Como criar um livro sobre uma cidade

Nesta quinta-feira será o segundo encontro do Ciclo de Rodas de Conversas: Memórias, no Memorial do Rio Grande do Sul.
O mote do debate é “Como criar um livro sobre uma cidade: a experiência do livro Viamão 300 Anos”. O livro foi lançado em julho, na Igreja Matriz de Viamão, e em agosto teve sessão de autógrafos em Porto Alegre, no próprio Memorial.

Os debatedores são o autor e editor Elmar Bones, o gestor cultural Vítor Ortiz e o jornalista José Barrionuevo.

Bones trouxe para  este livro e experiência como editor de duas obras fundadoras de um método de trabalho que consiste em contar a História em linguagem jornalística: História Ilustrada de Porto Alegre (1997) e História Ilustrada do Rio Grande do Sul (1998, reeditada em 2015), títulos produzidos por Jornal JÁ Editora.
O evento será das 18h30 às 19h30, no auditório do primeiro andar do Memorial. Aberto ao público.
Rua Sete de Setembro, 1020 – Praça da Alfândega – Centro Histórico – Porto Alegre.

#memorialdors #patrimoniocultural #diadopatrimonio #iphae #secretariadacultura #sedac #governodors

Ney Gastal, jornalista e ambientalista (anotações para um perfil)

Foi sepultado no São Miguel e Almas em Porto Alegre o jornalista Ney Gastal. Ele morreu na madrugada desta segunda-feira, aos 72 anos.

Filho de Paulo Fontoura Gastal, criador e editor do “Caderno de Sábado”, lendário suplemento cultural do Correio do Povo, dos anos 60, Ney cresceu correndo entre as vetustas mesas da redação, onde sentavam Mário Quintana, Oswaldo Goidanich, Carlos Reverbel, Carlos Guimarães.

No “Correião”, ele começou como profissional. Foi repórter,  redator, editor e pensava em passar a vida toda ali. Mas o jornal faliu em 1984. Escreveu críticas sobre cinema e música para a Folha da Tarde e, de repente, se deu conta que estava cansado das limitações imposta nas grandes redações: “Você descobre que toda a imprensa é manipulada e que, na maioria das vezes, o que censura, o que bloqueia, o que impede é o medo. O medo de perder o salário no fim do mês, de perder o emprego”, disse num depoimento em 2012.
Em 1985, estava no grupo de jornalistas e intelectuais que fundaram o jornal JÁ. Foi editor das quatro primeiras edições do novo veículo que, então, se apresentava como “um jornal de opinião e cultura”.

Em seguida, deixou o jornalismo para se dedicar à causa ambiental. Foi assessor de José Lutzenberger na Secretaria Especial de Meio Ambiente do Governo Federal (Semam) e da presidência da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fepam). Também foi diretor do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (de 2003 a 2006) e presidente da Associação Brasileira para a Preservação Ambiental (Abrapa).

Era casado com a também jornalista Ânia Chala.

 

 

 

Juíza extingue processo, mas jornalista vai recorrer para “buscar Justiça”

O jornalista Matheus Chaparini viveu sete anos  sob a ameaça de um processo que poderia condená-lo a  três anos de prisão.

Ele estava dentro do prédio da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul, em julho de 2016, quando a polícia militar entrou no prédio para desalojar estudantes que haviam tomado o local em protesto. Quarenta e duas pessoas, na maioria menores de idade, foram presas.

Mesmo identificando-se como repórter do jornal JÁ, Chaparini foi arrolado como invasor do prédio público, autuado e  levado ao Presídio Central onde enfrentou ameaças e constrangimentos.

Foi liberado de madrugada e passou a responder a processo por “delito de dano qualificado”, com pena de até três anos de prisão e “delito de resistência”, sujeito a pena de seis meses, porque resistiu a entrar no camburão, alegando que estava trabalhando e não quis  entregar o celular no qual havia registrado a violência dos policiais ao invadir o prédio.

A reportagem e os onze minutos de vídeo relatando a tomada do prédio pela polícia lhe renderam o prêmio da Associação Riograndense de Imprensa naquele ano. Mas o processo continuou.

Só neste 28 de abril de 2023, um dia antes de prescrever, o processo foi declarado extinto pela juíza Eda Salete Zanatta de Miranda, da 9a. Vara Criminal de Porto Alegre.

“Estou aliviado, claro, porque estava ameaçado por uma situação absurda, que se arrastava há sete anos, mas não pretendo deixar pra lá. Tenho elementos para provar que estava lá como profissional, não fiz nada além do meu trabalho e vou buscar justiça”, diz o jornalista.

