a associação dos permissionários.
As obras iniciaram em novembro de 2022, com prazo de 18 meses para conclusão.
“A data é agosto, como está no nosso site”, disse ao repórter Nei Rafael Filho a assessora de imprensa da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, Larissa Carlosso, na quarta-feira, 10 de abril de 2024.
”Vamos lutar para entregar em outubro”, informou na mesma tarde o engenheiro Wilson Braga, responsável pelas obras da maior reforma da história do viaduto Otávio Rocha, inaugurado há 92 anos.
Outubro, segundo o engenheiro, era o novo prazo acordado entre a prefeitura e a Concrejato, empresa paulista que executa a reforma. Para acelerar os trabalhos foi criado um turno noturno e reforçadas as equipes para 60 homens. “Durante a noite uma equipe de 7 homens e durante o dia nunca tem menos de 40 homens nos canteiros”, disse o engenheiro Braga.
Não havia, contudo, garantia de que o prazo fixado seria cumprido. “São muitas variáveis que influem no andamento da obra… não dá para ter certeza”, segndo o engenheiro.
Entre alguns chefes de turma ouvidos pelo JÁ duvidava-se que antes de dezembro de 2024 a reforma estivesse pronta. Mais de um ano passou e agora no novo prazo é dezembro de 2025, mas certeza ainda não há.
O principal complicador da obra é sua localização no coração da capital, com intenso movimento de pedestres, automóveis e ônibus, dia e noite. Cerca de 30 mil pessoas em média passam por cima e por baixo do “viaduto da Borges”, que é uma monumental estrutura de aço e cimento (encravada entre dois blocos de uma rocha que dividia a cidade) ligando o centro histórico às regiões leste e sul da cidade.
A Concrejato assumiu a reforma a convite da prefeitura, por sua reconhecida expertise no restauro de prédios históricos, entre eles o edifício do Instituto de Educação, em Porto Alegre.
O contrato com a Concrejato foi assinado em maio. Em agosto de 2022, foi apresentado o projeto da reforma orçada em R$ 13,5 milhões.
As obras só puderam começar em novembro de 2022, depois da remoção dos permissionários que ocupavam as 36 lojas no térreo do viaduto. Três nunca foram encontrados, as negociações com os demais arrastaram-se por meses.
Depois de iniciados os trabalhos, a realidade do viaduto foi se mostrando pior do que apontava o diagnóstico existente, com profunda deterioração das estruturas, minadas pela umidade e por fungos.
“O viaduto estava há mais de dez anos praticamente sem manutenção. As tubulações de escoamento d’água, as instalações elétricas, esgoto, tudo teve que ser refeito”.
As quatro escadas internas do viaduto, lacradas há anos, serão abertas ao uso público. O sirex, a cobertura especial característica, está sendo removido e além das novas camadas superpostas será aplicado um produto sintético “antipichação”.
A reforma contempla também a acessibilidade universal, para as passarelas internas e para a área de passagem externa (calçadas externas).
Nota: No site da SMOI não foi possível encontrar informações ou fotos sobre a reforma do Viaduto Otávio Rocha.
