Registros de armas aumentam 300% no governo Bolsonaro

Gráfico do Poder 36o, com dados da Polícia Federal

Triplicaram os registros e a importação de armas desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019.

Os dados estão num levantamento publicado nesta segunda feira pelo site Poder 360 com base em informações da Polícia Federal.

Em 2020, os registros de armas bateram o recorde na série histórica, iniciada em 2009:  foram 168 mil  armas registradas de janeiro a novembro. Em todo o ano passado o total de registros ficou em pouco mais de 94 mil armas. Em 2018, foram pouco mais de 50 mil novos registros,  número três vezes menor do que o total de 2020.

A política do governo Bolsonaro de flexibilizar as leis que regulam a compra e o porte de armas é a causa apontada por especialistas. “Esse aumento ocorreu pela desorganização do ambiente regulatório que o governo Bolsonaro tem promovido”, disse o professor Leandro Piquet Carneiro, da Universidade de São Paulo

Pesou também o forte lobby da indústria armamentista, segundo o pesquisador Wellinton Maciel, do Núcleo de Estudos sobre Violência e e Segurança, da Universidade de Brasilia: “Esse lobby vem sendo construído há muito tempo no Congresso e, com o atual governo, se viu favorecido“.

O que a gente tem observado é uma estratégia política, uma política de governo, no sentido de ceder a esse discurso armamentista e com isso facilitar o acesso ao porte de armas. Isso é perceptível em vários momentos, as arminhas na mão e as várias normativas“, disse Maciel.

Segundo o “Atlas da Violência”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,  de 2019 até a metade de 2020 foram editados pelo menos 11 decretos, uma lei e 15 portarias do Exército que flexibilizam o controle e a fiscalização de armas e munições.

O pesquisador da USP diz que, mesmo que algumas das medidas tenham sido barradas depois no Congresso, o tempo em que elas estiveram válidas já foi suficiente para causar aumento nas aquisições.

A maioria dos novos registros de armas em 2020 foi feito por cidadãos, segundo os dados da Polícia Federal. Para Maciel, isso é alarmante. Ele, que é ex-policial e teve arma no passado, diz que “por mais que a pessoa tenha que fazer os exames, isso não quer dizer nada“.

Segundo Carneiro, o pesquisador da USP, já havia antes de Bolsonaro “uma demanda reprimida por armas”“Porque o Brasil é um país muito violento, as pessoas se sentem inseguras, tem muita área rural“, declara. Com a posse do presidente, essa demanda começou a ser atendida.

Maciel diz que “a população se vê encorajada com esse acesso facilitado” com a flexibilização das leis. Também afirma que há um discurso de que “a população precisa se armar para se sentir mais segura“.

É uma falência do Estado assumindo sua incompetência em prover a segurança pública, então ele delega a segurança ao cidadão“, declara.

IMPACTO

Ambos os pesquisadores dizem enxergar impactos negativo no aumento do consumo de armas de fogo.

Mais armas disponíveis nos domicílios significa a possibilidade que essas armas sejam carregadas em conflitos interpessoais: briga de vizinho, briga no trânsito, feminicídio, a violência na família. A presença da arma potencializa os resultados letais“, diz Leandro Piquet Carneiro.

Ele também cita a possibilidade dessas armas serem furtadas ou roubadas e, dessa forma, transferidas do legal para o ilegal.

Welliton Caixeta Maciel afirma que haverá mais delitos, crimes patrimoniais, suicídios, violências interpessoais com o aumento das armas. “Quanto mais arma em circulação, menor a segurança e maior a probabilidade de cometimento de novos delitos“.

Leia a reportagem completa de Malu Mões aqui https://www.poder360.com.br/brasil/novos-registros-de-armas-triplicam-de-2018-a-2020/

Um comentário em “Registros de armas aumentam 300% no governo Bolsonaro”

  1. Essa história de que ter arma(s) em casa aumenta o número de crimes é uma bobagem. Armas nas ruas sim, em casa não. Arma embaixo do travesseiro nos dá mais segurança e a confiança de que ladrões não saem incólumes. Lembro-me da Sra. Odete Hoffmann, de Caxias do Sul, que ouviu barulho dentro de sua casa, pegou a arma e carinhosamente enviou o ladrão para o lugar que lhe era de direito, uma belíssima cova com vista para o nada. Se não tivesse a arma sabe-se lá o que poderia ter acontecido. As vezes acontecem até coisas engraçadas. Um amigo de longa data, médico em Curitiba, foi acordado por sua esposa , à noite, com barulho na casa. Pegou sua arma e viu dois sujeitos na sala. Saiu atirando. Os bandidos fugiram pela janela , ele saiu atrás deles na rua mas não acertou nenhum. Quando voltou para dentro de casa, viu que tinha acertado a tv, e a cristaleira . E, por fim, aqueles que moram em chácaras, em fazendas, para esses é fundamental terem boas armas, pois ladrões de máquinas e equipamentos agrícolos, bem como ladrões de gado, não entram para roubar desarmados. A violência no Brasil é grande demais para ficarmos com conversa mole que só protegem bandidos.

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