 

 

Disputa no Simers: candidato da oposição vai à Justiça para anular a eleição

O juiz Maurício Graeff Burin, da 12a Vara do Trabalho, de Porto Alegre,  deu 48 horas para que o Google e a empresa WebVoto apresentem todos os registros digitais da eleição para a Presidência do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers).

A decisão faz parte de um processo movido pelo médico Edson Machado, candidato de oposição, que alega que o resultado da eleição foi fraudado.

O pleito ocorreu dia 25 de outubro, on line, com a vitória da chapa situacionista, liderada por Marcos Rovinski, para um mandato de três anos.

Dos 15 mil associados à entidade médica, 13.277 mil estavam habilitados. Votaram 4.589 médicos associados:  3.201 deram vitória à chapa 1, da situação, liderada por Rovinski. A  chapa 2, de oposição, encabeçada por Edson Machado, obteve 1.196 votos.

Os demais foram 106 votos em branco e 86, nulos. “Fazer o certo. Seguir mudando”, era o lema da situação. “Muda Simers”, o da oposição.

Quando saiu o relatório da Webvoto, a empresa que organizou o pleito on line, detalhando os votos por faixa etária dos associados, Edson Machado, pediatra de 66 anos, suspeitou de um número: os 535 votos atribuídos à faixa de associados entre 18 e 24 anos. Representavam 11,66% dos votos totais.

“Sei por experiência que são poucos os médicos que se formam nessa faixa de idade, eu mesmo me formei aos 25 anos. Além disso,  entre os médicos mais jovens em início de carreira são poucos os que se associam ao sindicato”.

Para checar, ele pediu ao Conselho Regional de Medicina, o Cremers, o número de médicos nessa faixa de idade registrados no Estado.

O Cremers informou que são 266 os médicos entre 18 e 24 anos em atividade no Estado, menos da metade dos 535 votos apurados.

Machado, então, foi até a 15a Delegacia de Porto Alegre e registrou uma “Ocorrência Policial” pedindo apuração dos indícios de fraude na eleição de 25 de outubro e deu início a uma ação de Produção Antecipada de Provas (PAP).

O inquérito policial, instaurado em dezembro passado, apurou que o Sindicato Médico tem 81 associados na faixa de idade de até 25 anos e que, desse total,  apenas 17 sócios estavam aptos a votar na eleição de outubro de 2021.

A determinação  do juiz Maurício Graeff Burin para que a Webvoto e o Google forneçam os documentos digitais referentes à eleição foi expedida nesta segunda-feira, 25,  com prazo de 24 horas para atendimento.

Edson Machado disse ao jornal JÁ que essa é a última etapa do processo de Produção Antecipada de Provas. O próximo passo será uma ação judicial pedindo a anulação da eleição, que deverá ser encaminhada até o dia 15 de maio.

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal JÁ condenado a pagar danos morais a empresário que matou a mulher

O jornal JÁ foi condenado a pagar R$ 32 mil reais de indenização por danos morais ao empresário Luiz Henrique Sanfelice.

O motivo da condenação é a reportagem “Ela foi queimada viva”, de Renan Antunes de Oliveira,  com base na sessão do  juri em que Sanfelice foi condenado a  20 anos de prisão por ter assassinado sua mulher,  a jornalista Beatriz Rodrigues de Oliveira, de 43 anos  e tentado ocultar o crime queimando o corpo no carro. A perícia concluiu que Beatriz estava viva quando foi colocada no carro.

O crime ocorreu em 2004, em Novo Hamburgo (RS).

Sanfelice, que sempre alegou inocência,  argumentou que a reportagem na internet prejudicava sua reabilitação, quando procurava emprego após ter saído em liberdade.

A sentença foi expedida no dia 29 de março de 2022, com 15 dias para cumprimento.

 

Fast food na Redenção: parque perde mais mil metros quadrados com novas instalações

As manchetes saúdam o “complexo gastronômico Refúgio do Lago”, que começa a operar em maio no local que, por quase 70 anos, foi ocupado pelo Orquidário Municipal de Porto Alegre.
Na verdade, são cinco instalações em containers que vão oferecer café, sorvetes, bebidas  e refeições rápidas, num espaço de quase mil metros quadrados concedido a uma empresa privada no coração do parque da Redenção.
Em 115 anos, desde que foi doado ao município pelo Imperador Pedro I, o parque já perdeu metade de sua área: dos 69 hectares originais restam pouco mais de 35 hectares.
Foto: Ioparque/Divugação
O Orquidário foi demolido  pela prefeitura,  em março de 2018.  Estava abandonado desde que uma árvore caiu sobre as estufas no temporal que castigou Porto Alegre em janeiro de 2016.,

A supervisora de Praças, Parques e Jardins, na época, Gabriela Azevedo Moura, justificou a demolição dizendo que “já não vinha sendo feita a manutenção da área”  e que “os integrantes do Conselho de Usuários do Parque Farroupilha foram comunicados da ação”.

“Com a falta de manutenção, a área do orquidário vinha sendo utilizada por usuários de drogas, prostituição e casos de assédio sexual de quem passava por ali”, destacou a supervisora.

Na mesma reportagem do Correio do Povo,  Roberto Jakubaszko, integrante do Conselho de Usuários do Parque Farroupilha, lamentou a demolição  e disse que “a população de Porto Alegre foi pega de surpresa com ação dos tratores que derrubaram o prédio”.
Jakubaszko afirmou que “nem a prefeitura, nem a Secretaria de Ambiente”   informaram sobre a demolição da área. “Perdemos um patrimônio da cidade, sem que ninguém fosse consultado”, lamentou.
O conselheiro afirmou que a  exposições de orquídeas todo o ano, que chegavam a receber de 15 mil pessoas durante as duas semanas do evento.

“É um pedaço da história que foi abstraído daqui”, disse ele, queixando-se de falta de investimento e manutenção no parque inteiro.

Segundo a supervisora, ainda não havia uma decisão sobre o que fazer com a área: “A ideia, disse ele,  é dar nova destinação ao local transformando-o em um espaço de convivência para os usuários do parque com a colocação de uma nova iluminação”.

Veja aqui o depoimento do representante do Conselho de Usuários do Parque:

https://youtu.be/hnKUeozDncw
Orquidário ia completar 70 anos, um dos mais antigos do Brasi
O Orquidário do Parque da Redenção foi inaugurado em 1953 e contava com servidores especializados em manejo de orquídeas, que ao longo dos anos foram se aposentando e não foram substituidos.
Foto: Ricardo Stricher/PMPA
O local chegou a abrigar cerca de 4,5 mil mudas de 45 espécies de orquídeas.
O que aconteceu com esse acervo?
Segundo Gabriela Azevedo Moura, as orquídeas foram levadas para o viveiro municipal na Lomba do Pinheiro, na zona Leste da cidade.
“Uma parte do material do orquidário foi destinado para outros parques da cidade. A prefeitura realiza agora a retirada da caliça e depois pretende fechar a área até decidir que projeto será desenvolvido no antigo orquidário do Parque Farroupilha”, disse a então supervisora dos parques no dia da demolição, 29 de março de 2018.
No dia seguinte, no portal GZH,  o então secretário de Meio Ambiente,  Maurício Fernandes repetiu o argumento da Supervisora dos Parques: o espaço estava abandonado  há dois anos e havia se tornado um “local hostil”.

“Justamente pela falta de uso ele acabou gerando uma ocupação muito ruim de drogadição e prostituição”, disse Fernandes.

Ou seja:  a prefeitura deixou o local no abandono, depois justificou a demolição “porque ele estava abandonado”.

Segundo o secretário, a restauração do orquidário estava fora de cogitação: “O governo quer que o local seja transformado em um lounge garden (literalmente “jardim de salão”). Mas, segundo ele, o espaço seria “voltado para o tema de orquídea”.

Fernandes explicou  que “o modelo ainda está sendo avaliado, mas possivelmente será realizada uma permissão de uso para o Café do Lago, que também abranja a revitalização da área do antigo orquidário e do lago”.

Disse ainda o secretário que  seria lançado um  edital. “o mais rápido possível”.

O assunto só voltou ao noticiário no dia 13 de julho de 2021, já na gestão de Sebastião Melo, quando o Diário Oficial publicou o resultado da licitação para ocupar o espaço do orquidário.

“O lugar onde já foi abrigo para mais de 4,5 mil exemplares de 45 espécies de orquídeas agora vai virar um  “Espaço Gastronômico”, com refeições rápidas e bebidas”, segundo reportagem do jornal JÁ.

“A outorga de R$ 20 mil foi oferecida  pela Ioiô Casa de Festas Infantis, vencedora da licitação anunciada pela Prefeitura nesta terça-feira, 13”.

“Serão quatro contêineres de 29,30 metros quadrados, destinados à gastronomia, e um módulo de contêiner de 14,65 metros quadrados, destinado ao sanitário”.

Local terá espaço para 300 pessoas sentadas

“A estrutura também prevê um pergolado de 6×2,50 metros e um pátio de serviço de 128 metros quadrados, ocupando área externa total de 750 metros quadrados para atendimento ao ar livre com mesas, cadeiras e guarda-sóis”.

“Queremos preservar o contato do público com a natureza e valorizar o espaço em meio ao verde, com uma experiência de comer e beber algo saboroso” explicou Pedro Santarem, representante da Ioparque, razão social criada para assumir a concessão e formada por “quatro sócios das áreas de gastronomia e eventos”.

No dia seguinte, (14 de julho de 2021)  o Jornal do Comércio, fala em “complexo do lago” e diz que “até janeiro de 2022, o Parque da Redenção terá novas operações administrando os pedalinhos, o trenzinho e um espaço gastronômico em frente ao lago”.

“A  prefeitura já aprovou o projeto: nas próximas semanas, começa a ser construído o Refúgio do Lago, nome do complexo gastronômico que ocupará a área do antigo orquidário, na Redenção”.

 

“A ideia é ter uma cafeteria, um restaurante especializado em comida saudável, um espaço para doces ou açaí, uma pizzaria ou lancheria e, por fim, uma banca só de bebidas”.

 “Conforme o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Germano Bremm, a ordem de início das obras deve ser emitida em duas semanas. Falta, segundo ele, apenas o aval do Conselho do Patrimônio Histórico Cultural – como a Redenção é um parque tombado, essa autorização é necessária”.
Ou seja: a licitação foi feita e o projeto aprovado, antes da autorização do Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural.

O jornal informa ainda que o modelo ( que é uma versão reduzida do Cais Embarcadero) será replicado em outros parques da cidade:

Segundo o secretário Germano Bremm, a prefeitura pretende levar esse modelo, com “atrações gastronômicas lideradas pela iniciativa privada”, a outros parques da Capital. O próximo edital será direcionado ao Germânia, mas a ideia de montar uma  cafeteria dentro do moinho do Parcão também vem sendo estudada. Hoje o moinho do Parcão abriga uma biblioteca infantil.

 

Correção: Funcionárias da Prefeitura esclarecem não ter ligação com o Podemos

Duas funcionárias da Prefeitura de Porto Alegre entraram em contato com o jornal JÁ para retificar informações.

Elas são citadas na lista de 53 nomes, que circula entre os partidos da base aliada do governo Melo, como sendo indicações do partido Podemos para Cargos em Comissão na Prefeitura.

Ambas são funcionárias de fato, mas garantem não ter nenhuma ligação com o Podemos.

O que elas declaram:

Patrícia da Silva Coelho Salcedo:

“Trabalho na Prefeitura mas não tenho filiação partidária. Já recebi muitas mensagens por causa disso e vou esperar a retificação da informação.”

Roberta Brum:

“Meu nome consta na lista, poém eu não tenho nenhuma ligação com o Podemos. Inclusive o departamento no qual eu trabalho não é o que consta. Sei da existência da lista, já foi publicada em outro site, mas realmente não tenho nenhuma ligação  com o Podemos, nem sou indicada por nenhum agente político do partido.”

A lista, que publicamos,  foi submetida ao secretário de Governança, Cassio Trojildo, também presidente do Podemos em Porto Alegre.

Como  publicamos, ele ressalva que “muitos nomes que constam da lista” não têm qualquer ligação com o partido”, mas não quis detalhar quais seriam esses nomes.

 

Indicações do partido de Moro causam “desconforto” na base do governo Melo

Uma lista com 53 cargos em comissão (CCs) com nomes e respectivos salários, circula pelos gabinetes dos partidos que formam a coesa “base aliada” que aprovou todos os projetos do prefeito Sebastião Melo em 2021.

O texto que acompanha a lista diz:

“Mesmo sem ter oficialmente nenhum vereador na Câmara de Vereadores, o Partido Podemos, do ex-juiz Sérgio Moro, indicou 53 cargos na Prefeitura de Porto Alegre, na administração de Sebastião Melo”.

“Os salários variam de R$ 1.486,47 a R$ 15.363,89.”

“Somados os salários dos 53 CCs chegam a R$ 428.996,09 por mês. A presença de numerosos cargos indicados pelo Podemos tem causado desconforto à base aliada, visto que os demais partidos tem menos da metade dos postos da sigla de Moro”.

O jornal JÁ submeteu a lista com os 53 nomes, cargos e salários, ao secretario de Governança e Coordenação Política, Cassio Trogildo, também  presidente do Podemos, em Porto Alegre.

Ele respondeu, por wattsapp:

“Muitas das pessoas elencadas nesta listagem não tem ligação com o Podemos. Entendemos que a ocupação de espaços no executrivo muncicipal são de consumo interno partidário e estão em um contexto geral de uma composição de governo que conta com a participação de 17 partidos políticos”.

Atender os apetites de 17 partidos aiiados em ano de eleição, é o desafio que o prefeito de Porto Alegre tem pela frente.

 

Intelectual incômodo, Voltaire Schilling não teve o espaço que merecia

Uma embolia pulmonar matou Voltaire Schilling, aos 77 anos, no domingo dois de janeiro, em Porto Alegre, onde nasceu. “Notável professor”, resume Sérgius Gonzaga, escritor e professor de literatura, que foi seu aluno no Colégio Israelita, em 1972,  e amigo a vida inteira.

Leitor insaciável, Schilling começou a dar aulas antes de se formar em História e se tornou lendário pela  abrangência de seus conhecimentos e pela  capacidade de transmití-los com humor e clareza. “Uma aula dele sobre a Grécia era um espetáculo:  ele trazia música, as artes, os costumes, a política, os filosofos,  os poetas…encantava”, lembra Sérgius Gonzaga.

Fora das aulas de história, Voltaire Schilling  escrevia para esclarecer  sobre questões incômodas e, talvez  por isso, não teve o espaço que merecia nos meios locais e mesmo nacionais.

Ele mesmo há muito se queixava a amigos que  não o chamavam, “nem para entrevistas”.

Em 1985, foi um dos fundadores do jornal JÁ e colaborador assíduo nos primeiros números. No primeiro número escreveu “O lodo e a solidão”, denso artigo sobre as semelhanças da ditadura argentina com o nazismo.

Seguiram-se  “A tortura na História”, “50 anos de um malogro”, sobre a intentona comunista e “A Praga de Kafka”.

Os títulos de seus livros ( 16 livros, segundo a secretaria de cultura) são eloquentes: “A revolução chinesa: colonialismo, maoísmo, revisionismo” (1984), “O nazismo: breve história ilustrada” (1988), “Momentos da história: a função da história na conjuntura social” (1988) e “O conflito das idéias” (1999).

 

 

 

Morre, aos 70 anos, o jornalista Renan Antunes de Oliveira

O Brasil perdeu um de seus grandes repórteres com a morte de Renan Antunes de Oliveira, aos 70 anos, na manhã deste domingo.

Ele havia passado por um transplante de rim em fevereiro no Hospital de Caridade em Florianópolis, onde morava.

Estava em casa, no Rio Vermelho, em recuperação, quando, no início desta semana, apresentou sintomas de uma infecção pulmonar.  Voltou ao hospital e testou positivo para o novo coronavírus, mas como os sintomas eram moderados ele foi liberado e voltou para casa.

Segundo familiares foi medicado com cloroquina.

Estava no pátio tomando sol, em companhia da mulher, Blanca Rojas, e da filha Angelina, quando foi fulminado por uma parada cardíaca, pouco antes do meio-dia.

Vencedor do Prêmio Esso de Reportagem com a matéria ‘A Tragédia de Felipe Klein’, publicada no Jornal JÁ, em 2004, Renan Antunes também venceu como Jornalista do Ano, no Prêmio Press, em 2005.

Foi repórter da Revista Veja, do jornal Gazeta do Povo, da RBS, da IstoÉ e do Estado de São Paulo, do qual foi correspondente em Nova Iorque.

Nos últimos anos, atuava como freelancer produzindo matérias para diversos veículos, como o The Intercept, DCM e o jornal JÁ.

Na última Feira do Livro de Porto Alegre, lançou pela JÁ Editora,  uma coletânea de suas melhores reportagens com o título  ‘Em carne viva com calda de chocolate’, que resumia seu estilo de relatos contundentes, embalados em textos meticulosamente elaborados.

Natural de Nova Prata, cresceu em Porto Alegre. Iniciou o curso  de Jornalismo na Famecos/PUC e fez estágio nos Diários Associados.

Trabalhou em jornais de Porto Alegre,  SP, Brasília, Curitiba, Florianópolis e foi correspondente em Pequim, Hong Kong, Paris, Londres, Marrocos, México, Estados Unidos.